O tentador parte 54

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Desnorteado Max parece não acreditar no que acabara de presenciar , uma despedida é sempre dolorosa , mas uma despedida definitiva logo depois de uma reconciliação é um tanto quanto avassalador . Ele chora de uma maneira descomunal, deixando Carla e Marli desconfortáveis com tamanho sofrimento .

- Marli por favor desmarque os compromissos dele para essa semana , irei leva-lo para casa , depois entrarei em contato com você para dar as últimas notícias , obrigada .- Carla não vê outra alternativa que não fosse tomar as rédeas por ele , que está visivelmente incapacitado de tomar qualquer decisão agora .

Ele sai de seu escritório de cabeça baixa sem sequer olhar para trás, como se nunca mais quisesse voltar para aquele lugar .

Eles chegam na casa de Carla depois de um trajeto insuportável . Max sem dar um pio além dos soluços  vindo direto de suas entranhas , Carla por sua vez extremamente preocupada com sua dor evidente .

Max sobe as escadas deixando o terno jogado  no primeiro degrau da escada, novamente cabisbaixo  sobe até o quarto principal.

Vai até o banheiro, se despindo enquanto passa suas cansadas mãos nos olhos encharcados, liga o chuveiro a espera da água quente desligando-se do externo , sua audição parece falhar , tudo ao seu redor não faz o menor sentido . Pode ouvir bem longe a voz de Carla chamar seu nome , em câmera lenta ele parece não entender nada que ela  pronuncia . Ele fecha seus olhos que ardem como fogo , caindo ajoelhado deixa a água lhe banhar , escoando pelo ralo toda aquela dor . O sofrimento parece tomar conta de todas as terminações.

Lembra-se das palavras lindamente pronunciadas dos lábios de seu pai. O quanto estava arrependido, o quanto também o admirava e por seu filho ter se tornado um homem digno de admiração.

- Chora meu grandão, chora que a dor demora a passar.- Carla se emociona ao ver seu amado está tomado pelo desespero ,mas sabe que nada se pode fazer a não ser deixa-lo desabafar seu tormento.

Carla vai ao seu encontro se aproximando do box , somente para verificar que ele poderia ser deixado ali . Ela chega a conclusão que o melhor a ser feito é deixa-lo, ele precisa de um momento , aquela dor era somente dele.

Carla volta para a sala onde sua mãe está a bordar toalhinhas para o bebê . – Minha filha como ele está ? O pobre homem estava como um farrapo quando subiu as escadas . Ele e o pai não se ainda não se entenderam ?-Karen ainda não sabe que o pai de Max acabara de falecer.

- Mamãe o pai dele acabou de morrer , a senhora acredita que foi logo após que fizeram as pazes .

- Oh minha nossa pobrezinho do guri, irei subir para conversar com ele e ... – Não mamãe ele está no chuveiro , está arrasado mas achei melhor deixa-lo assim . Daqui a alguns minutos subo novamente para ver como ele está .

Depois de passados apenas alguns minutos , Max desce as escadas de cabelos molhados e olhos inchados , visivelmente abatido se senta no meio delas no sofá .

Karen com o seu instinto materno berrando dentro dela não se contém se levantando .- Venha aqui guri , deixa eu te dar um abraço de mãe .

Max novamente desaba de cabeça baixa , se inclina indo de encontro ao tronco pequeno de Karen que o abraça , somente assim o abraço seria permitido afinal Max tem quase quarenta centímetros a mais que Karen . Ela o embala parecendo saber que nada além de um menino ali estava. Sozinho , carente e humano .

O celular de Max toca histericamente no bolso de seu terno ainda jogado no primeiro de grau da escada , os interrompendo subitamente.

- Quer que eu atenda ?- Carla pergunta enquanto o pega para trazer até ele .

O tentadorOnde histórias criam vida. Descubra agora