Tigela de vaquinha

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O entardecer havia chegado depressa naquele dia, a brisa da noite se enrolava em meus longos cabelos cacheados, meus braços se arrepiaram com a ventania fria.

- Jesus, que frio desgraçado é esse?- reclamou Yuri esfregando seus braços.

- Eu amo e odeio o verão, sério cheio de mosquitos, chuvas assassinas e baratas mutantes - Sabrina dá uma pausa e continua - Sabe, cheguei a conclusão de que eu ODEIO o verão.

- Se você não dissesse eu nem percebia- respondi com uma risada- mas em partes eu concordo, É horrível o suor, as pessoas grudentas.. Mas é muito bom o entardecer de domingo fresquinho.

- Gente eu sou o único que adora o verão em todos os quesitos? Tipo, os bloquinhos de carnaval, o sol de fritar ovo no asfalto e até os insetos- Argumentou Yuri.

- Isso é porque você nunca morou em Bangu, menino, aquilo ali esquenta igual forno, credo- Comentei.

- Mas aí.. Quando você vai viajar? - perguntou Sabrina

- Semana que vem, as aulas começam mais cedo lá.

- Temos 7 dias para aproveitar então... banho na água gelada do mar? - Yuri perguntou com um sorriso estranho.

- Eu hein, meu sistema imunológico é horrível, terrível, pavoroso, só de pegar uma chuvinha é motivo de resfriado, imagina tomar banho frio nessa friagem?- Falei como uma senhorinha super protetora.

- Deixa de ser mole Camilla- ele me segurou no colo me levando em direção ao mar

- Me solta, eu não quero ir para outro país resfriada,Yuri me larga!! - grito me debatendo em seus ombros

- Vão achar que eu sou assassino tentando te matar se continuar berrando assim.

Ele me solta perto do mar e quando menos espero uma onda enorme nos molhou.

- Resfriado é pouco, acho que vou pegar uma Hipotermia- digo trêmula

- Pneumonia, Hipotermia é coisa de gringo- respondeu Yuri com um sorriso Também trêmulo.

Saio correndo de lá antes que outra onda gigante e gelada me dê outro choque térmico.

- Que horas são Sabi?

- 22:40.

- É já deu minha hora, vou pra casa galerinha, beijos.

- Beijos.

Me despeço dos meus amigos só pensando no banho quentinho que vou tomar quando chegar em casa.

Abro a porta de casa vestindo um casaco fino que não aquecia nem gelo.

- Cheguei, vou tomar banho- digo sem nem trocar qualquer tipo de contato visual com minha mãe e minha irmã que estavam na sala assistindo a alguma série policial.

Entro em meu quarto e pego algumas roupas leves e vou tomar o meu tão esperado banho quente.

Me jogo na cama após pôr um pijama me enrolando nas cobertas que ali estavam.

Dou um pulo de susto quando alguma coisa parecia quebrar.

- Meu Deus, o que foi isso?- digo saindo do meu quarto.

Me deparo com a minha irmãzinha na sala, segurando um caco de cerâmica que pertencia ao pote de vaquinha favorita da nossa mãe que agora, estava todo despedaçado no chão

- Caramba fica quieta, se não a mamãe pode escutar- sussurrou minha irmã preocupada

- Meu bem, sinto muito mas metade da humanidade escutou- digo me abaixando e pegando uma das peças - Nós conseguimos colar isso com superbonder, vamos aproveitar que ela está no sono mortífero dela e colar.

- Ok, vou preocurar a cola.

Depois de algum tempo dentro da despensa preocurando o objeto, ela encontra e grita.

- Eu encontrei!

- Garota, você tem algum tipo de problema? - sussurro tomando a cola de sua mão.

Colei peça por peça cuidadosamente, até que olho ao redor e vejo minha mãe, ali parada na minha frente.

- Oi mãezinha- rio sem graça

- Quem foi a responsável?

Aponto para Karine que também aponta para mim.

- Ótimo, parece que as duas mocinhas não querem assumir o erro certo? Bom, pelo menos vocês colaram.

- Mãe, me desculpa fui eu quem esbarrei sem querer na tigela. - Karine confessa cabisbaixa.

- Não tem problema filha, você se machucou? Olha - ela respira fundo e se senta - Vocês sabem que eu não sou o Tipo de mãe que dá chilique por uma coisa boba dessas né? Camilla, você poderia ter me chamado, e se um desses cacos te machucasse?

Em momentos assim que eu percebo o quanto a minha mãe amadureceu depois do divórcio, Por mais determinada que ela fosse sempre deixava a opinião do meu pai influenciarem nas suas escolhas.

- Desculpa mãe, não vai se repetir.

- Acho bom, vem me dêem um abraço bem quentinho porque a mamãe está com frio e semana que vem temos muito o que fazer.

Volto para minha cama e finalmente caio no sono.


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