Fica.

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No outro dia foi como se nada tivesse acontecido. Precisei conviver com o buraco que ficou no lugar do meu coração e com a pontada de dor chata e aguda sempre que o via agir com indiferença a mim.

Assim, dias se tornaram semanas. Passando como um grande borrão. Por um momento, cheguei a sentir uma raiva de Hoseok pela covardia, mas então olhei pra mim mesmo e percebi que eu também estava sendo um puta covarde.

Me martirizava pelos cantos, mas optei por trabalhar no meu estúdio em casa para evitar esbarrar com ele na empresa, ou seja, dessa vez eu também estava fugindo.

Decido por hora dar uma pausa na tentativa de produzir qualquer coisa que seja útil e saio do meu estúdio perdido em meus próprios pensamentos, enquanto caminho pelo longo corredor em direção a cozinha. Precisava comer algo sólido.

Havia perdido a conta de quantos dias estava vivendo a base de café e whisky. Eu era um fiasco quando se tratava de cuidar da minha própria saúde.

Andava sem a mínima vontade de cozinhar e por isso, abro os armários a procura de algo prático. Decido por um lámen, e quando estou prestes a pegar o pacote para dar início no preparo, me assusto com o barulho estridente do interfone tocando.

Solto um palavrão pelo susto e acho estranho o fato de ter alguém da portaria do condomínio me interfonando a esta hora. Não costumo receber visitas sem que sejam combinadas com antecedência.

— Pois não?!

— Boa noite, Yoongi-ssi. Desculpe a hora, mas seu amigo Jung Hoseok está na portaria e preciso da autorização para deixá-lo subir.

Pera aí, o que?

Hoseok está aqui no condomínio?

Depois de dias me evitando.

Depois de dias eu o evitando. Trabalhando em casa com medo de trombar com ele na empresa. Ele está aqui.

Normalmente ele me avisa sempre que vem, porque dessa vez foi diferente?

Varro meus olhos pelo lugar, conferindo se está tudo em ordem, meio desesperado.

Sempre sou muito calmo sobre qualquer situação, não importa o quão nervoso eu esteja, nunca deixo que meu nervosismo me faça parecer um babaca, mas agora era Hoseok. Na minha porta. Eu estava um caos.

— Sr. Min?

Acordo do meu pequeno colapso quando escuto a voz do segurança da portaria me chamando, novamente. Hoseok já era conhecido por Senhor Choi, mas devido às normas rígidas de segurança do condomínio ele precisava da minha autorização para a subida de qualquer indivíduo se não avisado com antecedência.

— Ah, desculpe. Claro, pode liberá-lo por favor. Certo. Obrigado.

Encaixo o aparelho em seu suporte e seco o suor que brotou em minhas mãos na calça moletom. Corro o caminho de volta rumo às escadas na intenção de trocar a camisa que estou vestido, porém no meio do percurso escuto a campainha tocar.

Porra.

Pela primeira vez, amaldiçoou o fato do meu apartamento ser tão grande, me impedindo de chegar ao quarto há tempo.

Meio desesperado, fico parado com um pé em cada degrau sem saber se sigo adiante ou se volto para abrir a porta, quando a campainha soa outra vez.

CARALHO.

Opto por fazer o caminho de volta, respirando fundo na intenção de acalmar meu coração que bate frenético dentro do peito.

"Certo. Chegou a hora de encará-lo. Você está bem Min Yoongi. É só o Hoseok. Você conhece ele há anos."

LOVER | SOPEOnde histórias criam vida. Descubra agora