𝐒𝐀𝐕𝐀𝐆𝐄 /savij/ adj.
1. excessively brutal
"her attitude is kinda savage, but her heart is gold."
ㅤ ͏͏ Hwang Ji-ae finalmente teve a sua chance de vida, após anos de intensos treinamentos, sangue, suor e lágrimas, ao ter a chance de se apresent...
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Uma coisa engraçada a se perceber após tanto tempo sendo uma bailarina, é como são uma representação da cadeia alimentar imperfeita, prezando pela perfeição.
Não importa de onde tu és, quem tu és, o que fazes ou que fez, se é a base ou o topo, tudo depende de quais animais devorará para tomar posição na cadeia. O cordeiro ou o lobo, se tu devorasses o maioral, tu serias o topo, consequentemente, o devorado cairia para base.
No balé, a dança nunca seria o suficiente. O cordeiro poderia ser o maior dançarino no curral, porém, caso o corvo fosse o melhor entre todos, tivesse disciplina, um corpo melhor, se fosse perfeito, seria ele quem estaria no topo.
Perfeição, um conceito explorado, entretanto, pouco se sabia. Um quadro? Uma escultura? A perfeição não pode ser descrita nem exemplificada. No balé, perfeito é tudo que você deve ser, por obrigação básica. Não se sabe o que é um ser perfeito, você terá que ser melhor e melhor, nunca será o bastante, pois você não é perfeito.
Bailarinos são ensinados a serem os mais emotivos de todos em suas apresentações, interpretando emoções que deveriam ser sentidas na pele de quem assistisse. Contudo, bailarinos são ensinados que emoções equivalem a fraquezas. Fraqueza é a palavra a ser extinta do vocabulário de um bailarino.
Apesar da fábrica de robôs que era por baixo dos panos, Ji-ae sempre sonharia no dia que subiria no palco para se apresentar para o mundo inteiro.
Ela segurou o choro, engoliu as emoções, respirou fundo, e girou em perfeita sincronia da música. Como se ela fosse a própria melodia ressoando no salão.
Things can change.
Estar a um passo de realizar algo que almeja a vida toda, é como um delírio, um frenesi. Entorpecendo seus sentidos, formiga sua nuca e calafrios percorrendo os braços até a ponta do pé, você perde a noção do mundo.
Ji-ae sentia vontade de chorar, apenas isso. Um sonho e uma paixão são diferentes, ao menos, para si, sempre foram duas coisas opostas.
Diante dela, em mãos, a chance para realizar ambos, a possibilidade de apenas um, a atingia. Dois polos conectados pela natureza da mente: balé e neurolinguística. Quão irônico que era, Ji-ae sentia-se a sortuda mais azarada do mundo.
Um ou outro.
Os dois viviam na sinfonia para si, e ela nunca pensou - preferiu abster-se de pensar que, um dia, teria de escolher um.
Ji-ae, com o rosto molhado, virou-se na cama macia como nuvens, embora nunca tenha sentido, imaginou que seria algo como aquilo. Ela podia ver as luzes da cidade de onde estava, a enorme janela, uma parede inteira de vidro, dando visão à Torre Eiffel, que se erguia sobre Paris, majestosamente pomposa.
