CAPITULO UM

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Kalel

               5 de março de 2004
                               

                           Manhã

O barulho das caixas sendo postas no caminhão e o barulho do motor, me despertam do meu precioso sono, do qual na última noite não tirei tanto proveito devido a uma partida online com a Joe. Nada como uma mudança repentina decidida pelo seu pai não muito convencional para alegrar a sua manhã.
Atualmente estamos no Condado de Blanco, no Texas. Mas, graças aos meus pais, estávamos prestes a nos mudar para Flagstaff, uma cidade com mais de 57 mil habitantes localizada no estado do Arizona.
Eram 7h45 quando fui obrigado pelo meu irmão, Caleb, a organizar minhas coisas nas caixas em que ele deixou em meu tapete.

- Precisamos da sua ajuda. - ele disse antes de sair.

Eu tinha pesquisado sobre a populosa Flagstaff quando meu pai chegou saltitando de alegria numa sexta à noite. A empolgação de ter recebido uma oferta que cabia em seu bolso foi tão grande que ele teve que dormir a base de calmantes. Naquela mesma noite, tive que me despedir da minha melhor amiga, Joe. Não teria sido tão melancólico se ela não fosse tão dramática. Eu não estava indo para o outro lado do país, era apenas em outro estado. Era possível que nos visitassemos logo, só seria um pouco difícil. Toda a situação tinha se tornado dolorosa, porém eu não tinha o que fazer. Eu não queria deixá-la, mas eu não tinha escolha.
"Eu irei te visitar" 
Foi a última frase que ela me disse antes de eu partir. 
"Eu irei te visitar" 
A frase parecia ter pesado em meu peito. Um sentimento estranho  que eu não sabia identificar. Com os olhos cheios de lágrimas, eu tinha deixado para trás minha não tão velha vida, para "recomeçar", de acordo com meus pais. Sempre estavam procurando melhorar o nosso custo de vida através de algo inovador.
De acordo com minhas pesquisas, chuvia na maior parte do tempo em Flagstaff, o que em relação a isso não seria um problema, a chuva sempre me agradou.
Deixar o Texas e todos os seus costumes foi de longe uma das coisas mais difíceis que eu tive que fazer. Eu lembrava que quando eu era criança, já passamos alguns meses em alguma cidade do Arizona, não lembrava exatamente o ano, mas tinha a total certeza de que foi em alguma dessas viagens que perdi o meu precioso cavalinho que ganhei da vovó Rute no meu aniversário de 5 anos.

Passamos por uma árvore caída ao lado de uma placa de boas vindas quando meu pai nos questionou :

- Esse tipo de coisa é comum por aqui?

- O que? - perguntei.

- A árvore caída na estrada. - ele respondeu.

- Isso com certeza já causou algum acidente. Deus nos proteja. - disse minha mãe com uma fé evidente.

Revirei os olhos e pensei comigo mesmo:

 Com certeza Deus vai fazer a árvore flutuar para fora da estrada.

Meu senso de humor na viagem estava alterado, eu estava triste por ter de deixar tantas coisas pra trás, mais uma vez.

- Filho - meu pai saltou. - você vai gostar da fazenda.

- É. Vou sim. - menti, olhando para fora da janela.

Minha mãe estava ansiosa para conhecer o lugar. Eu por sorte, me adaptava rápido. Isso nunca tinha sido um problema, até deixar a Joe para trás.
O inverno estava quase no fim, e todas as pessoas estavam dentro de suas casas tomando chocolate quente em frente a sua lareira, Não sei ao certo se realmente faziam isso ou se era só na TV. Nós, por exemplo, nunca fizemos. Sempre estávamos nos mudando ou nos organizando em alguma casa nova, sem tempo para um verdadeiro momento aconchegante em família.

O Girassol da Jaqueta PretaOnde histórias criam vida. Descubra agora