Bolo de cenoura, colônia e beijos sob o luar

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"Não lhe falta nada além de paciência - ou dê a isso um nome mais interessante, digamos, esperança."

─ Razão e sensibilidade

Parte de mim xingou pra caralho assim que olhei as horas, a outra agradeceu como a porra de uma crente diante do padre

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Parte de mim xingou pra caralho assim que olhei as horas, a outra agradeceu como a porra de uma crente diante do padre. O sol ainda não tinha nascido quando rolei pra fora da cama, mas não antes de aproveitar um pouco a visão de JJ dormindo.

Ele me lembrava um Golden Retriever quando acordado, correndo atrás do próprio rabo e pedindo carinho a todo tempo.

Depois de escovar os dentes na força do ódio, desci pra cozinha e peguei os ingredientes que ia precisar porque até onde eu sabia, mágica ainda não existia.

Sarah apareceu minutos depois como o carrapato que era. A infeliz tinha o sono leve igual eu e provavelmente acordou com breves barulhos que eu fazia. Seus passos foram silenciosos ao ponto de que eu teria levado um susto do inferno se não tivesse escutado a porta do quarto se abrindo.

A ladra tinha roubado esse hábito de mim quando ainda éramos crianças. Eu tinha o costume de assustar as pessoas na infância e graças a isso tinha aprendido a controlar o som dos meus passos.

── Desde quando você cozinha? ── perguntou sendo a insuportável que sempre foi, cruzando os braços diante da entrada enquanto eu terminava de colocar a massa do bolo na forma.

── Vai assustar outro, demônio. ── não precisei olhar pra saber que ela revirava os olhos, se sentando nas cadeiras em volta do balcão igual uma intrometida.

Coloquei o bolo no forno já pré aquecido e me virei para Sarah, que para minha infelicidade, não parecia que ia embora.

── Não sabia que você cozinhava. ── dei de ombros, olhando vagamente pela janela, mas não vendo-a de fato.

A porra de uma sensação mórbida tomou conta de mim, memórias voltando sem a minha permissão antes que eu respondesse.

── Aprendi com a mamãe. ── comecei a batucar os dedos contra o balcão de mármore e Sarah não era burra o bastante pra não entender o recado.

── É bolo de que? ── dito e feito.

Parecia que eu tinha ficado sem respirar por todo esse maldito tempo porque soltei uma respiração pesada pra caralho. Sarah aparentemente tinha visto alguma coisa em meus olhos, uma vez que seu rosto ficou quase normal de novo, se é que sua cara feia era normal.

── Cenoura. ── ela franziu o cenho.

── Mas você nem gosta de bolo de cenoura.

Não se preocupe, tudo vai ficar bem Onde histórias criam vida. Descubra agora