Parque de Nova Alexandria
19:37
As árvores do parque balançavam, inquietas. Fazia muito frio em Nova Alexandria, como de costume naquela época do ano. Mas, é claro, isso não impedia os casais apaixonados de passearem em meio a atmosfera calma e tranquila criada pelas luzes, algumas até fracas, que se espalhavam pelo parque.
Matthew e Charlotte não eram exceção. Os dois riam e se divertiam, enquanto caminhavam em direção à saída. Qualquer um que visse aqueles dois soltaria um sorriso e perceberia o óbvio: eles se amavam.
A jovem moça de cabelos castanhos e longos ainda não sabia, mas ela seria pedida em casamento ainda naquela noite. As testemunhas? O lindo arco de ferro que compunha o portão principal, as árvores... E como diria o romântico Matthew: "a Lua, que brilha como seus olhos".
Ele amava o clichê. Despejava todos os seuspensamentos mais poéticos e grudentos em sua namorada (e futura noiva), já queele não tinha tempo de fazê-lo enquanto trabalhava exaustivamente no restaurante The Whales, o mais movimentado da cidade.
- Sabe, Charlotte. Poucas coisas na minha vida fazem sentido hoje. Mas... Você é uma delas. – Ele disse, ajeitando seu cabelo escuro, podendo sentir o sorriso de sua amada. – É muito bom estar aqui.
- Você sempre galanteador, não é? – Ela riu. – Aposto que dizia isso para todas! –
Matthew sorriu, e a abraçou. A essa altura, eles já estavam no portão do parque. Ele colocou a mão no bolso do casaco. "Ainda está aqui". Ele riu, imaginando como seria ridículo perder a aliança justo no dia e local onde faria o pedido. Seria cômico, se não fosse trágico.
- O que foi? – Ela perguntou, apoiando sua cabeça no ombro dele enquanto caminhava.
- Por enquanto, nada. – Ele sorriu. – Você vai ver logo, logo.
Em tempo: eles haviam chegado à entrada. Sabe, esse local era especial para eles. Foi aqui onde eles se viram pela primeira vez, em uma tarde nublada de quinta-feira. Ele se lembrava de cada momento daquele dia, como se fosse ontem.
- Bem, é a hora.
Ele se desvencilhou dela, levou a mão ao casaco, suprimindo o pensamento infantil que havia perdido a aliança. Pegou a caixinha, e ajoelhou. Era o momento mais feliz da vida dele.
Charlotte o viu, questionando se realmente era isso que aconteceria. Ela o amava, mas não esperava essa iniciativa. Quando teve certeza da intenção de seu amado, ela sorriu, como se um filme passasse por sua cabeça. A essa altura, ela já estava tentando segurar as lágrimas. Levou as mãos ao rosto, soltando palavras que perderam seu significado em meio ao choro e soluço.
- Charlotte de Flores, você aceita se casar comigo? – ele abriu a caixa, mostrando a aliança.
Ela não conseguia responder. Sua voz simplesmente se recusava a sair, então, ela balançou a cabeça freneticamente. Matthew se levantava, enquanto uma luz muito forte ofuscava suas vistas.
Franzindo a testa, ele pôs a mão a frente dos olhos. Era o farol de um carro. Muito alto, por sinal. O carro se encontrava de frente para eles.
- Podemos ajudar? Você está perdido?
Charlotte começara a se recuperar da sobrecarga emocional que sofrera ainda há pouco. Também com as vistas poluídas pelo farol, ela assistia o desenrolar da situação.
Aqueles segundos pareceram anos. Uma figura desceu do carro, como um borrão em meio a tanta luz. Matthew deu um passo à frente. Era o momento mais especial da vida do casal, e fora interrompido. "Talvez seja uma emergência", pensou ele.
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ZODÍACO
Mystery / ThrillerVictoria Summers, uma jornalista independente, mergulha de cabeça na investigação sobre o serial killer que aterroriza Nova Alexandria, se inspirando fortemente no "Assassino do Zodíaco". Porém, a investigação se torna pessoal demais, levando Summer...