Bem Vindo a vizinhança

{In} conveniente

Wally cantarolava enquanto se arrumava para o show, estava ansioso para receber seu novo convidado, como protagonista ele sempre deve estar bem apresentável.

O boneco tinha cabelos azuis, pele amarela aveludada e olhos pretos, usando suas calças coloridas, blusa azul e seu típico lenço vermelho no pescoço.

Ele estava arrumando seu topete, demorou alguns minutos para finalizar o penteado, satisfeito com o resultado sorriu para o espelho.

Quando terminou colocou seu melhor sorriso e saiu de sua amada casa, olhou para o céu percebendo o lindo dia ensolarado.

- Espero que hoje seja um dia divertido – falou Wally alegremente.

Home concordou batendo as portas, a residência sempre foi muito exigente com os moradores da vila, tudo tinha que estar na mais perfeita harmonia.

- Por que será que o convidado está demorando Home? - falou o ser de cabelo azul ansioso - será que ele se perdeu? ou será que eles não cumpriram nosso amigável pedido novamente?

Ouviu o ranger da casa em discordância.

- Não, eles não seriam bobos de fazer isso novamente - falou com um semblante sério - odiaria quebrar mais dos nossos preciosos lápis.

Um sorriso macabro surgiu no rosto do Wally, Home bate à porta em concordância, fazendo o ser amarelo rir.

Demorou mais alguns minutos para que Home sentir mais um convidado entrar em seu domínio, não era comum dois de uma vez, isso deixou a residência ficar curiosa.

Ao perceber que o convidado estava chegando, Home permitiu a aproximação de dois funcionários do laboratório, eles tinham a função de cameraman.

Esses homens eram agentes de cartão verde, o nível mais baixo que poderia ter, também podem chamar de cobaias, podendo ser civis, prisioneiros ou funcionários desobedientes, humanos descartáveis e sem muita importância.

Eles estavam usando uma roupa e máscaras totalmente verdes, como se fizessem parte do fundo, depois de tantas tentativas e erros o laboratório 47 aprendeu a lidar com esse lugar.

O ser amarelo achava engraçado a forma que os humanos tendem a se comportar em sua volta, por isso apelidou todos de Lápis, afinal todos eram apenas ferramentas para atingir seu objetivo.

Os que não eram lápis, são seus telespectadores "afinal o que seriam de um Show sem seus fãs?"

Wally não conseguia ver os rostos deles por causa das máscaras, mas podia sentir o cheiro de medo vindo dos homens, isso fez seu sorriso se ampliar.

Ao sentir que eles se encolherem, teve a confirmação que essas pobres almas foram obrigadas a estar ali, era comum substituir o pessoal da produção.

Pois não duravam muito, seus corpos tendem falhar, não foram feitos para esse ambiente, tendem a adoecer, suas mentes a quebrar e enlouquecer.

"Patéticos e frágeis demais" pensou com desgosto "imperfeitos".

Olhou para câmera, ele sabia que alguém o assistia do outro lado, ele podia sentir a adoração de seus telespectadores, levou um tempo, mas seus seguidores sempre forneciam o que ele precisava.

Os pobrezinhos achavam que tinham o controle, mas não passavam de mariposas em volta da luz.

Wally aprendeu com os seus erros, não cairia no esquecimento novamente...

"Não me importo com o que os Lápis fazem, desde que cumprissem o trato" pensou o boneco de cabelos azuis "afinal o que importa é a felicidade de Home."