RUFUS EMETERIO
18h30Eu e Mateo caminhamos em silêncio por alguns instantes, não um silêncio constrangedor, um silêncio de medo, era o que estávamos sentindo.
O medo que estávamos sentindo naquele momento. Pois iríamos morrer a qualquer momento, e era péssimo ficar lembrando disso toda hora. Sinto vontade de chorar, de fazer birra como uma criança pequena, pois não terei o que eu quero.
Tudo o que quero é um amanhã, acordar e percebi que sobrevivemos, que vencemos o sistema. Parei de caminhar quando Mateo parou para observar as estrelas, fui até o lado dele e observamos juntos.
O semblante tranquilo em seu rosto escondia bem tudo o que ele estava sentindo naquele momento. Por um instante, não pude deixar de sentir dó daquela cena. De vê-lo observando as estrelas pela última vez em sua vida.
Observei seu rosto sob a luz da lua, ele percebeu que eu o encarava e me encarou de volta, me fazendo sentir borboletas no estômago. O vento acariciava seus cabelos e a luz refletia em seu rosto em uma visão linda.
Não quebramos o contato visual por um instante sequer. Até que uma estrela à vista tomou nossa atenção.
— Olha, Rufus... uma estrela cadente! – Ele apontou, sorrindo feito uma criança.
— Você fez um desejo? – Perguntei, irônico, mas sua resposta me surpreendeu.
— Sim, eu fiz.
— Sério? O que você desejou? – Franzi o cenho e sorri, voltando a olhar para ele, que me encarou de volta.
— Eu não posso contar, é contra a lei universal dos desejos... – Ele sorriu e eu soltei uma risada nasal. Um silêncio tomou conta do ambiente. – Certo... – Ele desviou o olhar e suspirou, seus olhos marejaram. – Sem tempo para segredos...
— O que desejou? – Perguntei, me aproximando e envolvendo uma de suas mãos nas minhas. Ele me encarou.
— Que nós dois fôssemos duas outras pessoas. – Desviou o olhar novamente, piscando repetidamente para afastar as lágrimas – Pessoas que não precisassem dizer adeus.
— Não vamos dizer adeus, Mateo. Vamos morrer juntos, ao mesmo tempo, está bem? Nenhum vai ver o outro morrer, eu... – Meus olhos encheram de lágrimas, um nó se formou em minha garganta e eu continuei falando, com a voz trêmula. – Eu te amo.
Não houve resposta, mateo apenas segurou minha mão, levando sua outra mão até minha bochecha e acariciando a mesma.
E por fim, me beijou.
Continuamos seguindo nosso caminho em direção à casa de Mateo, de mãos dadas, com medo e com nós apertados em nossas gargantas.
Eu estava assustado, sentia-me desajeitado, não sabia o que dizer, onde atingi-lo. Eu o amo, e quero mais que tudo, que nós dois continuemos vivendo pelo menos por mais um dia. Eu quero amá-lo.
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Os dois morrem no final - Página extra
FanficOlá leitores, para vocês que já leram o livro, vocês encontrarão aqui uma "página" extra, escrita por mim (eu tirei inspirações de alguns lugares). A parte que eu escrevi se passa após a página 348, espero que vocês gostem. Boa leitura 😊