Apresentada à nova vida..

47 4 0
                                    

Depois de meio ano ela ainda achava estranho acordar na casa de seu irmão.

Também, não é sempre que se sofre um acidente fatal em que se é a única sobrevivente.

Meu nome? Ah, é Willow, tenho 16 anos e a meio ano atrás sofri um acidente e carro com meus pais, foi assim:

Eu estava dirigindo com meus pais bêbados no banco de traz, e com a chuva atrapalhando um monte acabei perdendo o controle do carro e sofremos um acidente em que somente eu sobrevivi.

Foi isso que aconteceu e ponto.

Sabe, eu me culpo por isso, não consigo me acostumar como como as coisas ficaram depois do ocorrido.

Meu irmão mal fala comigo, basicamente nossas conversas se resumem em "como foi a escola?" e "como foi no trabalho?" nada mais além disso, também percebi que ele não se sente a vontade com o fato de deixar Isabelle comigo.

Deixe-me explicar, meu irmão, que se chama David, é casado com a Cathy, ela é bom legal ate, confia em mim e prefere deixar Isabelle comigo do que em uma creche ou o dia todo com a mãe dela, ela também fez de tudo para me deixar confortável aqui me comprou telas e tintas para fazer minhas aquarelas, arrumou o "porão" que seria o segundo andar do apartamento deles, não é bem um segundo andar na verdade, é uma peça que fica em cima da sala, mas é toda minha, o quarto é muito bonito por sinal, Cathy tem bom gosto, mas voltando ao assunto original, também te Isabelle, que é a minha sobrinha de sete meses.

Fico com ela três vezes na semana para que Cathy trabalhe, durante a manha eu estudo então Isabelle fica com a avó, mas o resto do tempo fica comigo, ela é a maior fofura, e se comporta muito bem.

A Cathy trabalha poucos dias na semana, mas ganha muito bem, e o David é professor de Antropologia na faculdade, para a qual provavelmente irei.

Eles conseguem manter a casa e ainda me dão um dinheiro por ficar com Isabelle, se bem que nem me importaria se não me dessem, eu gosto de cuidar dela.

Hoje é um dos dias em que a Cathy não trabalha, e por sorte também não tenho aula, se não me engano é uma daquelas reuniões de pais e mestres de outras duas turmas, então fomos dispensados.

Lá fora o dia esta lindo para o meu gosto, nublado, parece que vai chover a qualquer instante, eu gosto de fazer minhas aquarelas em dias assim, mas hoje vou aproveitar e ficar com Cathy e Isabelle, digamos que é o dia das garotas.

Espero que tudo corra bem, pois não estou pensando em sair nem nada do tipo, e também, não quero fazer aquilo hoje, não quero sentir aquela dor, aquela culpa, não quero ter que cortar minha pele para a dor passar. Eu não quero, eu não posso, eu tenho que me controlar. Eu vou me controlar.

Desço do quarto e vou tomar o café da manhã, ainda é cedo, acordei como se fosse dia de escola mesmo, é estranho quando me sento a mesa, todos me cumprimentam, mas David evita olhar para mim, ele já esta de saída mesmo, então não vou me preocupar com isso, não posso me culpar já tão cedo.

Cathy realmente cozinha bem, suas panquecas pelo menos são ótimas.

Vejo Isabelle que esta no cadeirão esticando os bracinhos para mim, não tem como resistir aqueles olhinhos e aquela boquinha sorrindo para mim, vou e apego no colo, mal tomo meu café e vou brincar com ela, a levo para meu quarto e deixo a porta aberta para que Cathy possa nos ver, pego uma das maiores telas e também as tintas, troco as roupas de Isabelle pelas que ela usa quando mexemos com a tinta, no fim não é muito bom ela ficar manchando um monte de roupas.

Mal a solto e ela já esta engatinhando para pegar os potes, não sei porque, mas ela sempre pega a tinta vermelha e me alcança a preta, acho que ela gosta das cores, ela vai sujando os dedinhos e passando na tela enquanto faço o mesmo, estamos com essa brincadeira nessa tela a muito tempo, e ainda falta muito para acaba-la, mesmo assim, só consigo fazer minhas aquarelas com Isabelle, quando ela ainda não se interessava muito eu não conseguia pintar mais quando comecei a dar este quadro para ela brincar consegui um pouco de inspiração e voltei, as vezes, pinto quadros dela, até que ficam bons, e outras vezes fico brincando com ela e as tintas.

Quando me dou por conta já esta quase na hora do almoço, não acredito que passamos a manhã toda na volta do quadro. Mas não posso negar, foi bom.

Após o almoço, Cathy e eu passamos a tarde conversando e arrumamos a bagunça que Isabelle fez com o banho, neste momento Isabelle dormia serenamente no quarto e eu e Cathy estávamos preparando algo para o café da tarde, não sabíamos bem o que fazer, mas no fim acabamos decidindo por comprar algo na padaria lá de baixo, Cathy foi e eu fiquei caso o bebê acordasse, até que em certo momento começam a me vir os sons do carro, da freada que dei antes de perder o controle, começo a me ver sem saída não aguentando mas tudo aquilo, Cathy estava demorando, eu não quero, mas eu terei que recorrer a ela, a minha querida lâmina, boto a mão no bolso do casaco e a sinto ali, tento resistir a pega-la mais não adianta, eu não vou conseguir, eu não posso mais uma vez me mutilar.

Mesmo com todos meus pedidos minha mente continua a me pregar peças com os sons ate que começo a ver as imagens do rosto da minha mãe coberto pela mistura do sangue dela e de meu pai, não adianta eu não vou mais conseguir fugir, pego minha lâmina e a aperto contra a pele branca de meu braço com algumas cicatrizes mais antigas, só paro de a apertar quando sinto o filete de sangue escorrendo por meu braço, vou um pouco mais a frente e aperto mais uma vez até sentir outro, então paro e começo a acalmar minha respiração, começo a sentir que estou melhor, vou ate o banheiro e faço a higienização dos cortes para que não deem complicações mais a frente e volto para a sala, ligo a TV fico esperando Cathy voltar.

O renascer da Fênix!Onde histórias criam vida. Descubra agora