Capítulo XII

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Enquanto ajudava Helô a preparar a mala da maternidade, Stenio tentava se acalmar. O homem andava de um lado ao outro no closet pegando o que Helô pedia, pois apesar de ter preparado a mala da filha, a dela ainda não estava pronta.

Helô estava sentada o esperando. A delegada já havia se vestido e as contrações estavam fortes com intervalos de 10 minutos. Ela queria parecer forte, mas estava preocupada. Ela não esperava Vitória naquele momento, unenhum dos dois esperava.

Com a movimentação na casa, Creusa acabou acordando. Ao perceber do que se tratava, foi a cozinha rapidamente pegar água para Helô e voltou para ajudar Stenio. Antes do casal sair, Creusa deu um abraço em Helô, e a confortou com palavras de afeto, lhe dizendo que o parto seria ótimo e que São Benedito estaria ao lado dela. Quando o casal saiu, Creusa foi acender a vela para seu santinho e lhe pedir que desse uma boa hora para a delegada que ela tinha como filha.

A chegada na maternidade não demorou, o trânsito era praticamente inexistente naquela hora da madrugada, a caminho da clínica perinatal em Laranjeiras. A médica de Helô já havia sido avisada e também estava a caminho.

Heloísa havia se preparado para o parto normal, almejava que fosse assim desde que se informou mais sobre como poderia ser o parto. Como estava em trabalho de parto, mesmo prematuramente, Dra. Fernanda não viu problemas em deixar ela tentar, afinal, estavam em uma maternidade totalmente equipada e qualquer intercorrência poderia ser facilmente resolvida.

Stenio ligou para a fotógrafa que iria registrar aquele momento tão importante na vida de ambos e enviou uma mensagem no grupo que mantinha com a família avisando que Vitória estava chegando. Apesar do nervosismo ele estava tentando manter a calma.

O advogado entrou na sala de parto humanizado, que tinha uma luz amarela e quente, o que deixava a atmosfera confortável. Helô usava apenas um top preto. Estava sentada na bola fazendo os exercícios e respirando. Ela conseguia sorrir mesmo em meio ao caos junto da fisioterapeuta e da doula. O olhar dela atravessou o dele, que estava recostado na porta a observando, e ela o chamou. Stenio sentou-se ao lado dela e segurou-lhe a mão. Helô sentiu uma pontada atravessá-la e apertou a mão dele.

Após cerca de uma de hora fazendo os exercícios na bola, o intervalo entre as contrações diminuíram, elas estavam vindo de 8 em 8 minutos e ela já tinha 5 cm de dilatação. A dor era intensa e ela estava suada. Stenio afagava o cabelo da morena enquanto uma técnica fazia uma compressa quente na lombar dela.

Helô não aguentava mais o balanço da bola e pediu para ir à banheira. Ao fundo tocava a playlist que o casal havia escolhido para a chegada da filha. A música naquele momento era Rock N' Roll Lullaby. Misturando-se a melodia da música, as batidas do coração de Vitória, que estavam sendo monitoradas, ecoavam pelo local. Stenio conversava com Helô, a tranquilizando, fazendo piadas sobre a situação e conseguindo aliviar um pouco a tensão da mulher.

Se alguém dissesse para Heloísa que ela estaria vivendo aquilo há um ano atrás ela chamaria a pessoa de louca de jogar pedras. No entanto ela estava, e estava com ele, o que transformava tudo numa realidade mais bonita do que ela poderia imaginar.

As dores aumentaram, e com elas a vontade de desistir do parto normal apareceu. A equipe, em quem Helô confiava plenamente tentava acalmá-la dizendo que estava tudo indo bem, mas as dores já estavam a impedindo de raciocinar. Ela só pensava em desistir.

"Amor, lembra que você quis isso a gestação toda, você se preparou pra isso. Você vai conseguir, você é a mulher mais foda que eu conheço" - Stenio, que estava sentado na lateral da banheira, falava olhando nos olhos dela, enqunto segurava a mão dela, tentando transparecer equilíbrio. Ela estava cansada, não sabia quanto tempo já havia se passado. As contrações estavam cada vez mais fortes em intervalos menores.

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