Não gostei muito do que escrevi e então reescrevi novamente.
— você.
Charlotte Pov
Certa vez, mãe Kiki me disse: “A beleza abre portas. Lembre-se disso, e o mundo saberá quem é Charlotte Austin.”
E, de fato, ela estava certa.
“O mundo prefere respeitar as pessoas que querem dominá-lo.” — Os Sete Maridos de Evelyn Hugo, Taylor Jenkins Reid.
Essa frase ressoava em mim porque era exatamente assim que me sentia: controlada, como uma marionete. Eu não comandava o mundo, ele me controlava. Sentia isso a cada vez que precisava participar de eventos sociais e desfiles, sempre com aquele sorriso largo e encantador. Essa era a minha fachada.
Mas havia outra Charlotte Austin, aquela que vivia como se não houvesse amanhã. Festas intermináveis, cercada pelos mais influentes da sociedade tailandesa. Meu rosto dominava capas de revistas internacionais, outdoors e programas de televisão. Minha participação em reality shows gerava milhões, minhas redes sociais alcançavam 892 milhões de seguidores, e meu nome estava sempre envolvido em fofocas, associado a marcas de cosméticos e roupas de luxo.
Não havia limites quando se conhecia as pessoas certas.
No início, nada disso me atraía. Não era algo com que eu sonhasse. Meu pai me criou da melhor maneira possível, e talvez isso tenha moldado quem eu era antes de nos mudarmos para o país de origem dele — onde eu já dominava o idioma. Em Bangkok, uma amiga comentou que eu parecia uma modelo e que, se mudasse completamente meu estilo, poderia facilmente seguir carreira na moda. Naquela mesma semana, ela me inscreveu para competir no Miss Grand Tailândia. Para uma jovem de dezenove anos, recém-aberta a um mundo de possibilidades, parecia mágico.
Um ano depois, fui coroada Miss e dei início a uma carreira de modelo bem-sucedida.
Havia uma certa responsabilidade que se impôs sobre mim quando fui coroada. Apoiar e incentivar causas sociais, divulgar a cultura do meu país ao mundo — afinal, eu era a representante de uma nação inteira! Além disso, eu tinha o papel de ser um exemplo para outras mulheres, não apenas pela beleza, mas por empoderá-las a seguir seus sonhos e objetivos.
Contraditório, considerando que estou grávida.
Mil questões inundavam minha mente, como uma tempestade de dúvidas. Eu havia quebrado uma regra fundamental para uma Miss: não ser emancipada, nunca ter sido casada ou ter tido um casamento anulado, e, principalmente, nunca ter sido mãe ou estar grávida!
“A falha é o plano da natureza para te preparar para responsabilidades maiores.” Pois é, belo trabalho o dela, não acha?
É curioso como um ser que ainda nem começou a se formar pode mudar completamente a forma como vejo o mundo. Loucura, não é? Estar perdidamente apaixonada por alguém que ainda nem conheço. A expectativa de descobrir como você será, a cor dos seus olhos e cabelos, é o que mais me fascina, embora não diminua o medo que sinto.
Eu nunca tive uma mãe, e isso me apavora — a ideia de que isso possa afetar o futuro que planejei, que eu possa me tornar uma péssima mãe para ele ou ela. É o mínimo que devo fazer, já que nem conheço seu pai.
Quando estacionei o carro, não soube exatamente porque vim parar aqui ou o que me trouxe até a sua casa. Mas, naquele momento, eu precisava de você.
Desde que perdemos contato, nunca mais soube nada sobre você. Ainda me lembro perfeitamente do dia em que nos conhecemos. Você tinha acabado de se mudar de Uthai Thani para Bangkok, determinada a seguir seu sonho de ser famosa — mesmo que isso enfurecesse seu pai, que tinha outros planos para você. Para chamar atenção, decidiu debutar no Miss Grand Tailândia.
De início, não nos dávamos muito bem — ou, pelo menos, eu não fazia questão disso. Mas, aos poucos, nos aproximamos, e logo nos tornamos inseparáveis.
Também me lembro de segurar sua mão com força quando você teve uma crise de pânico ao imaginar que logo estaria desfilando na frente de milhares de pessoas e câmeras. Eu disse que tudo bem, que era normal ficar nervosa, porque eu também estava, e prometi que não soltaria seu braço em nenhum momento. Sorrindo, você apenas concordou com a cabeça e deu o seu melhor no debute.
Nas primeiras semanas, todos já conheciam nossos nomes, e nossos rostos estampavam as capas das principais revistas, tanto no país quanto no exterior. As oportunidades começaram a surgir, trazendo consigo o reconhecimento, o glamour, o assédio da mídia, a pressão e a constante exploração.
Mas essa não era a vida que você buscava. Parecia que, aos poucos, um conflito interno estava te consumindo. Aquele seu sorriso travesso desapareceu, dando lugar a um vazio. Seu olhar, antes brilhante, agora era distante, como se dissesse silenciosamente: não é isso que eu quero.
Até que, numa manhã, você acordou e percebeu que aquele “mundo de possibilidades” não passava de promessas vazias, e que nada daquilo era o que realmente queria para sua vida. Foi então que você desistiu, me deixando no caminho que você decidiu não seguir. Eu não te culpo. Éramos jovens e ingênuas. A única diferença é que você teve a coragem de enxergar o que eu não consegui, e a força para deixar tudo para trás.
Depois de dois anos sem nenhum contato, ali estava eu, parada em frente à casa dos seus pais, tentando reunir coragem para dar o próximo passo. Respirei fundo antes de descer do carro; minhas mãos tremiam, suadas, enquanto caminhava com passos hesitantes até a porta. Toquei a campainha e esperei, o ar frio da noite mordendo as pontas dos meus dedos até que quase não os sentisse mais. Quando a porta finalmente se abriu, nossos olhares se encontraram, e a primeira coisa que notei foi a surpresa em seus olhos.
— Charlotte? — você perguntou, confusa.
Antes que pudesse dizer qualquer coisa, você me envolveu num abraço apertado. Assim que senti seus braços ao meu redor, me agarrei a você e deixei as lágrimas rolarem, mais intensas do que eu esperava.
Eu já havia perdido a conta de quantas vezes chorei só naquele dia. Diana me disse que era normal, que a gravidez libera a progesterona, um dos principais hormônios da gestação, e que ela pode causar esses momentos de choro sem motivo. O estrogênio também contribui para as mudanças de humor, e tudo isso fazia com que meu corpo passasse por uma montanha-russa hormonal muito mais intensa do que eu estava acostumada.
Quando finalmente me acalmei, soltei o abraço e sequei as lágrimas do rosto. Então, com a voz trêmula, perguntei:
— Podemos conversar?
Você apenas apertou os lábios e, em silêncio, me guiou para dentro da casa.
°
°°Comentem bastante pfvr!
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Show Me Love - ENGLOT
FanfictionApós uma noite de festa e bebedeira, a Miss Tailândia, Charlotte Austin, se vê em uma situação inesperada: está grávida. O problema? Ela não faz ideia de quem foi o amante dessa única noite de paixão. Agora, Charlotte precisa lidar com as consequênc...