Capítulo 7 Conversa

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Eram três da tarde e Mariah não saia do quarto a três dias, Noah estava preocupado, ela mal saia para comer. Noah conseguia ouvir as simulações de oceano dentro do quarto, e alguns soluços, não sabia o que fazer para anima-la. Ele deixava as refeições na porta e ela só saia quando tinha certeza de que Noah não estava mais lá.

- Mariah, hora do café da manhã... - Noah soltou um longo suspiro, estava triste por não poder fazer nada por ela, sem saber o que estava acontecendo - Eu não sei como te ajudar, não sei o que há contigo, mas eu quero poder ajudar... Tudo bem, não vou atrasar o seu café, estou indo. - Não houve resposta, nada, absolutamente nada além do som das ondas do mar e do vento, nenhum ruido a mais nem a menos.

                                                                                               ***

- Computador, examinar Mariah Italis.

= Ativando sensores... Examinando.- O computador demorou cerca de vinte minutos para terminar as analises e dar o diagnostico - Analise concluída=

- Diagnostico.

=Lesão no pulso detectada, nenhum nervo ou músculo foi gravemente danificado, recuperação está concluída em trita e três por cento, níveis de serotonina extremamente baixos, altos níveis de ansiedade.=

Noah ficou pensativo, o diagnostico do computador só confirmou suas suspeitas, mas como alguém pode ficar tão deprimido com uma coisa tão simples. Noah agora se perguntava se ela tinha histórico de problemas com ansiedade ou depressão.  E se ela tentasse alguma coisa? A preocupação tomou conta, e o desespero quase entrou junto, ele achou que uma comida diferente poderia levantar o ânimo. Comida caseira é ótima pra levantar o astral.

- Computador, mostrar sinais vitais de Mariah.

= Sinais vitais normais =

- Ótimo, agora procure receitas de canjiquinha e me diga a mais viável.

=Canjiquinha de frango, ingredientes disponíveis=

- Reproduzir na tela da cozinha - e lá foi Noah, preparar canjiquinha, às vezes a coisa mais simples ajuda muito. Na preparação da comida, Noah se queimou, e cortou o dedo indicador, mas conseguiu terminar. Ele provou, serviu numa tigela, colocou numa bandeja com um copo de suco e foi até o quarto de Mariah, bem, nem precisou, Mariah estava na porta, parada, olhando diretamente pra ele com aqueles olhinhos pequenos e inchados.

- Oi - Disse Noah deixando a bandeja de lado para abraça-la - você está bem? Ah, como é bom ver seu rosto, o que houve? Você não saiu do quarto por três dias!

- Eu... - Naquele momento Mariah começou a soluçar e chorar - Dês... Desculpe...Me desculpe - Dizia ela entre soluços e gemidos. Cada lagrima que caia do rosto de Mariah inundava a alma de Noah, o coração dele se partiu ao vêla chorar.

- Está tudo bem Mariah, não tem por que se desculpar, você não fez nada de errado, está tudo bem.

- Eu sumi e te deixei preocupado, eu sinto muito por isso - Disse Mariah enxugando os olhos.

- Tudo bem, se quiser podemos conversar sobre isso comendo uma boa comida caseira. Feita por mim aliás - Disse Noah orgulhoso. Mariah riu.

- E o que tem de bom?

- Canjiquinha de frango!

- Eu amo canjiquinha! O glória, 'vamo' comer tá esperando o que!? - Disse ela sentando e puxando a bandeja para perto. - Isso me lembra a minha mãe, eu vivia pedindo pra ela fazer canjiquinha pra mim, ela me dizia : " Ótima ideia! quando estiver frio eu faço" e ai quando chegava uma noite bem fria ela preparava, uma canjiquinha quentinha e gostosa com gostinho de amor de mãe...- Mariah parou por um minuto e encarou a tigela - sinto saudade dela, sinto saudade da minha irmã, dos meus cachorros... Se a gente continuar vivos o que garante que a gente volte pra casa, e se voltarmos o que garante que um de nós não vá frio.

- Mariah, não pode pensar assim, temos que ter esperança, nós somos fortes e estamos juntos a gente consegue - Mariah soltou uma risada debochada

- Esperança? Não há esperança! Você viu o que eu vi?! E Não me venha com esse papo de 'juntos somos mais fortes' por que eles são fortes sozinhos e piores ainda juntos, então não, eu não vou ser otimista nem ter esperança. - disse ela tomando uma colherada da 'sopa' logo em seguida

- Desculpe, mas eu não penso assim.

- Azar o seu , bem, eu terminei vou lavar o meu prato e ir deitar.

- Oh! Mas ainda são quatro horas! A gente pode fazer alguma coisa, que tal sai- Noah deixou de falar quando lembrou em que situação eles se encontravam - Hmm, quer ver um filme?

- Não, mas valeu.

- Mariah, você não pode ficar enfiada naquele quarto pelo resto da vida - Disse Noah em um tom mais brando.

- Não vou ficar lá pelo resto da vida, só a metade dela.

- Mariah... Ok - Noah desistiu, Mariah já estava triste e irritadiça não queria piorar a situação.

- Adeus Noah.

- Até logo Mariah.

O trem dos condenadosOnde histórias criam vida. Descubra agora