어쩌면 ... 어쩌면 ...

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Vomitar tanta melancolia azarada orgulhou minha garganta de rigidez com afinco e rigor maldoso, na vez que ‘meu engolir’ tem sido dolente o suficiente para que o ‘meu experimentar’ fosse penoso e sofrido. Confesso que tenho sentido o sem-sentido nos últimos dias; e acrescento, de última hora também: muitos sem apetite. Estou doente.

Certa vez, escrevi em um bloco de notas a seguinte frase: “Acreditar em você não é acreditar em tudo o que você pensa” — apenas um simples arranjo emaranhado de palavras desconhecidas interligadas que se conheceram e formaram despretensiosamente, em uma mesma linha de caderno, um tom piedoso e crítico, mas que aparentemente apontava para o meu desempenho psicológico. Minha mente sempre foi um impostor esfomeado por monopólio — mesmo habitando atemporalmente no topo; na ponte da consciência —, forçando-me a acreditar que éramos a mesma pessoa, que dividíamos os mesmos desígnios e quereres, se vitimizando constantemente com citações de composturas como: “penso, logo existo” enquanto ele mesmo era meu agressor. Meu respeito à René Descartes, mas minha cabeça é uma bagunça pra ter tanta responsabilidade assim. O livre arbítrio me faz viver culpado.

Sobrevivendo num terrível sofisma. Julgando minhas causas e assombros sem pretensão e veracidade; cagando e fazendo cara de bunda para a ligação dos sintomas e o genuíno tratamento, apenas nomeando o que sinto como uma dor intragável e repulsiva, prestes a logo justificar prematuramente, o uso de algo para abster-me do castigo do juízo com base em qualquer medicamento que me deixe dopado. Acaso, tenho me cansado de sentir. De engolir tudo isso como se fosse bom. Manobro os enigmas encharcados de mal-estares e os ataques de indisposições com doses de sedativos, me poupando do discernimento e do comovedor.

Por que diz que seu amor é reconfortante e saboroso quando me mancha os lábios de náusea e tédio? Por que diz que a dor intensa na minha cabeça é justamente devido estar precisando tirar uma boa soneca quando me fez chorar a madrugada inteira almejando que você roubasse o meu vazio? (Mesmo não ganhando nada com um patético vácuo). Você quer que eu fique ou vá? Dor ou prazer? Ambos somos tão confusos. Quiçá, seja um mentiroso hipocondríaco como eu. Merda. Grande merda. Dane-se. Estou fazendo de novo. Culpando duramente como um ridículo e excêntrico covarde, varrendo toda a sujeira sebenta abaixo do seu carpete para que eu possa nomear o que me atormenta. Observe minha obsessão em sempre achar que estou débil e entupido de fragilidade. Essa sim é uma enfermidade. 

Agora… Hm… Você consegue me dizer o que eu e você sentíamos um pelo outro? Posso tentar alegar? Acho que nunca o amor, talvez apenas uma prisão de ventre. Não sei. Reconheço que posso ter me estofado de alucinógenos… estou inconsciente. Eu não senti nada esse tempo todo. 

:)

★! adendo: em primeiro lugar, não quis e não quero que ilustre uma ideia de que romantizei o hipocondríaco, ok? sinto que esse escrito foi uma bagunça, geralmente eu apenas cuspo toda a meleca que criei, senti e vivi e deixo nas mãos de quem tenta absorver. está tudo bem se não teve efeito nenhum de entendimento na sua percepção, leitor. fiz uma explicação neste espaço anteriormente mas decidi deletar, prefiro que fique aberto a interpretações (como eu adoro que seja assim). um beijo doce! ✧

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⏰ Última atualização: Apr 13, 2023 ⏰

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o hipocondríaco despreocupado com a saúde Onde histórias criam vida. Descubra agora