LO#ERTOWN

06; Saudades e Pertencimento

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Assim como havia imaginado, a ausência de Jaemin mexeu com Renjun logo nas primeiras horas, quando não teve onde se refugiar depois de uma sessão exaustiva de estudos.

Ele queria uma boa noite de sono com os braços de Nana ao seu redor, ansiando pelo conforto que apenas ele poderia lhe passar naquele momento, queria o carinho dele, os beijos calorosos, a voz dele lhe acolhendo... ah, como sentia falta de Jaemin.

E da mesma forma como havia feito nos últimos dois anos, não demorou para Renjun buscar suprir esse vazio se aprofundando em sua relação com Jeno.

Renjun passou a acompanhá-lo para noitadas regadas a álcool nos bares próximos ao prédio, Jeno, que agora ocupava o cargo de Jaemin na loja de conveniência, era um parceiro ativo nessas escapadas. Logo após o trabalho, eles se dirigiam às reuniões com os colegas da faculdade, que faziam questão de ter o Lee entre eles e, consequentemente, Renjun também.

Depois de passar tanto tempo em um estilo de vida mais caseiro, Renjun não estava mais acostumado a estar cercado por tantas pessoas e com a música alta tocando em sua cabeça sem parar, mas se esforçava para acompanhar o ritmo de Jeno.

Do outro lado da história, Jeno não havia deixado passar despercebido o esforço que Renjun fazia para acompanhá-lo. Renjun não era do tipo que fazia cara feia quando era chamado para algo que claramente não queria participar. Pelo contrário, ele sempre abria um sorriso animado e se enfiava onde quer que seus amigos lhe arrastasse, característica sua que fazia todos ao redor dele querer chamá-lo para tudo.

Se não fossem os mais de quinze anos de amizade, Jeno talvez não teria notado como o menor sempre parecia exausto depois de cada saída. Mas não era apenas um cansaço físico que se manifestava na aparência dele, era algum tipo de exaustão emocional, que ficava cada dia mais evidente, e preocupante também.

Em algumas noites mais recentes, Renjun se despedia com um "boa noite" fraquinho, sua voz mais fragilizada do que Jeno estava acostumado a ouvir, seus olhos pequenos e avermelhados expunham o esforço que ele fazia para se conter, como se estivesse prestes a ir chorar sozinho em seu quarto.

Jeno achou que poderia ser a saudade que ele sentia de Jaemin gritando mais alto, assim, depois do primeiro mês com aquele dia a dia agitado, ele resolveu diminuir a frequência das saídas, reservando-as apenas para as sexta-feiras e quando dava aos sábados, dando um tempo para o outro se adaptar. E se redimindo do pequeno abuso que havia feito da boa vontade do menor, que nunca negaria sair consigo, mesmo que isso custasse um pouquinho de si.

O aspecto exausto de Renjun sumiu quase por inteiro após uma semana de repouso. Ele acordava visivelmente mais tranquilo e parecia mais vivo dentro de casa, mais disposto. Mas assim como Jeno notava a diferença na postura de Renjun, ele se pegou assustado com a quantidade de doces que o menor vinha comendo nos últimos dias.

Se fosse Jaemin, ele não se importaria. Nana era um completo viciado em doces, amava e nunca negava quando lhe ofereciam, mas Renjun... ele amava sua pele lisinha mais do que a sensação gostosa do açúcar. Todos eles tinham algum tipo de trauma causado por acne na adolescência, mas Renjun era o mais obcecado quanto a isso, se recusando a colocar qualquer tipo de chocolate na boca até conseguir passar pela pior fase da puberdade.

Orgulhosamente, ele conseguiu sair ileso, sem nenhuma cicatriz ou mancha por falta de protetor solar.

E era exatamente por isso que Jeno não compreendia todas aquelas embalagens de chocolate no lixo da cozinha. Estava começando a suspeitar que o buraco daquela desanimo todo fosse muito mais embaixo do que ele imaginava, era como se Renjun estivesse sofrendo sozinho, como se estivesse passando por uma perda ou algo do tipo.