NOTAS INICIAIS DA MORCEGA
Oi meninas, fiquei muito feliz com a recepção de vocês com a história, todos os comentários me motivam muito!
L'affare: O acordo
.
.
.
Estava frio, um frio tão insuportável que nem mesmo a grande lareira do meu amplo escritório amenizava aquela mudança repentina do clima fora de época.
O pior era pensar que teria uma longa noite pela frente, não que eu não estivesse acostumado. Ainda me lembro que meu pai assim que percebeu o quanto eu era mais rígido e decidido do que ele me colocou a frente dos negócios.
Modéstia a parte eu era mesmo implacável, às vezes. Além de temido. Nem sei como me tornei isso, talvez já tenha nascido assim, quase sem sentimentos. Comandava nossos negócios com mãos de ferro e me irritava quase constantemente com esse bando de fracotes que às vezes colocavam para ficar ao meu lado.
Eu era chamado de O capo, ou seja, o líder, o chefão de tudo isso. Olhei para a placa reluzente de ouro que meu pai havia colocado em minha mesa e soltei um riso anasalado um tanto soberbo ao encarar o "Alessandro Molon" escrito nela.
Sim, esse era eu, a perpetuação perfeita de uma linhagem 100% italiana que há anos dominava a máfia em Veneza. E mesmo com gerações de sucesso antes de mim, agora eu era o último do meu nome. Por isso mesmo com certa frequência travo discussões com o meu pai.
Eu preciso de um herdeiro. Sim, eu preciso. Mas acontece que mulher nenhuma até hoje se mostrou digna de carregar um filho meu. Nem mesmo Andrea, minha atual.
Uma batida foi dada na porta e logo meu irmão entrou. Apesar de dois anos mais velho que eu, Felipe era um molenga às vezes, por isso não foi escolhido para ocupar o lugar do meu pai.
-O velho já está lá?
-Sim, só falta você.
-Já estou indo. E quanto ao carregamento?
-Foi recuperado e já direcionamos tudo para os cofres.
-Excelente. Me levantei e corrigi o alinhamento da gravata saindo em direção ao galpão mal iluminado.
O local era cercado pelos meus homens, além dos de mais confiança que estavam lá dentro. Entre eles Felipe e meu outro irmão Lorenzo, esse era um problema sério pra mim, definitivamente não tinha nascido pra isso e já havia me dado dores de cabeça por isso.
Olhei para o homem libanês a minha frente, embora o mesmo tivesse uma postura inabalavel eu sentia o cheiro do medo no ar.
-Então...
-Molon, aqui esta toda a restituição pelo apoio da sua familia em minha campanha, cada centavo do que combinamos então estamos quites
-Não me venha dizer como estamos, Ramez, fiquei sabendo que você duvidou por ai da nossa capacidade de te eleger governador. E sabe que eu não perdoo isso, não é mesmo?.

VOCÊ ESTÁ LENDO
Omertà
RomanceDo dia para a noite a jovem Simone se vê frente à frente com o temido e poderoso herdeiro da máfia veneziana, seu mundo desmorona quando o pai faz uma aliança política visando destruir um antigo rival na política. Acontece que não faz parte dos pla...