Servidão;

23 7 1
                                    

O Pines permaneceu parado no corredor da última conversa por algum tempo, extremamente incomodado com o que escutou do loiro.

Ele estava quase indo atrás do outro, quando viu sua esposa de calcinha e sutiã pela casa, arrastando o pomposo vestido por aí, arrastando um imenso véu por trás de si e com uma garrafa de bebida em mãos.

Quando esta o viu, acenou com um sorriso alcoólico e começou a se aproximar.

— Hey, Dipper! — Exclamou Pacífica, já de pé à sua frente. — O que te deixou assim, gatinho? Eu sei que nosso casamento é uma fachada de merda, mas, porra, eu não sou tão ruim assim.

O moreno teria rido, se a vontade de morrer não fosse maior.

— Pacífica, quem... Quem é aquele cara?

— Que cara? Tem muitos nessa casa.

— O loiro...

— Loiro?!

A garota parecia surpresa, mas aquilo não parecia fazer muito sentido.

— Dipper, você tem certeza do que está falando?

— Hã... Sim? O cara era loiro, eu não sou daltônico.

Pacífica entrou em reflexão, pensando consigo mesma sobre algo indecifrável aos olhos do Pines.

— Okay. Você viu um cara loiro, isso é problemático.

— Oi?

— Problemas de mais, quer saber... Vem comigo. Para você tirar essa cara de lezo e não cometer erros por aqui, preciso te mostrar uma coisa sobre minha família.

Arrastando-o pelo corredor, mesmo com a cerveja e o vestido em mãos, ela o guiou pela casa até uma parte cujo carpete vermelho parecia quase nunca ter sido sequer pisoteado.

Descalça sobre a maciês, Pacífica parou perante um grande quadro encapado que praticamente cobria toda a parede.

Quando puxou o tecido preto de cima, o quadro de uma família foi revelado e havia muito mais gente do que apenas a loira e seus pais.

Ao lado do Northwest, havia um homem alto, de roupas negras, com um véu igualmente preto cobrindo seu rosto, e mais três outros seres usando chapéu e véu. Eram menores, na altura da loira, e cada um tinha uma cor, sendo elas vermelho para o mais alto, amarelo para o do meio e azul para o menor.

Pacífica e seus pais pareciam felizes com algo em comum, enquanto os outros sujeitos permaneciam numa postura de sublime formalidade.

— Pacífica, o que é esse povo? O cara que eu encontrei usava um desses chapéis esquisitões.

A loira piscou para a pintura, largou o vestido no chão e apontou para o homem alto de preto.

— Esse é o Lorde Cipher. Ele foi pêgo por nossos antepassados para trabalhar para nossa família como servo, mas nos deu seus filhos em troca de sua liberdade. Não parece, mas ele está bem feliz por debaixo daquele pano.

Aquilo era meio cruel de se pensar, afinal, se sua liberdade foi trocada por seus filhos, então não teriam eles que arcar com seus anos de serviço?

— E isso significa exatamente o que você está pensando — Disse ela, como se lesse seus pensamentos. — Lorde Cipher deixou seus três filhos nas mãos dos Northwest. Em sentido ultra literal. Eles estão fadados a servir minha família, e agora a você, por toda a eternidade, e, oh, eles entendem bastante sobre coisas eternas.

— Isso é... Loucura. Coitados! Não podemos só libertar eles e contratar pessoas comuns sem um passado fodido para trabalharem aqui e serem remuneradas de forma honesta? Isso não é, tipo assim, meio que um crime?!

Pacífica deu de ombros.

— Seja como for, Pines, agora eles estão em suas mãos também. Não pode facilitar as coisas para eles, não é assim que funciona.

— E quem disse que eu quero alguém na minha mão? Minha filha, tô fora de trabalho escravo, me recuso a isso!

Pacífica riu, como se aquilo fosse a maior piada do dia, fora seu casamento.

— Dipper, oh, Dipper... Vou te explicar uma coisa sobre esses três queridos aqui: eles são muito mais tentadores do que você imagina. Tome cuidado, pode ser que você é quem termine na mão deles.

— Isso é ridículo, estou falando de liberdade. Dignidade. Aliás, esse de amarelo, quem é ele?

Pacífica olhou a pintura e sorriu.

— Ah, esse é bem interessante. Nunca vi seu rosto, mas tem uma personalidade forte, é bem centrado e não cede facilmente. Profissional, eu diria. Você não tem chances, meu bem.

Dipper revirou os olhos. Era verdade que havia se interessado meramente pelo outro há alguns momentos atrás, mas essa história estava muito mais interessante do que apenas um corpo.

— Por que eles usam essas coisas na cabeça?

— Sabe... Eu vou deixar que você descubra isso por si só. Vai ser divertido. Me conte quando descobrir.

A loira, então, havia decidido dar repentinamente as costas para Dipper e seguir seu caminho pela casa.

— Ei! Mas qual é o nome dele?!

Dipper teria corrido atrás da outra, se uma voz atrás de si não houvesse o paralisado.

— Bill Cipher, Monsieur.

Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Apr 16, 2023 ⏰

Adicione esta história à sua Biblioteca e seja notificado quando novos capítulos chegarem!

Yellow Is The New Black - BillDip Onde histórias criam vida. Descubra agora