Um vez eu perguntei a mim mesma o que eu faria se o meu pai morresse.
Eu chorei.
Chorei e implorei a deus para que isso nunca acontecesse.
Eu tinha 5 anos.
Hoje eu choro
Choro como se ele já estivesse ido
Mas ele não foi.
Ele é apenas um homem comum
Sem coisas com que eu me impressione.
Ele apenas não está aqui
Ele só não é mais o meu pai.
E eu choro
Cheguei até a implorar pelo amor que antes eu tinha sem muitas desculpas
Mas, hoje
Hoje eu vivo sem ele
Choro em um silencio amargo
Um silêncio que causa dor
Que causa culpa.
Aquela pequena que costumava voar em direção ao abraço do conforto
Hoje não tem mais aquele abraço.
Hoje ela tem abraços mais doces
Hoje ela vive em silêncio
Um silêncio que existe apenas para ele.
Aquelas brincadeiras e risadas
Não são mais direcionadas para as cócegas que eram feitas quando ela tinha 5 anos
As brincadeiras e risadas agora são direcionadas para os seus amigos
Para o seu irmão
Para a sua mãe.
Oh, querida mãe.
Ela sim é o abraço.
O abraço tão confortável
Esse abraço agora é o dela.
Agora a garotinha costuma olhar ao redor
E pensar
"Isso não me fere mais"
Ainda dói
Mas não a machuca mais
Não como antes.
Agora ela não precisa mais daquele abraço.
Agora a grande pequena tem o amor.
