Eu Odeio

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Eu odeio.

Eu odeio essa sensação de estar sozinha, mesmo estando acompanhada.
Eu odeio sorrir artificialmente, apenas para manter as aparências.

Eu odeio.

Eu odeio atuar nesse papel que eu criei, apenas para não revelar minha verdadeira face.
Eu odeio tanto não me reconhecer mais.
Eu odeio não ser capaz de dizer se, de fato, gosto de chocolate ou se é só algo que atribuí a minha falsa personalidade sociável.

Falando em sociável, eu odeio esses momentos, pois sinto que não consigo mais atuar.
Mas eu odeio muito mais meus momentos solitários, porque são neles que a reflexão chega e, com ela, as companhias indesejáveis.

Meu desconhecimento auto imposto  retoma seu lugar ao meu lado, assim como minhas companheiras detestáveis: ansiedade e tristeza.

São elas que sentem tanta saudades, tantas saudades, ao ponto de não me permitirem dormir a noite.
Querem minha atenção a todo momento.
Me perturbam tanto, que eu... As odeio.

Esse sentimento é tão forte e desesperador que me questiono num momento de crise: como pode uma pessoa só odiar?

Não é possível que de tantas máscaras colocadas ao longo da vida, Uma não tenha causado ilusão ao ponto de ser acreditável e não causar ódio, mas um amor ilusório.

E não é possível, que esse amor ilusório não tenha se transformado em algo real.
Algo que acalente minha alma e me permita afastar essas companheiras, que só aparecem quando estou sozinha, odiando o mundo e me odiando por odiar ser quem sou, ao ponto de criar outra versão de mim, menos odiável.

Mas ironicamente, essa versão menos odiável é a parte que eu mais odeio em mim.
Eu odeio, apenas isso. Odeio.

 A LUA DÁ POESIAS: POESIAS DE UMA ALUADAOnde histórias criam vida. Descubra agora