O sol

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Algumas das frases - as que eu sublinhar - foram retiradas do livro 'notas do subsolo' de Fiódor Dostoiévski!

AVISO!
Pro final tem descrição de um ataque de panico.

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Rengoku estava sentado em seu futon, olhando a parede de seu quarto.

Sua mão doía.
Ah, se doía.
Mas o calor confortável em seu peito o fazia esquecer da dor.

Já iria fazer três dias desde que ele viu Tomioka pela última vez.
Três dias que aquele que ele ama o ajudou com sua mão, que cuidou dele.

Que eu disse que daria minha vida por ele.
Que ele disse que daria sua vida por mim.

Lembrar disso o enchia de um sentimento bom.
Ah, um sentimento ótimo, ele diria.

Sentia-se perdido no mar.

Mas, esse mar era acolhedor.

Esse mar o fazia sentir seguro.

Fazia ele querer se afogar, se deixar ser levado até as profundezas, descobrir cada segredo que existia naquela vastidão.

Ah, que sentimento bom.

Derrepente, escuta um barulho.

Era seu irmão berrando.

Aquele sentimento de felicidade foi tomado por um de medo e cuidado.

Se levantava.

Podia estar com uma mão quebrada, mas não significa que não possa lutar.

Via sua porta ser aberta, e Senjuro surgia.

- Ani Ue - dizia seu irmão, sempre tão formal consigo... - Tem uma mensagem para você.

Então, mostrava um corvo.

Um corvo idoso, muito idoso.

- Kaw! Kaw! Tomioka-sama - dizia ele. E os olhos de Rengoku brilhavam como chamas - Tomioka-sama mandou uma carta para Rengoku-sama! Você é Rengoku-sama?

Então o pobre bicho tinha a visão ruim?

"Que belo trabalhador ele é!" Pensava Rengoku "mesmo velho, com visão e audição ruim, ele insiste em trabalhar para Tomioka-san!"

O corvo pulava do colo do Rengoku mais novo, indo para Kyojuro.

Ou melhor, passando reto e quase dando de cara com a parede.

O pilar das chamas se jogou, agarrando o pássaro para impedir que se machucasse.

- Kaw! Mensagem! - dizia novamente, levantando a pata, ali tinha um papel enrolado.

Pegava o papel, e o abria.

Foi nesse momento que percebeu.

A letra de Tomioka é péssima.

Porém!

Também percebeu que ele nunca mandava cartas à - quase - ninguém.

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