Capítulo 1

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Termino de limpar as duas últimas mesas e guardo meu avental no armário, me despeço do pessoal da lanchonete e vou para casa.

Enquanto caminho de volta pra casa olho o por do sol, estava meio rosado com algumas nuvens. Eu amo o céu e toda a sua intensidade, me fez sentir um sentimento de liberdade.

Depois de mais alguns minutos admirando aquela vista volto pra realidade e termino meu trajeto até em casa. Assim que abro a porta me deparo com meu pai jogado em cima do sofá com várias latinhas de cerveja espalhadas pela casa, respiro fundo e passo direto para omeu quarto, não estava afim de brigar hoje.

Tomo um banho e coloco meu pijama de moletom que me faz querer hibernar por horas na cama. Vou para cozinha procurar alguma coisa pra comer e o máximo que eu encontro é um pacote de bolacha pela metade.

- Você andou trazendo seus amigos pra casa de novo? _ falo indo até a sala onde meu pai continuava na mesma posição.

- Não reclama vadia, essa é a minha casa e eu trago quem eu quiser_ ele diz sem tirar o olho da televisão.

Tem sido assim desde que minha mãe foi embora, há 10 anos atrás, aquele dia foi o pior de toda minha vida, eu tinha acabado de completar 9 anos, ela me levou até o parque e brincou comigo o dia inteiro, depois quando chegamos ela fez um bolo lindo de chocolate e juntas cantamos parabéns, apenas eu e ela, já que meu pai passava o dia inteiro no serviço. Depois daquele dia ela sumiu, levou todas as suas coisas e nunca mais voltou, o meu pai começou a beber o dobro e a usar drogas pesadas e foi demitido pouco tempo depois. E foi naquele momento que eu tive que aprender a me virar sozinha cedo, não tinha ninguém com que eu pudesse contar.

- Só que os seus "amigos" comem toda a comida que eu tenho que comprar_ falo elevando um pouco mais a voz.

- Eu também coloco dinheiro nessa casa, você não banca tudo sozinha _ ele fala

- Você coloca dinheiro em drogas e bebidas, eu fico com a responsabilidade aqui, e você não trabalha faz anos, não sei como consegue dinheiro pra suas porcarias _ falo pegando a metade da bolacha e voltando pro quarto sem dar continuidade pra ele, mas ele se levanta e vem me seguindo até o quarto.

- Isso tudo é culpa da vagabunda da sua mãe, se ela não tivesse ido, nada disso estaria acontecendo_ ele fala escorado na porta.

- Sabe, eu até entendo ela, imagina passar anos com um velho nojento que nem você _ acabo falando sem pensar e imediatamente me arrependo.

Os olhos dele começam a ficar vermelhos e em segundos ele avança pra cima de mim, dando um tapa no meu rosto.

Antes que ele tente novamente empurro ele com as mãos fazendo com que ele caia no chão, aproveito a oportunidade e corro até o banheiro, onde me tranco.

- Sua desgraçada! _ ouço ele grita e segundos depois ouço a porta da frentes bater com força, indicando que ele ja se foi.

Solto o ar que parece ter ficado preso por horas, e me escoro na porta.

O meu "pai" James, sempre foi agressivo mas ultimamente ele tem passado dos limites, ele passa o dia bebendo e de noite sai pra usar droga. E o que mais me preocupa nisso tudo é como ele vem conseguindo esse dinheiro, eu já tentei saber de onde ele tá tirando toda essa grana mas a única coisa que ele me disse era que um amigo estava emprestando. Obviamente não acreditei, ninguém empresta dinheiro por tanto tempo pra alguém.

Rendida a eleOnde histórias criam vida. Descubra agora