Alô, Hoseok? | Ot7

A gente não pode tetudo

Não era nem cinco da tarde direito, mas lá estava o ruivo, debaixo dos lençóis em meio ao escuro. As janelas e portas trancadas, impedindo o máximo possível a entrada de qualquer raio solar. A única iluminação, sendo a velha televisão, onde passava algum dorama bobinho, que apesar disso, fazia o Jung derramar águas e mais águas.

Talvez, por se identificar com o protagonista.

Era tão tolo quanto o garoto tailandês, que mesmo após 3 anos apaixonado pelo melhor amigo, ter se declarado de diversas formas diferentes, e precisar aguentar todos os relacionamentos do outro, ainda conseguiu um baita par de enfeites.

Tudo bem que Third não havia sido realmente traído, mas quem liga?! O importante era que Hoseok se identificava e sofria junto.

Veja só, ele namorou seis homens durante oito anos, quatro meses, e dez dias. Isso mesmo, seis, porque além de gostoso ele era um cara ambicioso. Hoseok iniciou o namoro com Yoongi e Namjoon, que, além de já serem um casal na época, também eram seus amigos. Se viu encantado pelo baixinho raivoso e o grandalhão desengonçado, e depois de uma noite de bebedeira, ficaram conhecidos como o trisal do campus; o que chamou a atenção de Seokjin, o futuro psicanalista fascinado pelas facetas das relações pessoais e a construção da monogamia.

O trisal realmente não ligava para servir de experimentos ao Kim mais velho, não quando os estudos sempre terminavam nas cobertas macias de Seokjin.

Taehyung e Jimin eram dois amigos curiosos, e secretamente apaixonados um pelo outro, que quando menos perceberem foram capturados e jogados naquela teia. Primeiro Taehyung se aproximou, um pouco demais, do Jung, e o Park, um ciumento doente, fora tirar satisfações com o mais velho. Depois de duas noites quentes e diversas tardes de conversa jogada fora, não foi difícil entender e compartilhar do encanto de Taehyung para com aqueles quatro.

E Jungkook, a estrelinha dourada, que se juntou a trupe dos vaga-lumes depois de muita, muita insistência mesmo. O Jeon era o mais relutante deles, até porque, oras, já eram seis homens asiáticos em um relacionamento poliamoroso, gostosos de mais, e um pouco doentes da cabecinha demais, ele não sabia se conseguia lidar com toda aquela responsabilidade.

Mas depois de uns pegas com Yoongi, conversas profundas com Seokjin e farpas trocadas com Jimin, Jungkook já não conseguia mais disfarçar; estava com os quatro pneus arriados e não se via mais sem as bugigangas estranhas e naturebas de Taehyung, ou os sorrisos e surtos dramáticos de Hoseok.

O ruivo se engasgou com um soluço, ou com o sorvete que lambuzava seu rosto e mãos, não sabia ao certo, o fato era; estava no fundo do poço. Havia sido traído, da pior forma possível, e agora só lhe restavam as boas memórias.

A cena ainda era fresca em sua cabeça.

Senkjin na cama de Yoongi, com uma loira nos braços.

Porra, aquilo doeu como o inferno, o mais velho nem se deu ao trabalho de fazer aquela senvergonhesa na própria casa. Hoseok não se permitiu ver a cara daquela mulher, não suportaria saber que havia sido trocado por uma loira de farmácia odonto. Tinha coisas piores a se fazer; dividir a descoberta com a matilha.

Ah, Jungkook ficaria tão abatido com aquilo, que ele mal tinha coragem de dizer. Pelo Jeon, continuariam sendo cornos premiados, contando que ficassem juntinhos, e o ruivo sabia que Taehyung devia da mesma opinião.

Jimin morreria e Namjoon mataria Seokjin com as próprias mãos. Yoongi choraria nos braços dos namorados durante dias e dias, para depois emoldurar uma foto de Jin na parede para praticar tiro ao alvo.

E ele, bem, estava em pedaços. E o que veio a seguir pareceu o destruir mais;

— Jin hyung está — disse através do celular, em uma chamada de vídeo grupal, sem o citado e seu gatinho, que pelo horário não pode atender por estar no estúdio, supôs. Um soluço cortando sua fala. — Ele está nos traindo! E sabe-se lá a quanto tempo! — disse de uma vez, na lata. Quanto mais rápido soubessem, mas rápido superariam. A linha ficou muda por segundos demais na opinião do Jung, até Jimin, com os lábios contorcidos se pronunciar.