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Estacionei o carro na frente do portão da clínica. Aperto o interfone.

Estou bem longe da cidade. F.W.P ficava escondida em um bosque entre várias árvores. Nenhuma delas me dava medo. O lugar parecia uma floresta encantada, cheia de flores e vida, eu amava natureza, isso me dava mais certeza de que esse seria o melhor emprego do mundo.

O antigo diretor achou que quanto mais longe os pacientes ficassem do tumulto e poluição, mais rápido seriam curados.

O grande portão se abriu, entrei deixando meu carro no estacionamento de fora que era cheio de mesinhas.

Havia duas grandes estruturas em minha frente, chamavam-se Torre da Ponte, não sei direito o motivo do nome, mas só sei que parecia um castelo, tão grande que não dava para ver o que havia logo atrás dele. Era lindo, feito de tijolos bem vermelhos e uma coloração bege nas paredes de dentro.

Logo na recepção recebi meu jaleco, e pelo pedido da recepcionista eu o coloquei. Nele havia o meu cartão, com meu nome e minha foto, eu nunca fiquei tão feliz em ver um cartão. Ele dava permissão para eu entrar em qualquer sala do alojamento.

Senti uma mão encostando em meu ombro, era Bianca. Ela iria me guiar hoje igual fez em todos os 30 dias que passei pelo treinamento. Mas, dessa vez ela só iria me guiar até o refeitório, me dando as ultimas dicas, do resto, teria que fazer sozinha.

- Vamos? - ela disse e eu assenti com a cabeça.

Bianca deveria ter em média uns 30 anos, seus cabelos eram loiros e pele branca, seus olhos tão azuis quanto o céu. Ela era linda.

Ela começou a retomar algumas coisas que havia dito anteriormente e também me explicou que quando um paciente estiver mal, ou tiver tendo um ataque é obrigatório eu ajudar mesmo não sendo meu paciente. Me disse também que não podemos ser homofóbicos muito menos racista com os pacientes, duas coisas que eu nunca iria ser.

Temos de ser sempre carinhosas e rir das piadas mais sem graças deles, nunca deixá-los magoados, muito menos ignorar qualquer coisa que estiverem falando, por mais que seja besteira, pode ter um significado muito grande no futuro.

Enquanto passeamos pelos corredores percebo vários casais, um deles me chamou muita atenção pelo fato de serem fofos.

- Louis e Harry. - ela disse. - É um dos casais mais amados por aqui. Os dois se dão muito bem, sem contar que eles tem o mesmo problema, uma doença que os faz pensar que tem outra vida. Louis acha que é professor e fica dando aula para seus bichinhos de pelúcia, Harry acha que é um cantor famoso e que faz parte de uma banda. - ela terminou com um sorriso e eu sorri também.

- Eles parecem tão felizes juntos - digo.

- E são, não sei como eles viveriam um sem o outro. - ela responde sorrindo.

Continuamos caminhando até avistar outro casal, dessa vez era Liam e Zayn, eles também eram muito fofos, Zayn usava drogas e Liam era depressivo, os dois se deram muito bem e acabaram ajudando um ao outro.

- Bem, parece que da parte homofóbica eu posso ficar despreocupada. - Bianca para em frente a uma porta que dava a um grande refeitório e se vira para mim. Eu apenas sorrio.

Sinto um frio na barriga ao ouvi-la dizendo que eu teria de me virar daqui por diante, mas que poderia contar com ela para qualquer coisa.

Apesar do treinamento anterior, eu me senti como se não soubesse o que fazer. E se... de repente, acontecesse alguma coisa?

- Estou ao seu dispor qualquer coisa, pode me chamar em todos os momentos, estarei andando pelos corredores. Sua paciente está ai dentro, logo saberá quem é ela, e se não descobri, pergunte a um deles que eles te levarão a mesma. - sem dizer mais nada ela vai embora.

Respiro fundo e relaxo, é agora - penso- então, empurro a porta.

Não tem como voltar.

Ao entrar ninguém me percebe. Todos estão conversando, rindo, e até cantando.

Olho para o local e começo a reparar nos detalhes. Seu teto era grande e sua parede de fundo era toda de vidro, dando assim uma visão do belo jardim. Enfim as pessoas começam a me notar, não que eu queira, mas sei que uma hora ou outra eles iriam me ver.

Alguns se levantam e me dão as boas vindas, outros estão sentados mas acenam com as mãos. Noto cada um deles, todos sorrindo, felizes, será que era efeito dos remédios?

Sorrio para todos, fico feliz por serem tão simpáticos. Porém, mesmo eu reparando em todos não consigo achar quem eu quero. Até que, no meio de tanta música e tanta gargalhada, eu me deparo com um olhar triste. Era uma garota. No fundo do refeitório. Sozinha. Seu cabelo era daqueles que já devia ter sido pintado várias e várias vezes, mas agora estava com um tom caramelado.

Ela não sorria.

Seus olhos  pareciam nadar na tristeza, mas mesmo assim eu sabia que se ela sorrisse iria ser um daqueles sorrisos mais lindos do mundo.

Cedi então um grande sorriso a ela, que me olhava firmemente no meio da multidão feliz. Porém, em vez de retribuir, ela abaixou a cabeça e olhou para a parede de vidro.

Um garoto loiro, cuja o nome era Niall, havia me dado as boas vindas logo que entrei no refeitório, então decidiu subir a mesa, pegou um copo e pediu por atenção, não pude deixar de rir da sua atitude.

- Atenção, senhoras, senhores, lésbicas, gays, bis, extraterrestre e assim por diante. Lhes apresento nossa nova e linda médica, Selena Gomez! - ele disse e todos aplaudiram, menos ela.

Me virei para Niall que agora já estava com os pés no chão.

- Niall, você poderia me dizer, quem é aquela garota?

- Ah, aquela ali? Ela nunca falou com ninguém, a única coisa que a gente sabe dela é o nome, Demetria, mas todos a chamam de...

- Demi.



xx Gabriela.

Secret Psychopath ✿ slOnde histórias criam vida. Descubra agora