Ah, o amor!

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Ah! o amor...

Existe algo mais ilusório do que acreditar no amor?

O amor em si é ilusão, devaneios de uma alma ambiciosa e enlouquecida.

Romeu e Julieta, Tristão e Isolda, Isabel e Álvaro...
Temos clássicos exemplos de como o amor prejudica, antes de acabar com sua vítima.

O algoz, chamado amor, não tem responsabilidade nenhuma, e nem se importa com o emocional, ou o que sobrar dele, após ter atacado, indiscriminadamente, a vida da pessoa.

Contudo, é peculiar como a vítima sofre tanto antes, durante e depois do fato, mas mesmo assim, corre atrás do amor novamente, e novamente, e novamente, e novamente...
Muitas vezes, nem chega a juntar seus pedacinhos, antes de partir para uma nova busca desse amor ilusório.

Certa vez eu reclamei tanto sobre amor, que me contaram, e eu tive um pouco de surpresa ao descobrir, que o amor não é algo único e existem várias versões dele por aí.
Mencionaram o amor entre amigos, o amor da família, o amor romântico, o amor egoísta, o amor solidário, e o amor ilusório.
Após me convencerem, passei por outra lavagem cerebral.

Fui contaminada com a expectativa da busca por amor, mas não o amor ilusório com tons de tragédia de Romeu e Julieta, ou Tristão e Isolda.
Talvez o amor de Isabel e Álvaro, mas sem a tragédia pré determinada pela época colonial.

Cativada, fui atrás desses amores.
No meio do caminho, eu perdi um pedacinho meu, nada muito importante, apenas uma parte insignificante do meu ser.

Continuei o caminho, e ao longo do tempo, fui deixando mais e mais pedaços de mim. A cada decepção, que as versões do amor me davam, eu abandonava uma parte minha irrisória e sem importância.

Teve um momento, após ter encontrado quase todas as versões de amor me ensinadas, que já não tinha mais pedaços insignificantes para abandonar.

E nesse momento, respirei fundo e me analisei. Reparei que aquelas partes pequenas, separadas, realmente eram sem importância. Mas em conjunto, somadas, elas eram tão importantes que totalizam o meu ser.

Percebi que gastei tanto tempo atrás das versões do amor, que me perdi.
Meus pedacinhos, a essência do meu ser, ficaram em algum lugar entre o passado e o agora.
Tentei voltar pra me achar, mas não consegui. Não me contaram que, ao buscar as versões do amor, não é possível retomar ao início, apenas seguir em busca deles.

O desespero me tomou enquanto, em crise, pensava: Por que fiz isso? Por que fui atrás desses amores e abandonei minhas pequenas versões? Olhe como estão, abandonadas com aqueles que me causaram dor. E agora? E eu?

Levei mais tempo parada naquele lugar do que imaginava. Refleti tanto, chorei tanto, me culpei tanto, gritei...
Até que senti algo me tocar, um leve toque quase imperceptível.
Aquele toque me acolheu, me acalentou e me cativou. Senti algo aparecendo em meu ser.
Fiquei surpresa, parecia um pouco com aquela parte insignificante que perdi no primeiro encontro com o amor.

Mas não era, reparei, era mais brilhante. Me deu forças para continuar e ignorar as versões restantes.

No começo, questionei tanto o porquê de continuarem buscando algo impossível, mesmo machucados, que finalmente entendi depois de ter experimentado.
Não eram o amor que buscavam, mas o amar. Amar a si mesmo, amar ao próximo, amar humildemente ou amar solidariamente.

O amor é ilusório, mas o amar, o amar é salvador!

Ah! o amar...

 A LUA DÁ POESIAS: POESIAS DE UMA ALUADAOnde histórias criam vida. Descubra agora