— Não sei como alguém consegue se mexer assim — falei mostrando a Justin o vídeo de uma dançarina no Youtube.
— Ela é boa — ele elogiou enquanto mexia o molho do macarrão. — Quero que você prove e diga se está bom — indicou a panela.
Concordei e peguei uma colher no armário. O molho estava fervendo, então assoprei e esperei alguns instantes antes de colocar na boca. O cheiro que impregnava a casa veio junto com o sabor quando este explodiu na língua.
— Tá muito bom! — falei. — Mas eu acrescentaria um pouco mais de sal.
Ele me encarou com os olhos semicerrados e balançou a cabeça em negativa. Colocou um pouco do molho na própria mão e provou rápido. Se fosse comigo, com certeza teria queimado a língua, mas Justin era acostumado a provar os alimentos quentes mesmo.
— Está ótimo de sal, por acaso você quer virar hipertensa?
— Da próxima vez você não pergunta mais, então — resmunguei e saí de perto.
Ele desligou o fogão e veio atrás de mim. Ele segurou minha cintura e encostou os lábios na minha orelha, senti um arrepio me percorrer com o toque.
— Você tem que aprender a ouvir a verdade sem fazer birra — sussurrou.
Claro que ele estava provocando, como sempre fazia. Mas... não sei. Estava começando a ficar irritada de verdade era comigo mesma, pois estava me deixando levar por pensamentos e sensações que não eram comuns.
Não lembro há quanto tempo a gente se conheceu, acho que nem tinha cinco anos na época. A gente estudava na mesma escola e morava perto, ele tinha carrinhos legais e eu tinha uma bicicleta, naquela época isso era mais do que suficiente para andarmos juntos. Ele não era nojento como os outros meninos, não fazia competição de cuspe e nem ficava tirando meleca do nariz, isso já o deixava em uma posição acima de todos os outros.
Teve uma época que as coisas ficaram meio estranhas, amizade de menino e menina não era algo tão comum. As minhas amigas tinham outras amigas e só falavam sobre meninos se elas estivessem interessadas neles. O único garoto que eu gostava era o Justin e nem por ele senti atração. Minha primeira paixão foi uma colega de turma. Ele foi a única pessoa que tive coragem de contar, éramos adolescentes e ele disse que ela era linda. Só isso. Foi a melhor coisa que ele poderia ter feito.
Justin sempre sabe o que dizer ou se calar quando é preciso, ele consegue pacificar alguns conflitos que me fazem querer sempre tê-lo por perto. Só que hoje estou levando esse "perto" a sério demais. Isso é irritante.
Ele passou na minha frente e pegou os pratos e talheres no armário. Ajudei a colocar as coisas na mesa e, com tudo organizado, começamos a comer.
***
Jogamos Uno, mas Justin cansou de perder e fomos assistir Jogos Vorazes no quarto dele.
— Eu amo a Katniss — falei. — A mulher é simplesmente a maior!
— Quem diria que amoras podem ser revolucionárias — ele brincou.
Já era o final do filme, mas nem era onze horas ainda. Não sabia se a gente ia assistir outra coisa ou ficar de bobeira.
— E aí, o que cê quer fazer?
Ele estava deitado ao meu lado, a cama de casal forrada com lençóis pretos (onde ele comprava isso, pelo amor de deus?) e a coberta dele jogada sobre minhas pernas. A temperatura do ar não era tão fria, mas ele tinha costume e estava sem camisa enquanto eu me cobri para não congelar.
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FRIENDS
FanfictionA melhor coisa é quando você descobre que o amor é real e ele pode estar mais próximo do que você imagina. Emília é uma garota comum de cidade pequena que tenta traduzir sua experiência do mundo através de pinturas e desenhos no tempo livre. Justin...