Nao pode ser...

2010

Voltei para o Brasil depois de um tempo morando fora.
Meus pais haviam se mudado para outra cidade.
Eu aproveitei meu tempo fora para estudar e foi quando eu me apaixonei pela gastronomia e eu sabia que era isso que eu queria na minha vida.

Voltei de surpresa,minha mãe estava lavando roupa e meu pai no trabalho meu irmão estava no seu último ano do ensino médio e também não estava em casa.

Cheguei bem devagar e dei um abraço apertado nela.

- Amanda! Meu Deus o que faz aqui ?
-Surpresa!
- voltou para ficar ?
- acho que sim
- que felicidade filha,seu pai vai ficar muito contente com a notícia.
- como andam as coisas?
- agora está mais fácil nos adaptar a nova casa mas assim que chegamos seu pai reclamava todos os dias,ele era muito apegado ao antigo trabalho e seu irmão a antiga escola mas agora está tudo bem.
- e a antiga casa vendeu?
- ainda não filha,seu pai disse que ainda vai voltar pra lá um dia.
- eu amava morar lá pena que eu estraguei tudo.
- não vamos falar de passado quero saber,tem algum paquera gringo?
- tive uns namoros mas nada sério
- ai minha filha na sua idade eu já estava casada.
- por isso mesmo que eu não quero nada sério com ninguém essa é a idade de aproveitar a vida.
- e a Prima Mari ligou para você esse mês?
- sim,está tudo bem eu vou lá sempre que posso.
- tá bom.

Subi para meu novo quarto que eu ainda nem conhecia mas estava do jeitinho que eu gostava minha mãe sabe dos meus gostos.
A noite fizemos um jantar para comemorar minha volta e eu contei pra eles tudo o que tinha feito fora do país,quase tudo escondi os namoricos do meu pai.

No outro dia...

Peguei meu carrinho que eu havia conseguido comprar mandando uns dólares todo mês para minha mãe,era um carrinho simples mas era meu.
Dirigi alguns quilômetros até que cheguei a minha antiga casa.
Eu sentia tanta saudade da minha cidade das minhas amigas.
A única que estava morando na cidade era a Larissa,a mãe dela tinha uma escola e ela estava tomando conta junto com a mãe após se formar em pedagogia.
Aline descobriu o seu talento de cantora e havia montado um banda que estava fazendo muito sucesso no país.
E a Bruninha virou médica e estava morando fora do país ela havia recebido uma oportunidade para trabalhar em um hospital
reconhecido mundialmente.
Acho que eu era a única que tinha ficado para trás no sentido de ter uma carreira que desse bastante dinheiro.
Mas eu estava feliz,entrei no meu carro e parei em uma pracinha onde haviam algumas crianças brincando.
Me sentei em um banco e fiquei vendo uma menininha brincando com a areia e sua mãe reclamando com ela mas mesmo assim ela estava tão feliz.
Sai de lá e passei na frente da minha antiga escola,uma nova geração saia da aula.
Alguns saiam do ginásio e espera um pouco, aquele é o Antônio? Não pode ser !
Ele estava dando aulas de luta para as crianças da escola ?
Ele até já havia me dito que era um sonho dele mas eu pensei que ele já não estava mais na cidade.
Fiquei com a janela aberta o observando parecia que ele andava em câmera lenta.
Meu coração batia extremamente acelerado naquele momento e foi quando ele olhou em minha direção e eu percebi na hora que ele tinha me visto.

- Amandinha?

Ele começou a correr em minha direção então eu fechei o vidro liguei o carro e sai correndo de lá,
Essa foi por pouco.

Alguns minutos depois uma moto começou a correr atrás de mim e eu conhecia aquela moto.

Ele ficou ao meu lado buzinando e pedindo para que eu encostasse.
Eu coloquei uma música bem alta e fingi que não estava o vendo.
Então em uma manobra muito arriscada ele passou o carro e parou bem na frente,a única coisa que eu poderia fazer era frear.

Eu parei o carro e acabei batendo a testa no volante e cortou derramando um pouquinho de sangue.

- você está bem? Abre o vidro!
- sai da frente eu preciso ir embora
- abre o vidro ou eu não saio

Eu não tinha escolha,ou abria o vidro ou teríamos que acampar ali mesmo pois ele não iria sair.
Abri um pouco o vidro do carro e olhei para ele.

- já está aberto o que quer?
- eu não acreditei quando vi que era você eu precisava tirar a prova.
- então agora já pode sair da frente,sou eu mesma.
- eu soube que estava morando fora até seus pais se mudaram mas eu percebi que não colocaram placa de venda.
- é eles não venderam
- como você está?
- nesse momento com bastante dor de cabeça e atrasada para o jantar

Ele me olhava,e ao mesmo tempo eu via que ele queria falar mais queria algo a mais.

- que bom que está de volta

Ele colocou uma das mãos na janela e eu pude ver o pneu de caminhão que estava em sua mão direita.

- está noivo?
- noivo? Ah você está falando da aliança.
- provavelmente!
- sim
- felicidades então,e eu conheço?
- acho melhor não falar
- então eu conheço

Meu semblante mudou na hora e eu só queria sair daquela cidade.

- já que não vai me dizer eu acho que já posso ir foi um desprazer encontrar você,eu preciso ir de verdade você pode tirar a moto?

Ele se afastou do carro e eu pude ver que ele não ficou feliz pela forma que falei.
Ele então tirou a moto da frente e eu pude sair.
Durante a viagem lágrimas saiam do meu rosto e eu tive uma grande ideia.
Quando eu chegasse em casa iria pesquisar no Facebook quem era a tal noiva.

Cheguei em casa e já corri para o computador comecei a pesquisar e estavam lá na página dele.
No fundo eu sempre soube mas eu não queria acreditar no que meu olhos estavam vendo.
Eu sabia que aquela Paula queria ele.
Como dona Wilma aceitava que primos ficassem noivos?
Isso era nojento,isso sem falar que acho que era considerado incesto.
Eles sao da mesma família tem o mesmo sangue.
Fechei o notebook e deitei em meio as lágrimas que insistiam em cair.
Eu me odiava por ainda estar sofrendo por ele.
Eu deveria seguir a minha vida e era isso que eu iria fazer.