"covardia"

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Eu queria que alguém me escutasse, sabe? Alguém que me visse e me aceitasse. Sem julgamentos ou aquele famoso receio com medo de se meter em confusão. Queria que me olhassem e pensassem: nossa, é ela. Não queria ser adorada, tampouco vangloriada. Eu não mereço isso. Eu queria o mínimo. Um pouco de cuidado, um pouco de carinho, e um colo para chorar. Eu queria alguém que me abraçasse mas que não dissesse o óbvio. Não, não vai ficar tudo bem, e daí? Queria um pouco de realismo, nada muito fantasioso. Algo cru e sem rodeios. Eu queria que ninguém se afastasse, e ao mesmo tempo queria que me dessem um tempo. Ninguém nunca soube lidar comigo e muito menos com minhas confusões. Acho que é por isso que eu me sinto tão sozinha... Acho impossível – coloque ênfase no 'acho', por favor, tudo pode mudar – encontrar algo ou alguém que saiba exatamente sua linguagem, o seu modo de agir e como lidar com você. Ainda assim, não custa sonhar ou querer. Mesmo o querer sendo no passado, já que aqui dentro se dissolve as esperanças a cada dia que passa. Arrisco a dizer a cada hora, embora eu não seja boa com números, nem a melhor amiga do Tempo – este, que me odeia. O único verdadeiro comigo. E eu moro nos "e se?", como uma borboleta que nunca vai sair do casulo, pois suas asas ainda não são o suficiente para voar. E quanto mais o relógio se esvai por entre meus dedos, eu sinto que nunca irei ser de fato compreendida. Será que alguém algum dia já foi? Não importa, afinal a busca pela compreensão e tudo que citei ainda são presentes, ainda que machuquem. Esperar é um ato de coragem, no entanto, desistir de esperar por algo que talvez não chegue é, para mim, um ato de rebeldia. Serei rebelde, então. E não será a primeira vez. Todos nós devemos saber quando é a hora de partir.

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