Capítulo 13

35 3 0
                                    

- Eu não sou muito boa em me expressar, você sabe que prefiro escrever sobre... – Natalie tomou folego, era algo complexo e muito delicado, mas era o que estava sentindo, então por mais que não fosse reciproco na mesma intensidade, ela precisava falar, para assim se sentir liberta e mais livre. – Diana, não quero que se sinta na obrigação de me retribuir, só diga se realmente sentir, mas sim, eu amo você.

Diana permaneceu calada diante as palavras de Natalie, não porque queria, mas sim porque achou necessário. Ela sabia dos sentimentos de Natalie, ou achava que sabia, a morena era sempre bastante direta e falava de uma maneira muito sincera, mas ainda assim faltava algo para ela. Queria Natalie por inteira, todas as partes dela, sejam as boas e as ruins, pois ninguém ama se não for inteiramente. As três palavras chegaram a ponta de sua língua, mas conseguiu segurar. Deu um beijo caloroso em Natalie, sem medo de que alguém pudesse ver. A tarde ia chegando ao fim, nenhuma das duas falou mais nada, apenas ficaram aproveitando a companhia uma da outra. No caminho para o bordel, as duas ainda trocavam alguns beijos, mas eram simples selinhos.

- Quando virá me visitar de novo? - Diana acariciava de leve o rosto de Natalie, podia ver os lábios levemente inchados e as bochechas rosadas.

- Minha mãe é uma mulher difícil de se contornar, mas prometo que o mais breve possível. Está precisando de algo?

- Na verdade... - Diana ficou pensativa, estava prestes a usar uma estratégia bastante ousada, mas que poderia ser um tiro pela culatra. - Eu gostaria de algo que me prometeu há muito tempo. - Natalie franziu o cenho. - Uma carta, do Sir Lucas.

- Por que quer uma carta dele? - Natalie estava visivelmente chateada com o pedido de Diana.

- Você disse que se eu aprendesse a ler você iria pedir para ele me escrever uma carta.

- Tudo bem. - Natalie falou de pouco caso, se prolongasse acabaria gerando uma briga com Diana, era o que a Lady achava.

- Sem trapaças.

- Não confia na minha palavra? - Natalie falou ofendida.

- Confio. - Diana tentou acalma-la. - Mas gostaria algo um pouco mais pessoal.

- Quer que ele publique a carta também? - Natalie desdenhou.

- Eu não tinha pensado nisso, mas quero sim.

- Isso só pode ser brincadeira. Quer que ele te peça em casamento? Que venha galopando num cavalo branco e te salve?

- Está com ciúmes, Milady? - Diana debochou.

- Óbvio que não!

- Pois bem, então não vai lhe custar nada, poderia fazer isso por mim? - A mais nova usou todo seu charme e viu a morena ceder. - Quero que me traga a carta pessoalmente, promete?

- Prometo.

- Ótimo.

As duas se despediram, mesmo o coração de Natalie relutante para não deixar Diana naquele lugar. Partiu para casa, assim que passo pela porta viu a mãe, estava furiosa.

- Você perdeu o chá da tarde! - A mulher falou firme, mas sem aumentar o tom. - Pensei que a educação inglesa te desse disciplina e pontualidade.

- Peço desculpas minha mãe, mas não me recordo de ter marcado de tomar chá com a senhora. - Natalie queria se refrescar, o calor da saída da primavera e da entrada do verão estava lhe fazendo derreter. - E como lhe avisei, fui passar a tarde com Justice.

Natalie amava a mãe, afinal a mulher lhe deu a vida, mas ainda assim não conseguia suportar o fato dela querer mandar em cada detalhe de sua vida, desde os brincos até às roupas íntimas. Essa invasão deixava a morena bastante irritada e isso era apenas com ela, seu irmão mais novo fazia o que queria e não existe tanta repressão ou necessidade de invadir a vida dele.

- É assim que trata sua mãe depois de não vê-la por quase um ano.

- Mamãe, eu só quero meu espaço. A senhora trocou as cortinas, os tapetes, os sofás e outras coisas, isso tudo nos primeiros três dias, resumindo a senhora mudou minha casa inteira.

- Minha casa! - A mulher bebericou o chá. Natalie estava a um ponto de largar tudo, de mandar aos diabos a casa, mas respirou fundo.

- Certo, sendo assim não preciso fazer-lhe companhia, já que a casa é sua. - Caminhou para a escada.

- Quando seu pai chegar, partiremos todos para a França.

- Todos, exceto eu.

- Não pretendo mais deixar que more aqui sozinha.

- Agora não é mais uma escolha sua mãe e sim minha. - Era difícil se manter cortês com um assunto desses.

- Dizem que quem se mistura com porcos, farelos comem.

- Eu sei bem com quem ando, mamãe.

- Quando seu pai voltar toda essa brincadeira acabará. Te darei uma noite para por fim nessa sua brincadeira com a prostituta, nada mais que isso.

Natalie resolveu não falar nada, sua mãe era cabeça dura, mas poderia contornar seu pai e se não conseguisse, teria que simplesmente arrumar um outro local. Quando entrou no quarto, resolveu escrever a carta para Diana, mas no melhor estilo Sir Lucas Jackson. Pegou a caneta ponta de pena, o tinteiro e algumas folhas, até porque iria publicar a carta, então não poderia ser algo explícito e direto, mas sim algo singelo, mas que pudesse expressar algo, mas teria que ser algo como se fosse escrito por outra pessoa.

"Sorriso bonito, olhar sincero, foi assim que te descreveram. Menina moça, teve que crescer rápido, mais do que deveria, foi lhe tirada a inocência de maneira tão cruel e injusta. O sorriso não sai do seu rosto, mesmo em situações ruins, menina mulher, tão corajosa, tão guerreira, tão forte e tão sensível. Como uma semi deusa, mestiça, dois tipos de sangues misturados, tirando a nobreza de um e a simplicidade do outro, o melhor dos dois mundos se encontram e um único ser, você. Diamante bruto, valioso mesmo sem ser lapidado, joia valiosa só para quem consegue ver além do que aparenta ser. Não se esqueça que o que te obrigam a fazer não define quem você é e sim suas reais intenções e suas ações. Hoje, linda dama da noite, a promessa é cumprida, espero ter conseguido expor em palavras tudo o que foi me dito com sentimentos. Sir Lucas Jackson"

Natalie releu diversas vezes, escreveu tudo de uma vez e foi a primeira vez que isso acontecia. Depois que pensou um pouco se sentiu precipitada em dizer que amava Diana, mas bastava lembrar de como seu coração batia quando via a mais nova sorrir que todo voltava a valer a pena. A morena pegou a carta nas mãos a encarou, estava se sentindo cansada, emocionalmente por conta de tantos conflitos internos, jogou-se na cama e suspirou alto.

- Diana, você vai me fazer duelar pelo seu amor e a pior parte nisso tudo é que, estarei duelando contra mim mesma. - Natalie jogou a carta sobre a cama e colocou as mãos no rosto. - Eu vou enlouquecer e é tudo sua culpa Diana.

a escolha e consequência  Onde histórias criam vida. Descubra agora