Capítulo 3: Descobrimento

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Essa semana toda não teve aula, a escola estava em reforma, então liberaram os alunos para poderem descansar. Durante esse período, fomos todos os dias à igreja, mesmo contra minha vontade, mas não poderia deixar de ir já que minha mãe me convenceu dizendo que a deixaria feliz, então eu fui sem reclamar.

Na igreja, Peter estava junto ao coral todos os dias de culto, como baterista, seu semblante era como de uma criança que não gosta do lugar onde está, como se estivesse ali somente por obrigação, o que não deixa de ser a verdade, Peter só estava frequentando esse tipo de lugar pois seu pai é o pastor. Ao final do culto, o avistei do lado de fora da igreja enquanto meus pais conversavam com o pastor.

- Está tudo bem Peter? Perguntei enquanto me sentava na calçada ao seu lado, colocando minha mão direita sobre seu ombro esquerdo.

- O que você acha Tyler? Meu pai diz estar pensando em me mandar para o exército, onde eu aprenderia o que é ser homem.

- Mas você já serviu, não pode te mandar para lá sem fazer uma prova antes.

- Ele tem um fiel aqui na igreja que é general do exército, então meu pai conversou com esse homem e ele disse que iria tentar me pôr para dentro sem precisar da prova.

- Eu sinto muito de verdade, sabe que eu não quero que você vá, precisamos de você na banda e eu preciso de você na minha vida. Vamos dar um jeito eu prometo. O abracei com meu braço direito enquanto selava o topo de sua cabeça com meus lábios e deitava a mesma em meu peito, confortando-o.

Nesse momento uma sombra alta e grande se aproxima de mim e de Peter e fica parada atrás de nós.

- Tyler! Vamos embora agora. Disse o homem com a voz grossa e com tom de autoridade, era meu pai.

Imediatamente me afastei de Peter levantando e indo em direção ao nosso carro. De longe, enquanto estava dentro do veículo com os vidros escuros fechados, pude ver o garoto ainda cabisbaixo, sentado na calçada.

Durante a viagem foi um silêncio incômodo, meu pai hora ou outra olhava para mim que estava sentado no banco de trás sozinho enquanto olhava meu Twitter, mas as vezes via que o mesmo me encarava pelo retrovisor com um semblante bravo e sério, enquanto minha mãe apenas olhava a vista pela janela do banco do carona.

Ao chegar em casa ela foi direto para seu quarto e fechou a porta, e meu pai entrou por último em casa e quando eu estava chegando na porta do meu quarto, ele me gritou dizendo que era para eu ir pra sala e me sentar no sofá.

- Tyler, meu filho. Ele suspirava enquanto andava de um lado para o outro com a mão na cintura. – O que foi que eu te disse sobre andar com aquele menino?

- Pai, a gente só estava conversando.

- Você acha que eu não vi como vocês se abraçaram? Aliás, eu e toda igreja. Ele para na minha frente e me olha levantando as sobrancelhas como se estivesse esperando uma resposta.

- Pai ele estava triste, eu só fui consolar meu amigo, nada demais.

- É por isso que ele é frágil, ele tem que aprender a virar homem e aceitar as coisas como são e se você continuar com isso vai acabar virando igual ele. Homem de verdade não fica triste de cabeça baixa por aí, enfrente seus problemas de cabeça erguida. Ele se sentou na mesa de centro que fica em frente ao sofá onde eu estava sentado e olhou para os meus olhos enquanto dizia essas coisas. Nesse momento meu sangue começou a ferver e meus nervos a ficarem mais aguçados.

- Para você é fácil falar, não teve tempo de ficar triste nos últimos dois anos, não pai? Me levantei rapidamente indo para longe dele, indo em direção a cozinha.

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