ALGUMAS PESSOAS costumam dizer por aí que nada e ninguém pode impedir o amor verdadeiro, que o amor vence todas as barreiras. Bom, isso é mentira. Há muitas coisas que podem impedir a felicidade de dois amantes apaixonados, sendo uma delas, a desapr...
Capítulo Um ━━━ "Era Uma Vez... Duas Mulheres Sozinhas na Floresta"
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ANTES
O SONGCORD BALANÇAVA nos quatro dedos longos de Najwa enquanto seu corpo magro e azul se movimentava delicadamente para frente e para trás, embalando a bebê pendurada em seu torso através de um tecido. De seus lábios, saíam cânticos melodiosos e graciosos, mas que carregavam um peso maior do que daquelas máquinas que derrubavam as árvores em que ela costumava dormir com um sorriso no rosto.
Ali, naquela noite fluorescente e fria da floresta de Pandora, Najwa cantava a música de sua vida. As luas, as estrelas, as chamas da pequena fogueira e a criança eram as únicas que escutavam sua história.
Os dedos finos da outra mão serpentearam por cada item no cordão, desde a primeira miçanga ─── quando era apenas uma criança ─── até a pedra que colheu assim que foi exilada do Clã há anos atrás.
Zola'u nìprrte', ma Nanti Ngati oel munge soaiane Lie si oe atanur Pähem parul, ti'ongokx ahuta Lawnol a mì te'lan Lawnol a mì te'lan
Najwasorriu ao trançar um novo item no cordão, uma pedra brilhante e muito bonita que encontrou no fundo de um rio assim que descobriu sua gravidez milagrosa. Eywa foi misericordiosa com ela, pois a deusa sabia que a alma de Najwa era inocente. A Grande Mãe a enviou um na'vi que a encontrou em seu pior momento, a abraçando e amando em meio à floresta. Najwa não sabia ao certo se Khalo realmente existiu ou se veio diretamente do Coração de Eywa. Na manhã seguinte do acasalamento, Najwa acordou sozinha na beira do rio. Khalo a deixou sozinha com a criança que em breve se desenvolveria em seu útero.
─── Ah, doce menina ─── Najwa sorriu para a filha que balbuciava em seu colo. ─── Agraciada seja com as bençãos da Grande Mãe.
Uma das mãozinhas de Nanti se ergueu, puxando a ponta do cordão suspenso sobre seu pequeno e frágil corpo. O corpo de sua mãe tremeu quando uma risada a escapou.
─── Você quer segurar meu waytelem? ─── ela balançou o cordão. ─── Um dia você terá o seu, Nanti. Com histórias bem mais felizes do que as minhas.
A garotinha sorriu para a mãe, agarrando o cordão.
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ANOS DEPOIS
ELA SABIA QUE DEVERIA ter escutado a mãe. Sabia que deveria obedecê-la, que a ordem de não se afastar demais era por algum motivo plausível, mas Nanti era somente uma criança. Uma garotinha agitada e curiosa. Ela escalou a árvore mais próxima, pendurando-se no galho e saltando para o cipó mais à frente. Pegando um impulso considerável, Nanti voou para o galho da próxima árvore, grunhindo ao pousar com muita força.
