O Choro do Céu

16 2 206
                                    

Yunho sempre foi um homem com uma lista extensa de amizades, de colegas de farda que sempre atendiam suas ligações e não hesitavam em realizar os favores que pedia. Diferentemente de Wooyoung, que mal lembrava dos nomes dos membros de seu Departamento e que só cumpria favores se tivesse com o humor bom no dia.

ㅡ Seonghwa passará o primeiro dia na prisão dentro do isolamento. ㅡ disse Jeong a Wooyoung, atravessando os corredores da penitenciária. Os portões de grades feitas de ferro arrastavam-se eletricamente conforme os carcereiros liberavam a passagem. ㅡ Me prometeram uma hospitalidade agradável até o nosso retorno, amanhã.

ㅡ Só isso? ㅡ Wooyoung fez uma careta. ㅡ Você é muito mole, Hyung.

ㅡ Eu sou justo. ㅡ corrigiu, ignorando os resmungos do amigo. ㅡ Não posso permitir que quebrem nosso único suspeito ao meio. Nem mesmo você seria tão cabeçudo a ponto disso. ㅡ Seonghwa mal chegou e ele já carrega o status de ser o "mais odiado" pelos carcereiros. Nenhum dos trabalhadores da penitenciária gostavam de criminosos que deram ou dão dor de cabeça à polícia, principalmente quando eles brincam com ela na cara de pau. Normalmente, detentos desse porte eram um pouco mais maltratados nos cantos da prisão. Yunho não podia fazer muita coisa a não ser pedir que os colegas pegassem mais leve com Park. ㅡ Amanhã ele abrirá a boca, pode ter certeza.

Demorou para concordar com o alheio, mas cedeu assim que entrou no carro. Odeio quando ele tem razão. O cenho franzido desmanchou-se quando Yunho assumiu o volante. Tinham ido almoçar no carro dele antes de acontecer o imprevisto com Park Seonghwa. Sequer tocaram na comida quando a bagunça começou. Agora, com o relógio indicando ser 15:30, já não tinha mais tempo para esperar a refeição. Precisavam voltar ao Departamento e continuar com o trabalho, principalmente agora com um nome novo na ficha e uma nova informação sobre o Caso 7865.

ㅡ Park Seonghwa. ㅡ repetiu o nome por cima do ronco do motor do carro. ㅡ Gangue.

ㅡ Gangues não fazem esse tipo de terror. ㅡ Yunho batucou o volante, sempre de olho na estrada, se referindo da vítima do Caso até Park Seonghwa. ㅡ São discretos e objetivos.

Sim, ambos sabiam que tinha algo além que não foi dito pelo prisioneiro. O policial mais velho torcia para que o primeiro dia na prisão incentivasse Park Seonghwa a falar, a responder todas as perguntas. Wooyoung passaria a noite toda acordado apenas para elaborar todos os questionamentos, iria rever o Caso para buscar uma ponta solta que passou pelo seu radar. E aquele bandido insuportável teria que responder tudo, ou esqueceria sua ética policial de vez e quebraria a cara de Park usando os punhos. Yunho que se virasse nos trinta para tirá-lo de cima de Seonghwa.

ㅡ A menos que eles queiram algo.

ㅡ Mesmo assim ㅡ Yunho girou o volante com ambas mãos, virando uma rua. ㅡ É chamar muita atenção, isso pode pegar mal.

A mente por trás daquilo despertava uma curiosidade estranha em Wooyoung. Antes de matar o culpado, exigiria que suas perguntas fossem esclarecidas. Precisava compreender, principalmente com as dúvidas que rondavam sobre a influência de Jung Hyeona. Podia ter sido falta de sorte? A esposa tinha visto algo que não devia?

Será?

Suspirou. Só existia uma pessoa capaz de sanar essas dúvidas ácidas, e Wooyoung faria de tudo para achá-la.

•••

Ao buscar Sammy na escola, a professora contou que o pequeno chorou pela ausência do doce em sua lancheira. Wooyoung o segurou no colo e beijou sua bochecha gordinha, relembrando o motivo de não ter colocado um pirulito ou uma balinha como de costume. Fazia parte do castigo por ter empurrado o coleguinha.

Bad BloodOnde histórias criam vida. Descubra agora