Ficamos em lados opostos de um trem, um de frente para o outro, ambos carregando cópias de Grey's Anatomy que mal conseguíamos segurar. Nós dois éramos calouros, muito longe de casa, e parecíamos perdidos o suficiente para o papel. Sua universidade ficava três paradas depois da minha.
O ritmo relâmpago e a curva abrupta do metrô fizeram você bater contra mim e nossos dois livros caíram no chão aos nossos pés. Você os pegou, me devolveu um — eu tinha quase certeza de que havíamos trocado os exemplares — e me ofereceu sua mão.
— Oi — você disse, um pouco sem fôlego. — Você também, hein? — Você levantou o seu (ou meu?) exemplar.
— Acontece — Apertei sua mão e, quando você sorriu, todo o seu rosto se iluminou e eu também tive que sorrir. — Sou Jin.
— Oi, Jin. Então, qual é o propósito de sua leitura da obra de Henry Gray?
— Tente descobrir.
Realmente não foi um enigma difícil.
Uma olhada nos meus mocassins e saberia que eu estava estudando para ser médico. Na verdade, estava pensando em me formar em psicologia antes de ir para a faculdade de medicina. Eu nunca descobriria por que você escolheu os mocassins, de todas as coisas, para associar-se aos médicos. Nada em mim gritava médico — meu cabelo rosa estava parecendo um ninho de pássaros e eu usava uma blusa de tecido fino, definitivamente fora de lugar no outono.
Tentei localizá-lo, olhei de seu cabelo escuro, bagunçado e comprido, seu sorriso torto e o skate saindo da mochila, pulando até o par de converse verde surrado. Voltei para cima e parei em seus olhos. Ah, um artista. Eu tinha o livro porque estava lidando com os fatos duros e frios da aula de anatomia, a ciência, e você estava estudando as imagens, a arquitetura de nossos corpos.
Seus olhos eram azuis, quase cinzas, mas tão brilhantes que eu soube naquele momento que você era alguém que cria. Olhos assim deviam ter o poder de ver beleza em tudo, porque eles tinham tanta beleza própria.
Na verdade, eu disse isso a você. Ainda não sei o que me levou a fazer isso. Seu sorriso sincero se transformou em um sorriso malicioso. "Foram mesmo meus olhos que me delataram", você disse, e nesse ponto notei as manchas de tinta em sua camisa, braços, dedos, mãos e jeans, "ou você é apenas um escritor? Ou um ator, eu nunca pode dizer."
O trem parou e eu tive que sair ou me atrasar para minha próxima aula. Joguei as próximas palavras para você por cima do meu ombro: — Se continuarmos nos encontrando desse jeito, talvez você descubra.
Você não precisava. Você me pegou assim que disse isso.
— Você estará salvando vidas um dia! — respondeu por último.
E eu estou.
Percebi um segundo tarde demais que você nunca se apresentou adequadamente, nunca me disse como chamá-lo. Enquanto eu observava o trem se afastar, tudo se tornou um borrão, mas quando abri o livro que você me devolveu, algumas coisas ficaram claras, como o fato de termos trocado exemplares.
Ou o fato de que seu nome, rabiscado em uma caligrafia caprichada no final da página de rosto, era Namjoon.
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Our Playlist | Namjin
Fanfic[CONCLUÍDA] 🦋 Um aspirante a médico e um artista se encontram por acaso. Uma história sobre trens, paintball, arte e a lembrança do primeiro amor. Namjin!Centric | Shortfic