Capítulo 11 - Padre

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Logo a missa começou e todos fizeram silêncio ouvindo o padre.

Jenna observava como Emma concentrava-se na missa, de fato ela era uma cristã devota e se interessava mesmo pelo que era pregado.

-Bom dia irmãos, na passagem de hoje Jesus está pregando sobre as boas obras. Será que realmente vale a pena ser cristão de fachada? Quando o homem rico perguntou o que precisava para entrar no reino dos céus, Jesus disse para ele dar tudo o que tem aos pobres o homem ficou triste! O que nos vale mais? Você quer ser rico e ter uma vida com abundância? Ótimo! Jesus não quer que seus filhos mendiguem o pão, mas não se esqueçam que o seu dinheiro não te leva até o céu! Se tens dinheiro pensem em seus irmãos necessitados, Jesus veio para salvar os perdidos, vocês precisam continuar essa missão, ajudem seus irmãos que estão mendigando o pão, mas não faças isso pensando em ganhar o céu, faça de boa vontade com um coração puro! Amém?

 A igreja disse amém e a missa prosseguiu, Jenna ficou refletindo sobre a palavras do padre, de fato o que ele havia tido fazia sentido, Emma estava chorando ao seu lado e quando percebeu entrelaçou suas mãos.

-Amor, aconteceu alguma coisa?- A mais nova olhou para sua esposa e segurou a vontade de abraça-la.

-Essa palavra de hoje falou muito comigo.- Jenna olhava estática para sua esposa, o que ela queria dizer? -Acho que vou conversar com o padre, quero ajudar nas causas da igreja.

-O que? Você está pensando em dar dinheiro para a igreja?!- Emma sorriu.

-Não, posso ajudar com trabalhos voluntários, mas se eu quiser contribuir financeiramente qual o problema?- Jenna engoliu em seco e voltou a prestar atenção na missa, passou alguns minutos e logo a pregação acabou, começando os avisos paroquiais.

-Irmãos, logo quando acabar a missa estarei fazendo confissões se alguém quiser, mas se alguém quiser rezar no altar da nossa senhora é só levar uma vela e ficar a vontade. Também lembrando que todas as segundas-feiras a partir das 17:00 temos terços das senhoras caso alguma se interesse, os irmãos me perguntaram se tem terço dos homens, mas a demanda de irmãos é muito pequena infelizmente, quando houver mais irmãos interessados no terço pensamos melhor sobre isso. Se alguma família se interessar em receber a capelinha em sua casa conversa com a irmã Cassandra, levanta a mão irmã por gentileza. -Uma senhorinha levantou a mão.- Ela pegará os nomes e fará as rotas para a capelinha abençoar a família de todos que quiserem.

 Assim que o padre terminou a missa logos os irmãos começaram a sair, alguns foram até o altar cheio de velas rezar, enquanto Emma ia para a confissão.

-Fique esperando sua esposa, mas preciso voltar para fazer o almoço de domingo.- Cynthia disse se despedindo junto com Oliver.

-Jenna.- Tia Anastácia apareceu com Antonella, sua filha e Lilly, sua neta. -Que saudades menina!

-Bença tia. Como vai Antonella?

-Vou bem, da oi para sua prima, Lilly.

-Oi.- Uma criança fofinha com um vestido rosado deu oi se escondendo na barra da saia da mãe.

-Olá, que mocinha que você já está, logo estará grande como sua mãe e avó.- As mulheres continuaram a conversa.

-Cadê sua esposa?- Tia Anastácia perguntou.

-Está se confessando.

-Mulher devota, gostei.- A mais velha disse e Jenna corou.

-Esposa? Como assim?- Antonella perguntou. -Não seria marido, prima?

-Não, me casei com uma mulher, Antonella.- A mulher arregalou os olhos e afastou Lilly de perto de sua prima.

-Isso é pecado Jenna! Como tem coragem de pisar na igreja cometendo tal absurdo!?

-Ai Antonella, deixa sua prima, ela não faz nada de errado.

-Como não mamãe? Vamos Lilly, não ficaremos na presença de tais pecadores.- A mulher pegou a criança no colo e a menina deu tchau para sua vovó e sua prima.

-Melhor ser casada com uma mulher do que com um cara que me deixou com um bebê recém-nascido para morar com outra.- Antonella parou de andar e virou para enxergar sua prima.

-Como é? Repete!

-Ora Antonella, Jenna tem razão! Pare de dar show na frente de solo sagrado!- Tia Anastácia se pronunciou, a discussão delas era ouvida dentro da igreja, Emma já havia terminado sua confissão e estava conversando com a irmã Cassandra para receber a capelinha, mas ao ouvir a voz de sua esposa saiu para ver o que estava acontecendo. O padre que também ouvia a discussão fez o sinal da cruz e saiu lá fora.

-O que está acontecendo? As senhoras não sabem que este lugar é sagrado?- O padre apareceu.

-Sabemos, mas eu não ficarei ouvindo desaforos sobre minha família.- Jenna disse.

-Desaforos? Ora, será que estou ficando louca? Padre, essa mulher mantém casamento com outra, isso é um absurdo!

-Irmã Antonella, entendo sua revolta, mas Jesus veio para resgatar os pecadores, se Jenna e Emma vivem em pecado isto não é de nossa responsabilidade.

-Quem é Emma?- Emma que até então estava em silêncio resolveu se pronunciar.

-Sou esposa de Jenna.- Emma se aproximou de sua esposa e entrelaçou suas mãos.

-Padre, me desculpe a pergunta, mas Emma gostaria de receber a capelinha em sua casa, posso permitir que a santa entre... Entre na casa delas?- A irmã Cassandra perguntou.

-Claro que sim! A capelinha passa na casa de todos aqueles que creem. Vocês creem?

-Sim.- Ambas as mulheres responderam juntas.

-Então caso resolvido. Se algum irmão destratá-las saiba que estará desrespeitando a vontade de próprio Cristo "Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei", ele não faz distinção de ninguém e nós não vamos fazer.

-Que absurdo!- Antonella disse saindo com sua filha.

-Perdoem-na, com licença.- Tia Anastácia saiu se sentindo envergonhada pelas ações de sua filha.

-Bom, Emma a capelinha passará na sua casa toda segunda, pode ser?- Irmã Cassandra perguntou.

-Claro.

-Amanhã eu levarei e explicarei melhor, bom domingo senhoras.- Ela se despediu.

-Me perdoe por esse circo na frente da igreja padre.- Emma se desculpou, sentia-se envergonhada.

-Não peça desculpas, nós temos muitos irmãos que ainda não encontraram o verdadeiro amor de Deus, saibam que sempre serão bem vindas! Um ótimo domingo senhoras.- Eles se despediram, o padre voltou para a igreja.

-Isso acontecerá com frequência, não?- Emma perguntou meio transtornada com os acontecimentos, ela só queria congregar na igreja como qualquer pessoa.

-Sim, você ficou chateada comigo?- Emma sorriu triste e fez carinho no rosto de sua esposa.

-Jamais ficaria chateada por ter defendido nossa família, estou chateada com sua prima, também com os irmãos da igreja que olhavam como se fossemos leprosas.

-Deixará de vir a igreja porque não se sente bem vinda?- Emma riu alto.

-Não, se eles se incomodam o problema é deles.

-Essa é a minha garota.- Emma corou e ambas foram para sua casa juntas sem se importar com os olhares tortos na rua, Jenna adorava a sensação se estar saindo com sua esposa de verdade, não como Isaac, mas sabia que logo a policia poderia bater em sua porta por qualquer motivo, ela havia pesquisado e existiam mais pessoas iguais a elas, mas eles se escondiam, pois a policia sempre inventada uma lei para prender, espancar ou até ser julgado a forca.

 Mas ela não se preocuparia com aquilo agora, não quando sua esposa estava feliz de ter ido a igreja e ela podia ver nitidamente sua felicidade.

Britlle |Jenna + Emma|Onde histórias criam vida. Descubra agora