Sabe quando, como posso dizer?
Quando você dá tudo de si? Tudo mesmo, quando você realmente se esforça, deposita todas suas energias em algo e no fim... Recebe no máximo algo como "Nossa, que legal" sem empolgação nenhuma? E então todo seu esforço parece não ter válido de nada?Peter viveu isso na pele quando seus pais ainda eram vivos.
Ele tirava as melhores notas, era sempre o primeiro da classe e nunca trazia para casa nenhuma reclamação.
Para uma criança isso era simplesmente esplêndido, desde muito novo ele aprendeu a lidar com suas frustações sem fazer birras, afinal, sempre que soltava um "a" que fosse, ouvia de seu pai que tinha que ser mais maduro e menos mimado.
Quando ia contar todo animado que tirou a melhor nota da turma e recebeu elogios até mesmo do diretor, sua mãe dizia "Que bom filho" e voltava a fazer o que quer que estivesse fazendo.
Seu pai o olhava de cima a baixo em silêncio, suspirava e então desaparecia em seu laboratório.Isso deixou uma certa mágoa em si, claro que quando teve que morar com sua tia isso mudou, qualquer mínima boa notícia era motivo para ela surtar de alegria e pedir comida italiana para comemorar.
Só que mesmo assim esse sentimento ruim não foi embora.
Ele não queria de forma alguma parecer ingrato. Mas essa sensação de não ter sido suficientemente bom para os seus pais o machucava.
Com o tempo ele deixou de contar sobre suas conquistas, sobre o extraordinário que ele realizava em cada prova, concurso, desafio e seminário que participava.
Para ele aquilo era só o mínimo, não era algo para se comemorar.
Então isso mudou de novo quando Tony apareceu em sua vida.
Desde o começo ele fazia milhares de perguntas sobre seu desempenho escolar e abria um sorriso enorme quando era informodo que Peter era o aluno mais promissor da escola.
Com tempo, elgios apareceram, tapinhas nas costas, convites sem a possibilidade de recusa para comemorar...
Mas o que mais o chocou, foi quando Tony ficou tão feliz em saber que ele venceu uma competição boba de física avançada, que o abraçou, o abraçou de verdade, na frente de todos os vingadores e falou que estava muito orgulhoso dele.
Ainda com o sorriso no rosto, ele começou a se gabar de que Peter era seu aprendiz, seu estagiário e, o mais impressionante, seu garoto.
Obviamente, depois dessa, Peter não conseguiu tirar o sorriso bobo do rosto pelo resto da semana.
Aos poucos ele percebeu que parou de ignorar suas próprias conquistas e voltou a ficar empolgado para contar sobre elas e não só a Tony, A Pepper e aos vingadores também.
E sempre que contava era elogiado e recebido com entusiasmo.Mas Tony não dava atenção apenas para suas conquistas.
Ele também se importava com suas "derrotas".
Quando Peter chegava cabisbaixo, ou então sem sua empolgação natural, o Stark já percebia que algo tinha dado errado, fosse como homem-aranha ou como Peter Parker.
Tony esperava ele tomar um banho, descansar um pouco e então ia até o quarto do garoto e o encontrava embaixo das cobertas, com as janelas fechadas e de fones nos ouvidos.
Suspirando ele sentava na beira da cama, esperava até Peter parar de fingir que não o viu e tirar os fones, então ele perguntava:
"Dia ruim?"
A resposta mais comum era:
"Uhum"
E então:
"Quer me contar?"
Sendo normalmente respondido com um:
"Não precisa se preocupar Sr. Stark, não foi nada de mais, foi só um dia cansativo."
Tudo isso dito com uma voz cansada e sem o olhar.
Tony até tentava não insistir, mas era mais forte que ele:
"Pete... Sabe que pode me contar e sabe também que eu sempre vou me preocupar com você, mas que isso não é um problema."As vezes ele conseguia uma resposta sincera, outras claramente eram mentira, mas eles sempre terminavam a noite do mesmo jeito, tomando sorvete e assistindo algum filme super nerd que o garoto gostava.
Ele achava que estava fazendo um bom trabalho, apesar de tudo.
Mas então, como ele nunca percebeu? Como pode ser tão cego? Ele foi tão egocêntrico ao ponto de achar que estava fazendo o suficiente?
Ouvindo o seu garotinho lhe contar tudo, sobre o abutre, sobre o flash, sobre os remédios... Ele teve certeza que era um péssimo mentor, um péssimo herói, um péssimo pai.
Pequenas lágrimas caíam pelo rosto de Peter, ele não o olhava nos olhos, parecia estar tão envergonhado, tão quebrado.
A visão de Tony ficou nublada. Mas ele não se permitiu chorar, Peter precisava dele, ele não podia ser fraco.
Então Peter o olhou com uma expressão cheia de culpa e dor.
E com a voz falhando ele pediu desculpas.
Tony quebrou, levantou rápido e apertou Peter em seus braços, chorando junto com o menor.
Ele sussurava:
"Oh garoto, eu sinto tanto, eu devia, devia ter sido melhor pra você, devia ter percebido, eu fui um péssimo, sou um péssimo pai pra você, eu nunca te mereci, nunca, nunca."
Para sua surpresa, Peter riu.
"Senhor Stark, o senhor não tem o direito de falar isso, sempre, sempre que eu precisei o senhor esteve lá, mesmo não gostando de demonstrar afeto, o senhor fazia, por mim, sabe o quanto isso é importante? Mesmo tendo assistido mil vezes Star Wars, o senhor ainda assite e escuta meus monólogos como se fosse a primeira vez, sabe o quanto isso é incrível? O senhor é o melhor pai que eu poderia ter."
Tony sorriu.
"Quem não merece o senhor sou eu, eu sou o problema"
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Esse capítulo não foi revisado e foi escrito sem muita criatividade, a autora promete tentar melhorar.

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Traumas
FanfictionOnde Peter tenta esconder de todos suas crises e traumas, lidando com tudo sozinho para não ser um fardo para ninguém, mas isso não irá durar por muito tempo...