04; Juventude e Embriaguez

99 16 16
                                    

LO#ERTOWN

Ao completarem dezenove anos, com a realidade e deveres batendo na porta, Jeno e Jaemin precisaram fazer uma escolha. Em uma manhã qualquer, antes das aulas da faculdade começarem, os garotos foram pegos desprevenidos com cartas convocando-os para o alistamento obrigatório.

A princípio, eles não estavam realmente preocupados em servir, era uma obrigação que já esperavam e, bom, não havia o que fazer para fugir daquilo, só poderiam postergar até os vinte e oito anos ou coisa do tipo, sem escapatória. De modo que, a única coisa que os preocupava em relação ao alistamento era o tempo em que precisariam se ausentar, era o tempo em que seriam obrigados a deixar Renjun sozinho.

A ideia inicial era para eles se alistarem juntos, iriam iniciar a faculdade e logo que completassem o primeiro ano, iriam trancar o curso para cumprirem o serviço militar e voltarem em um ano e meio. Era o que quase todos faziam, mas não daria certo com eles.

Portanto, eles decidiram ir um por vez, ignorando todos os protestos de Renjun contra aquela, chamada por ele, bobagem.

E como o mais ansioso para se livrar daquilo, Jeno foi o primeiro a comparecer ao local designado para ele, se alistando em meados de maio, logo depois de seu aniversário de vinte e um anos.

Assim, Renjun e Jaemin revezavam para limpar o quarto de Jeno no apartamento que haviam alugado perto da faculdade. Com o enorme crédito que haviam com suas famílias, tanto por seus desempenhos escolares quanto pelo ótimo comportamento, não foi uma dor de cabeça quando consideraram sair de casa para não precisarem pegar mais três horas de metrô para irem e voltarem da faculdade.

Por serem três famílias, ficou bem mais fácil na hora de dividir o aluguel, mas Renjun e Jaemin ainda precisavam pagar as contas do mês e terem um dinheiro para suprir algumas outras necessidades. Ainda que os avós de Jeno constantemente viessem visitá-los e estivessem mantendo a geladeira cheia com dezenas de potes com comidas dos deuses, ambos os garotos passaram a trabalhar; Renjun em uma cafeteria perto do prédio que moravam e Jaemin em uma lojinha de conveniência.

Foi um início estável. Mantinham contato frequente com Jeno, que usava as folgas para visitar tanto o apartamento quanto seus avós, comiam bem, continuavam a estudar como condenados - não havia um único dia em que não se questionassem do porquê de terem escolhido cursar uma das engenharias - e, por questões de 'traumas recentes', permaneciam solteiros.

Em uma noite de sexta-feira, quando o relógio finalmente bateu as seis e meia, Renjun deixou seu posto na cafeteria. Reunindo todos os seus pertences espalhados por trás do balcão e se preparando para sair, pendurou o avental no vestiário e foi cumprimentar o colega que entraria em seu lugar, jogando a mochila nas costas e não olhando para trás quando saiu do estabelecimento, caminhando lentamente até a conveniência ao lado.

Parando do lado de fora, Renjun deixou escapar um sorriso divertido ao ver uma cabeça alaranjada escondida atrás do caixa da loja. Ele não precisava ter visão de raio-x para saber que Jaemin estava com a cara enfiada em um dos milhares de livros que precisavam ler para a faculdade, a quantidade de câmeras dentro da loja dava uma folga para ele, e Renjun definitivamente invejava aquela paz, ele não tinha nem mesmo um terço dela na cafeteria sempre lotada.

- Nana? - o sininho da porta tocou ao que ele entrava, mas o barulho não foi suficiente para atrair a atenção de Jaemin, que continuava concentrado no que Renjun descobriu mais tarde ser uma lista de exercícios. Ignorado na primeira tentativa, ele se aproximou do caixa, tocando no ombro do amigo e o cumprimentando com um sorriso morno. - Vamos?

- Hum? - como um gatinho, Nana se espreguiçou todo, esticando os braços, as pernas e bocejando alto, bagunçando o cabelo já arrepiado no processo.

No meio do primeiro ano do curso, Jaemin havia se cansado do cabelo rosado, optando pela cor alaranjada na época de retocar a tinta, e Renjun havia ficado completamente fascinado pela forma como alguém conseguia ficar bonito naquele tom tão vibrante, que mesmo todo bagunçado pelas vezes que ele passava os dedos por entre os fios, ainda continuava um charme.

LO#ERTOWNOnde histórias criam vida. Descubra agora