There's something between us
That's too major to ignore
May not be eternal, but
Nocturnal, nothing more>>><<<
— Só estou aqui por uma necessidade, Tony. — Steve começa, seus dedos inquietos denunciando certo desconforto. — Acredite em mim, eu não queria te incomodar. — ele continua o mesmo, penso, não importa quanto tempo passe. Olhos baixos e passivos, mas fortes, e ombros altos em contraste, numa pose constante de humildade misturada com arrogância. Enfim, a cara da América.
Um porre.
O cheiro açucarado de Bucky ainda em meus lençóis infelizmente não é o bastante pra amenizar a tensão no ar, e possivelmente Rogers também está sentindo a fragrância ao longe, uma vez que a curiosidade em seu semblante chega a ser cômica. Seus olhos azulados discretamente passeiam pela camiseta que estou vestindo de vez em quando, pois ela é um número maior do que eu e de fato chama a atenção. E é como se ele a reconhecesse, embora não parecesse tão certo disso. Quase posso sentir a confusão em sua cabeça, as engrenagens girando em busca de uma explicação lógica para o que encontrou ao aparecer na minha cobertura.
James coincidentemente resolvera se enfiar no banheiro assim que o loiro deu o ar da graça, dez minutos depois da tal ligação. Não protestei, porque na verdade estava mais preocupado em especular o que diabos Steve poderia querer comigo àquela hora da madrugada, ainda que tecnicamente já fosse manhã. Fitei seu rosto e apenas assenti em silêncio, soltando um longo suspiro em sinal de derrota. Não estávamos brigados, contudo claramente não éramos mais próximos como antes. Como seríamos? A confiança é igual a um espelho; uma vez quebrado, por mais que alguém o remende, os riscos permanecem. Em outras palavras, estamos zerados e nunca sairemos disso.
Então eu abro os braços em um gesto receptivo e forçado, deliberadamente forçado:
— Desembucha, Cap, que eu não tenho o dia todo. — caminhei até a janela e abri as cortinas, dando uma olhada na paisagem familiar de Manhattan.
— Wilson me disse que falou com você sobre...
— E você virou pombo-correio do passarinho, foi? — soltei uma risada sem humor, ainda observando os prédios à minha frente. — Engraçado.
— Tony. — diz Steve, em tom repreendedor, e tenho vontade de revirar os olhos. — Isso é sério.
— Certo. — murmurei e me virei para encará-lo novamente, dessa vez com um pouco mais de seriedade. — Sabe que tá ficando repetitivo, né? Você some com seus amiguinhos, não dá notícias, não dá explicações, e então quando precisa de ajuda vem correndo até mim com o rabo entre as pernas. — discorri casual, sem nenhum rancor a essa altura do campeonato. O negócio era que Steve insistia silenciosamente em seguir a vida como se nada houvesse acontecido, e tudo bem por mim, contudo não conseguia mais tolerar sua pose de bom moço. Nesse quesito, comigo ele tinha credibilidade zero. — Era pra isso que você queria continuar "livre"? — fiz aspas no ar, não conseguindo conter o divertimento sórdido na voz.
Fui me sentar na beirada da cama e ele continuou em pé, pousando as mãos na cintura enquanto meneava a cabeça. Curiosamente, Rogers não aparentava estar na defensiva, apesar da sua pose característica de aflição durante situações de estresse. Parecia incomodado, sim, porque no fundo talvez entendesse que eu não o atacava, apenas pensava alto, e era obviamente mais difícil aceitar minha indiferença do que minha discordância. E pensei até que ele me rebateria de alguma maneira, pois sabia que Steve ainda acreditava que tinha sua razão. Xoxa, capenga, manca, anêmica, frágil e inconsistente, mas ainda assim; sua razão. Logo, me preparei pra qualquer provocação vinda da sua parte, todavia minhas expectativas foram frustradas no segundo seguinte.
— Aquela moto lá embaixo é do Bucky. — infere ele, e não é uma pergunta, o que me faz sentir um ardor no rosto como se houvesse levado um tapa. Desvio o olhar rapidamente e Rogers percebe minha evasão, abrindo um sorriso de canto que me enoja: — Por essa eu não esperava.
— Não que seja da sua conta, vovô — dei ênfase no apelido, querendo ofendê-lo como uma criança despeitada. — Mas sim, a moto é dele e nesse exato momento ele tá trancado no banheiro, provavelmente ouvindo essa conversa atrás da porta.
— Fico feliz que vocês se acertaram... — olhou ao redor, analisando a jaqueta de couro no chão. — Melhor do que eu imaginava, até.
— É. Tanto faz. — chutei a peça de roupa pra longe, tentando esconder meu encabulamento. — O que você veio fazer aqui mesmo?
— Sam me pediu pra te dar algumas coordenadas que vão ajudar na missão. Só vim trazer isso. — esticou o braço e me entregou um pen drive preto. — Tudo bem?
— Sim, sim. Valeu. — forcei um sorriso que sumiu no mesmo instante, me levantando. Caminhei até o lavabo e bati três vezes contra o vidro. — Bucky, pode sair do cativeiro. Rogers já tá de saída. — a cena da porta se abrindo vagarosamente quase me fez gargalhar, a figura acanhada de Barnes surgindo momentos depois. Trocamos um olhar cúmplice e ele deu um aceno curto de cabeça para Steve, que nos observava com certo entretenimento.
— Oi, Steve. — Barnes passa direto pelo amigo, catando o resto de suas roupas no chão desajeitadamente. Ele vestia somente uma calça escura e estava descalço, suas madeixas castanhas uma verdadeira zona. Fiquei admirando o rapaz por algum tempo enquanto calçava seus coturnos, ainda sem conseguir encarar o loiro propriamente.
— Bucky. — foi tudo que Rogers respondeu, com outro mínimo aceno de cabeça. Revirei os olhos com aquele comportamento engessado de soldados, me jogando na cama ao lado de James. Steve mudou o peso de um pé para o outro e limpou a garganta, apontando pro elevador atrás de si. — Eu acho que já vou indo. Até mais.
— Vai pela sombra, picolé — dei um tchauzinho pra ele e assisti às portas do elevador se fecharem. Inclinei-me para pôr o tal pen drive no criado-mudo e estudei o teto rapidamente antes de voltar a me sentar no colchão, encontrando a mirada cautelosa de Bucky já a minha espera. Ele tinha as sobrancelhas arqueadas em questionamento e eu franzi o cenho. — O quê?
— Então não sou seu único picolé? — ele indaga sério, e finalmente solto a gargalhada que segurei esse tempo todo.
Bucky tentou permanecer bicudo, porém logo foi vencido pelas próprias risadas. Estava limpando algumas lágrimas no canto dos olhos quando fui recebido por seus lábios me envolvendo em um beijo lento, sua língua pincelando cada centímetro da minha boca. Suas mãos acariciam meu peitoral e o carinho é agradável, me fazendo querer ronronar feito um gato. Ele encerra o contato, mas continua me abraçando. Ficamos nos olhando em silêncio e sorrindo como idiotas e me dou conta de algo naquele exato instante que faz meu corpo inteiro se arrepiar.
A química é inegável, a sensação gostosa, a quentura do toque. Quase entrei em pânico e tive uma crise de ansiedade, sentia meu mental por um fio, no entanto o azul suave que banhava as írises de James era como uma pintura que me hipnotizava, me mantendo ali presente. Qualquer dor que Bucky havia me causado, inimputável que fosse, havia se esvaído conforme as mariposas faziam morada em meu interior. E podia até não ser eterno; ainda assim, a efemeridade do sentimento era reconfortante e impossível de ignorar. Ele abriu os botões da minha camisa—que era sua camisa, na verdade—lentamente e me deixei levar por suas carícias uma vez mais.
n/a:
off não consegui desfocar de stony 100% dsclp... e sim eu sei que escrevo eles como se fosse um bando de adolescentes mas n me arrependo de nada kkkkkk. estamos quase no fim! o que tao achando???
obrigada por ler,
lay.