Jimin havia levantado da cama com um sorriso otimista, estava satisfeito com a noite de sono e confiante de que o dia seria bom.Quando chegou na lanchonete onde trabalha, todos os outros funcionários de seu turno já estavam lá. Ele os cumprimentou e foi se trocar para iniciar o expediente.
A parte da manhã é sempre mais movimentada, tem adolescentes comprando lanches para escola e fazendo bagunça nas mesas do fundo; adultos atrasados para o trabalho exigindo que seus cafés sejam entregues rapidamente; além dos idosos que se encontram toda manhã para ocupar os ouvidos dos funcionários com suas histórias de vida e reclamações sobre o governo e a evolução do mundo.
Não que a tarde seja menos movimentada, na verdade, é a mesma coisa, e as vezes fica até pior. Mas todos já estão acostumados com os horários e também com os clientes, que são sempre os mesmos. Jimin chegou a decorar o pedido de alguns clientes, e acabou os nomeando assim. O "Sr. Café Com Leite", a "Misto Quente Duplo" e, claro, o "O Que Você Sugere?".
Seu horário preferido era entre nove da manhã e meio-dia. A maioria das pessoas já haviam deixado a lanchonete para seguir seus compromissos, o que tornava o ambiente mais organizado e calmo. E também era o horário em que ele aparecia.
Jungkook têm ido à lanchonete todos os dias há quase duas semanas. Apesar de ser um bom tempo, Jimin ainda não se acostumou e toda vez que o vê chegar acaba tendo a mesma reação. Seu corpo trava, as mãos suam, os batimentos do coração aceleram e um sorriso nasce em seu rosto levemente corado. A vontade de se esconder chega logo depois, mas a vontade de se aproximar e falar com ele é maior. Principalmente sendo mútua.
Toda vez que Jungkook passa pela porta, Jimin se lembra da primeira vez que ele o fez. Era quarta-feira, o dia que Jimin menos gosta, por ser um meio termo de início de semana e quase fim de semana, e estava tudo no clima de mesmice. Até mesmo Nico — o cachorro que sempre aparece para ser alimentado pelos funcionários, e é praticamente da equipe — estava entediado e preferiu sair para passear no frio ao invés de ficar no tédio imenso da lanchonete.
Jimin se lembra que sentiu inveja de Nico por poder sair livremente e voltar apenas quando quiser ou quando achar necessário.
Então o sino da porta tocou e ele entrou. Estava vestindo roupas casuais e um sobretudo de pelúcia que parecia ser tão quente e macio quanto as luvas que usava quando pegou o cardápio em cima do balcão.
Jimin não o reconhecera de imediato, o tratou como qualquer cliente.
— Olá, bom dia — Disse gentilmente, em sua frente do outro lado do balcão.
— Bom dia — Jungkook respondeu sem tirar os olhos do cardápio.
— Já sabe o que deseja?
— Acho que sim. Esse omelete de queijo é bom? — Só então o encarou. A surpresa fora imediata.
Jimin jamais confudiria aqueles olhos de jabuticaba, agora tão enormes pelo choque de vê-lo repentinamente depois de anos. Jimin estava tão chocado quanto. Congelou e não conseguiu dizer nem um simples "sim".
— Jimin? — Jungkook perguntou, mas logo conferiu no nome apresentado no canto de seu uniforme. — Caramba!
Jimin riu meio sem jeito.
— Pois é... caramba!
— Que bom te encontrar. Como você vai? — De repente puxou assunto como se fossem parentes ou muito amigos. Jimin estranhou, mas não reclamou.
— Sim. Estou indo — Deu de ombros deixando a resposta no ar. Sabia que Jungkook esperava mais dele de que um mero balconista de lanchonete. Mas fazer o quê, não é? — E você?
— Eu também. Eu voltei para Busan recentemente, consegui me transferir pra cá pelo trabalho. — Explicou.
— Ah... que bom — Jimin não tinha muito o que dizer. Por mais que estivesse feliz em vê-lo, a situação era extremamente estranha. Ele recobrou o trabalho rapidamente quando nenhum dos dois disse mais nada, porque não havia nada a dizer além daquilo. — Então, um omelete de queijo?
— Isso. E um chá quente.
— Matte?
— Matte.
Ele sentou no final do balcão, comeu enquanto lia no Kindle e foi embora após pagar a conta. Também lançou um sorriso breve para Jimin antes de sair.
Jimin se sentiu aliviado quando ele foi embora, pois quando estava, sua atenção ia toda para ele. A postura reta enquanto lia e as garfadas generosas que dava no omelete. O balanço que dava na cabeça quando os cabelos caiam à frente dos óculos. Tudo conseguia prender Jimin como uma cena inédita que jamais se repetiria. Entretanto, se repetiu. Pelas próximas duas semanas.
Jungkook chega às dez, pede um omelete, ou pão, ou qualquer coisa salgada, pois não curte comer doce no café da manhã — coisa que Jimin sabia bem. Ele lê, come, cumprimenta Jimin em algum momento, e vai embora.
Jimin repara em cada movimento. Ao mesmo que é tudo novo, é tudo já esperado. Ele assiste com nostalgia. Já viu essa cena tantas vezes antes, mas agora o protagonista estava diferente. Ele está ainda maior, mais bonito, posturado e, visivelmente maduro. O jeito de se portar mudou, mas os hábitos são os mesmos.
Ele não demorou a aparecer hoje. Brincou com o Nico enquanto esperava seu pedido chegar. Jimin estava viajando na interação e teve que levar um beliscão para dar atenção ao colega, que o mandou servir o único cliente do momento.
Jimin levou o omelete metade queijo e metade frango — Jungkook estava indeciso hoje — e o chá de sempre.
— Obrigada — Jungkook sorriu.
Jimin sorriu de volta enquanto também agradecia sabe-se lá porque. Enquanto voltou à seu posto, não muito distante, olhos para trás, diretamente para os olhos redondos e escuros que já estavam o olhando. Jungkook já não disfarçava mais quando o olhava, como quando fazia há poucos dias. E, por mais constrangido que ficasse, Jimin gostava assim. Talvez começasse a se acostumar. Talvez fosse melhor não.
Antes de deixar a lanchonete, Jungkook o chamou para pedir uma opinião.
— Verde ou azul?
— Depende do que é — Jimin retrucou.
— É um trabalho meu, não posso mostrar agora.
— Hm... E se for roxo? — Jimin sugeriu.
— Pode ser — Assentiu relevando a ideia. — Eu não tinha pensado em roxo, mas pode ser. Obrigado — Sorriu e foi retribuído por um rosto corado. Então se lembrou de que tinha deixado balas de caramelo no bolso para dar à Jimin. — Pra você — Estendeu a mão à ele.
— Sério? — Jimin corou ainda mais.
— Sim. São suas preferidas, não é? — a pergunta certa era: ainda são suas preferidas? — Jimin assentiu timidamente e pegou as balas.
Estava feliz. Bem que ele sabia que algo de bom aconteceria hoje. "O que os olhos não veem, o coração pressente", ouvira numa música enquanto dirigia ao trabalho. Mas não esperava que viesse logo dele.
— Obrigada, Jungkookie. — O uso do apelido foi inevitável naquele momento tão doce.
— Por nada. Eu tenho que ir. — Ele recolheu sua coisas rapidamente, já havia pago a conta, então apenas se despediu. — Tchau, Jiminie!
Jimin ficou sem reação por conta do apelido e quando respondeu, Jungkook já passava pela porta.
— Tchau... Jungkookie!
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Bom, esse foi o primeiro capítulo. Nem longo, nem curto. Os próximos serão nesse tamanho também.
Me contem o que acharam. Votem e compartilhem para ajudar a engajar a fanfic. E muito obrigada por ler! ❤️
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Inevitável [Jikook]
Fanfic[CONCLUÍDA] ShortFic PJM+JJK |BTS Após anos sem nenhum contato, Jungkook e Jimin se encontram, agora adultos, e lembrar da antiga amizade é inevitável, principalmente quando a linha que separava a amizade de algo amais foi ultrapassada. Se...