Capítulo II: Ações

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O céu que Rikkudou-sennin pintara àquela manhã tinha uma cor rosada e quase inocente. De dentro de um estabelecimento pequeno, Naruto observava a paisagem mudar conforme os segundos se passavam. Ele especialmente prestava atenção na forma como as nuvens se moviam sobre o céu como se dançassem e quisessem ser observadas, ou como o sol gostava de brincar de esconde esconde com elas e ora ou outra se escondia e aparecia somente depois de alguns minutos. Era engraçado. E era estranho. O garoto não tivera muito tempo antes para observar essas pequenas coisas da vida e agora que ele tinha uma chance, Naruto queria observar cada coisa e se possível, ele gostaria de fazer perguntas também.

O cheiro de doces logo tão cedo não era tão agradável assim, mas ele conseguia sentir o gosto do chocolate e da baunilha se misturando em sua língua toda vez que olhava para os bolos. E embora não gostasse muito de doces por vários motivos, o garoto ainda admirava suas decorações suaves e bem trabalhadas enquanto esperava por seu... Pai? Mentor? Salvador? Naruto ainda não tinha certeza sobre como se dirigir a ele.

Orochimaru era um sujeito peculiar e era dessa forma que ele o descreveria se alguém perguntasse sua opinião sobre o homem. Logo após o ninja o fazer aquele convite ambos se esgueiraram em silêncio para fora da vila, deixando tudo para trás, a pequena casa de Naruto, o bom e velho rámen, e todas as pessoas que ali moravam - que o odiavam e deveriam estar planejando um festival para comemorar seu sumiço. Silêncio e mistério pareciam o envolver enquanto Naruto seguia o ninja mais experiente por um caminho estreito e escorregadio, observando seus trejeitos e técnicas com grande atenção, ainda que por várias vezes precisasse de sua ajuda num pulo mais elaborada ou para atravessar a correnteza furiosa e gelada das águas, já que ele não tinha aprendido a concentrar seu chakra nos pés.

Naruto ainda estava se acostumando com o pensamento de não saber o que seu futuro tinha guardado para si. E a medida em que ele cortava outra fatia de pão e passava manteiga nele, Naruto repensava sobre como sempre sonhou em ser o Hokage de sua vila para que todos fossem seus amigos, para que todos o respeitassem por ser o mais forte. E enquanto comia, ele concluiu que talvez isso só se tornaria verdade se ele fundasse a sua própria vila - uma vila que aceitasse todos como eles são, uma que não humilhasse ou fizesse alguém se sentir mal por coisas que ele não entendia.

O som do sino atraiu sua atenção de volta para a porta e por ela entrava um casal mercantil. Naruto prestou atenção no som dos passos deles e no que eles diziam por alguns segundos, mas rapidamente todo o barulho foi engolido pelos sons de risos de crianças correndo pelas ruas, o suave cantar dos pássaros e os seus pensamentos retornando para o mesmo lugar assim que ele os viu se sentar numa mesa afastada da sua para tratar de negócios com o dono daquele estabelecimento. Principalmente, o jovem Uzumaki pensava nas perguntas que o mantinham acordado durante a noite ou em esperanças e sonhos agora se tornando mais reais do que antes poderia ser possível.

 Alguém não o olhava como se ele fosse um monstro, alguém o tratava como se ele fosse uma criança normal e isso trazia um pequeno sorriso para seu rosto bagunçado.

"Quase tão bom para ser verdade," Naruto sussurrou para ninguém em específico. "Espero que não seja um sonho."

"O que deveria ser um sonho, pequenino?" A voz arrastada de Orochimaru sobre seus ouvidos quase o fez gritar de susto e a reação dele pareceu divertir bastante o homem, pois ele soltou um riso sibilado, quase como uma cobra. "Não me contive, desculpe. Espero que não tenha se sentido entediado aqui sozinho."

Naruto negou com um gesto de sua mão e olhou em volta. "De forma alguma, havia muita coisa para observar aqui. E o pão estava muito bom, obrigado."

O garoto suprimiu a vontade de o contar que estava acostumado a ficar sozinho desde que se lembrava, ele julgou que não era um tópico apropriado para se ter numa hora daquelas. Se é que existe horário para se ter uma conversa sobre isso. Mas essa hesitação dele pareceu ser notada pelo o homem que o deu um olhar compreensivo. 

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⏰ Última atualização: Aug 06, 2023 ⏰

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