Berço Dos Lobos - Englot

capítulo 4

Só para contextualizar, aqui “Khaleesi”, tem o significado de “Alfa” ou “comandante”, eu gosto muito da Dany, então coloquei aqui nesse contexto.

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Pov Engfa.

— Aonde você pensa que vai, Apsara?

— Trabalhar — responde, como se fosse a coisa mais óbvia do mundo.

Deusa. Essa garota não facilita.

— Você realmente vai ficar no meu pé? Não percebe que sou adulta e posso muito bem começar a trabalhar? Estou cansada de você me tratando como uma criança, P'Fa, já não suporto mais!

Minha irmã avança um passo, ficando cara a cara comigo.

— Eu sei o quanto você sofreu com a morte dos nossos pais e o peso de se tornar a Khaleesi, mas precisa entender que eu não sou mais aquela garotinha que você teve que criar sozinha. Você precisa me deixar viver e respeitar minhas escolhas — ela diz, com lágrimas já se formando nos olhos.

É sempre assim quando falamos dos nossos pais. 

Eles morreram em um trágico acidente de carro, e desde então, tive que assumir o posto de Khaleesi, além de cuidar da minha irmã, que na época era apenas uma adolescente.

— Eu sei, Yo, você está certa — admito, tentando ser mais compreensiva. — Mas tente enxergar do meu ponto de vista. Eu me preocupo com você, e a verdade é que nem sempre você foi responsável. Esse trabalho que você quer não faz sentido pra mim. Você sabe que não precisa trabalhar. Não temos tudo o que precisamos aqui? — pergunto, buscando uma razão.

Nós, os Quileute, ou Tawa, somos uma matilha. Vivemos mais tempo do que os Kalawa, mas isso não significa que somos imortais. Tudo o que vive um dia morre… mas sempre buscamos viver discretamente e em paz na nossa terra. Apenas alguns poucos moradores antigos da ilha conhecem nosso segredo.

Houve um tempo na nossa história em que fomos caçados até quase a extinção. Poucos de nós sobreviveram, fugindo para as Montanhas da província de Mueang Suea — que agora é uma reserva nativa —, os antigos mais moradores a chamam a reserva de o Berço dos Lobos, pois foi ali que meu antepassado fundou uma pequena vila e rapidamente se tornou o líder. Desde então, nos tornamos apenas um mito, uma lenda, e assim permanecemos.

Alguns da matilha vivem na Cidade Velha, entre os Kalawa, mas todos seguem as leis do nosso povo. E eu, por minha vez, respeito suas escolhas e os protejo, assim como protegemos nosso povo.

— Minha irmã, você sabe que temos de tudo. E não é só por isso que estou desconfiada daquela recém-chegada... ela pode ser uma Talako.

— Ela não é uma caçadora, P'Engfa. Ela me acolheu antes mesmo de me conhecer e nunca duvidou de mim. E é a única amiga verdadeira que fiz. Você sabe que as mulheres da matilha não gostam de mim, acham que sou fraca, principalmente Hedid. Então, por favor, seja gentil com Charlotte. Ela é importante para mim.

— Tudo bem, Yo, não vou mais me meter no seu trabalho. Se você está feliz, então eu também ficarei feliz por você — toquei seu nariz de leve com o dedo e sorri. — E, para provar minha boa fé, vou até passar lá para tomar um café. O que acha? — perguntei, já antecipando sua reação.

— Ah, irmãzinha, nada me faria mais feliz! — ela exclamou, radiante. — E, além disso, P'Fa, você tem que compensar pela má impressão que deixou com a Charlotte. Gritar comigo na frente dela não deixou minha chefe nada contente.