Quente como o verão

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Capítulo 4

 

Acordei cedo nessa manhã de quarta, os feixes de luz que entravam por entre as cortinas realmente me incomodava. Coloquei minha mão sobre meu rosto, tentando poupar meus olhos dessa dor.
  Sinto um leve peso sobre meu corpo, é óbvio, é o Bill, tivemos que dormir espremidos nessa cama pequena, talvez fosse por isso que tivéssemos conseguido um quarto com três camas e não duas, mas isso é justificável, estavamos muito bêbados na noite passada.
  Bill está com uma perna e um braço jogados por cima de mim, me envolvendo no que parece um abraço esquisito. Tentei me mexer para sair daquela posição, mas tudo o que consegui foi Bill se mexendo pra caramba e reclamando por meio de um grunhido.

—— A perna cara, tira. — Digo quase que num sussurro, sabendo que Tom estava dormindo na cama ao lado.

—— Que foi? — Bill resmunga.

—— Tenho sérios problemas a resolver, será que vossa senhoria poderia me dar licença? — Digo calmamente.

Ele só tira a perna e o braço de cima de mim e volta a dormir, me deixando enfim sair, foi mais fácil do que pensei tirar ele de cima de mim, quando mais tempo passo com ele mais percebo a diferença de altura, que pra mim é bizarro, ele parece tão baixinho nas fotos.

Levanto devagar para não o incomodar ainda mais, começo a andar devagar em direção ao banheiro, tentando não acordar Tom com barulhos, mas acho que é tarde demais, escuto ele dizer rindo:

—— Lá vai ele com sua ereção matinal.

Não sei porque a mente masculina é assim, mas geralmente nesses momentos a resposta é sempre automática e sempre muito idiota, respondi instantaneamente:

—— Coloca a boca aqui pra você ver a ereção matinal.

  Nós como bons idiotas sem maturidade alguma, começamos a rir alto como bestas, o deixei rindo sozinho um tempinho depois, assim que entrei no banheiro.

Finalmente eu pude tomar um bom banho gelado, fazia tempo que eu não tomava um banho como este, geralmente quando estamos em turnê mal tenho tempo para pensar em tomar banho e nem...nada do tipo, então aquilo era mais do que prazeroso, era necessário ter um tempo para focar em mim, se é que vocês me entendem. Não enrolei muito no banho, vesti a mesma roupa e saí do banheiro, quando saí, Bill já não estava mais deitado, ele está sentado na cama, com cara de sono, maquiagem borrada e o cabelo todo bagunçado, provavelmente ele está criando coragem pra de fato levantar.

—— Bom dia príncipe do mal humor matinal. — Digo me aproximando.

—— Bom dia, Larry.

—— Está se sentindo bem?

—— Sim, só estou com um pouco de dor de cabeça, e fome. — Ele diz.

—— Tome um banho, talvez ajude na dor de cabeça, depois a gente saí e compra remédio e passamos no Mc Donald's.

  Ele só concorda, dou um sorrisinho para ele, o qual ele retribui e depois levanta, indo para o banheiro.
Me sento na cama e fico esperando por ele, provavelmente depois desse banho ele vá estar de mais bom humor, é compreensível ele estar assim, ninguém gosta de acordar cedo após uma noitada bebendo.

Enquanto esperava, peguei meu celular no bolso da minha calça, eu realmente tinha esquecido da existência desse celular ultimamente, mal tive tempo para isso também, exceto quando eu estava falando com Bill por mensagens ou chamadas, mas isso aconteceu pouquíssimas vezes. Assim que o desbloqueei, já foi possível ver centenas de notificações, há mensagens e chamadas perdidas de nosso produtor, notificações de sites de fofocas, orkut...coisas do tipo, a primeira coisa que fiz foi ver os sites de fofocas, as fofocas são prioridades para mim.

Como era de se esperar, o show de ontem já saiu em várias páginas de fofocas e jornais, há de tudo, desde críticas sobre o show até suposições sobre a participação dos gêmeos, pelo menos dessa vez não há teorias malucas como as da última turne que fizemos, em que nossos fãs juraram que eu e Emma eramos um casal.
Preferi ignorar as outras notificações, provavelmente nosso produtor teria mandado as mesmas mensagens para Håkon, então ele que respondesse.

  Bill logo saí do banheiro e sinceramente, esse é o jeito mais bonito que eu já o vi, ele é bonito pra cacete de qualquer forma, mas ele completamente sem maquiagem e de cabelo liso, isso sim ganhou meu coração.

—— Já te falaram que você fica incrivelmente lindo desse jeito?

—— Que jeito? — Ele pergunta confuso.

—— Do jeitinho que você está agora, tá fofo.

Ele dá um sorrisinho envergonhado, por um motivo bem óbvio na verdade, e agora que lembrei desse fato, faz sentido ele estar tão quieto nessa manhã.

—— Vamos? — Ele pergunta.

Apenas concordo e me levando, indo em direção a porta, ele apenas me segue.
Saímos rápido do hotel, com medo de sermos vistos por algum paparazzi ou fã, dessa vez fomos descuidados em escolher um hotel, geralmente pagamos para a mídia divulgar o local errado para podermos ficar em paz, mas dessa vez isso nem passou pelas nossa cabeças, fomos diretamente para a Van, infelizmente terei que ficar como motorista mais uma vez, eu odeio isso, mas amo o fato de que quem está no banco de passageiro é o Bill.
  Antes de sairmos ele fez questão de me roubar um selinho e depois simplesmente ficar em silêncio como se nada tivesse acontecido.

  Eu dirigi por basicamente toda a cidade de Berlim, passamos no Mc Donald's antes, o principal antes de tudo era nos alimentar, principalmente alimentar o Bill, já que ele provavelmente teria que tomar algum remédio para dor de cabeça, é...talvez tenhamos exagerado na bebida noite passada.
  Após comermos e finalmente comprarmos o remédio para ele, finalmente chegamos na parte que eu mais estava ansioso, a parte em que passeamos por ai como se nem sequer fossemos famosos, as vezes é bom sair por ai sem se importar, decidimos ir ao Mauerpark, um parque bem grande que há nas proximidades de Berlim, um lindo lugar inclusive, parece um parque que você iria em um domingo com a sua família para levar os cachorros para passear.
  Demos algumas voltas pelo lugar, aproveitando bastante a vista e a natureza, as coisas são lindas por aqui, mesmo que no outono, o fato do céu estar completamente cinza e as árvores alaranjadas em contraste não nos impossibilita que aproveitemos.
  Bill não parece ser o tipo de pessoa que gosta muito de sair, ele mesmo já me disse que prefere ficar em casa, mas hoje ele parece estar tão feliz que sua felicidade me traz confiança e conforto, é bom ver ele se divertindo enquanto observa os pássaros e os cachorrinhos no parque, não pude deixar de sorrir o tempo todo, aquele sorriso é encantador, somente com um simples sorriso ele consegue fazer meu dia mais feliz.

Antes eu não queria admitir que eu estou apaixonado, mas porra, é impossível não se apaixonar por esse garoto, eu amo simplesmente tudo nele, o jeito que seus olhos brilham, seu sorriso angelical, o jeito que seu cabelo é livre me remete as tempestades, sua personalidade é exatamente como o outono, mas ele é quente como o verão.
  Desviei meu olhar dele e passei a olhar para as árvores alaranjadas.

—— Você acredita em amor verdadeiro? — Pergunto.

—— Sim, claro, sempre acreditei em amores verdadeiros e eternos, você não?

—— Antes eu não acreditava nem um pouco nisso, achava uma baita baboseira, mas desde que te conheci passei a entender o conceito de "amor verdadeiro.

Ele ficou em silêncio por alguns instantes, o que me deixou levemente preocupado sobre se o que eu estava dizendo era certo, então continuei:

—— Sei que parece estranho, nos conhecemos a pouquíssimo tempo, mas eu nunca tive uma proximidade tão grande de alguém quanto a você, e é por isso que eu gosto de você, mesmo te conhecendo a pouco tempo você me entende e me completa. — Continuei. — Desculpa, eu devo estar falando muita bosta.

Hesitei um pouco, mas depois de um tempo então me virei para olhar para ele, ele estava sorrindo, maldito sorriso que sempre me desconfigura.
Ele só se aproxima, segura meu rosto e deixa um rápido selinho em meus lábios, tal selinho que disse mais que mil palavras, lembro de ter lido uma vez em uma revista onde ele dizia não gostar de namoro em lugar público, para quem não gosta disso, esse simples selinho foi um grande ato.
  Mais tarde retornamos ao hotel, onde passamos o início de tarde, até que todos finalmente acordaram e enfim estávamos prontos para pegar a estrada, mais uma vez.

Dear  Rockstar - Bill Kaulitz.Onde histórias criam vida. Descubra agora