Preso entre Dúvidas

31 2 180
                                    

Yunho usava sapatos pesados de sola grossa, dando a ele centímetros desnecessários, tendo em vista seus um metro e oitenta e cinco centímetros de altura. O homem saiu da viatura, os olhos duros e severos encararam a tenda colorida à frente. Não tinha sequer entrado e as vistas estranharam a quantidade exagerada de brilho e cor. As mangas da camisa azul escura foram dobradas na altura dos cotovelos e as calças jeans eram justas nas coxas malhadas. O cabelo escorria pelo rosto, sedosos e castanhos claros.

Ajeitou o cinto pesado em volta da cintura, o coldre com a pistola de um lado e um par de algemas no outro, vizinho ao rádio comunicador.

ㅡ Cerquem o perímetro. ㅡ ordenou aos companheiros que desceram depois, a voz grossa. Wooyoung pediu uma viatura, e Jeong Yunho trouxe duas a mais, cada uma com quatro policiais devidamente fardados e armados. ㅡ Ninguém entra ou sai até segundas ordens. Quero atenção e cuidado, senhores. Temos crianças aí dentro e alguns engraçadinhos querendo brincar de pique.

Tentava disfarçar o nervosismo com passos firmes, e conseguia. Torcia por notícias boas por parte de Wooyoung. Passados quinze minutos após a sua última ligação e não houve mais nenhuma notícia sobre o amigo de personalidade duvidosa. Conhecendo o saeng, ele tinha tomado as próprias decisões. Se fazia isso sem influência de Sammy, quem dirá quando o pequeno era envolvido.

O telefone vibrou no bolso traseiro da calça clara.

ㅡ Me dê uma boa notícia, por favor. ㅡ foi o que disse ao atender a chamada. Wooyoung na outra linha. Suspirou em alívio, fechando os olhos por cinco segundos. Sammy está bem. Graças a Deus. ㅡ Que bom. Que bom. Me conta o que rolou. ㅡ passou uns minutos em silêncio, escutando o relato do amigo. Franziu a testa. Uma tentativa estranha de sequestro, diria. Ah, aí tem coisa. E eu descobrirei o que é. Certo. Agora eu quero que vá para casa. Eu assumo daqui. ㅡ estalou a língua na contestação alheia, pondo a mão na cintura e fazendo uma careta enquanto ouvia a ladainha do mais novo. ㅡ Vai cuidar do teu filho, seu idiota. ㅡ dessa vez, os olhos rolaram. Como uma criatura daquele tamanho podia ser tão teimosa? E não falava de Jung Sammy. ㅡ Olha, vou ordenar voz de prisão a você se aparecer. Claro que eu posso fazer isso, estou no comando. Está avisado. Conversamos na segunda.

Encerrou a chamada segundos antes de um terceiro protesto. Rezava para que a presença de Sammy desse um pouco de juízo a Wooyoung, seu amigo de grande data. Guardou o telefone no lugar de antes. E encarou a tenda diante dos olhos com seriedade, balançando a cabeça e indo para a entrada dela. A mão esquerda foi para o outro bolso da calça, mantendo o distintivo conquistado com muito suor entre os dedos. Mostrou o emblema prateado da polícia de Seoul para o primeiro que tentou lhe barrar, sem olhá-lo diretamente. Era o vendedor de ingressos, um senhor magro de macacão de alças grossas e vermelhas. Notou como o senhor gelou com o brilho da identificação profissional, como se fosse alérgico a polícia, ou a policiais grandes e de cara de poucos amigos. Yunho não tinha tempo a perder. Gostaria de falar com alguém de cargo um pouco maior.

ㅡ Onde posso encontrar o dono deste lugar? ㅡ indagou, vislumbrando a apresentação a poucos metros

O senhor ficou pálido, o rosto enrugado pela idade quase encolhendo-se. O agente franziu a testa. A julgar pelos traços na fisionomia alheia, e pelo sotaque distinto e forçado, não era um sul coreano.

ㅡ O gabinete dele fica nos fundos. ㅡ respondeu. ㅡ Posso levá-lo se desejar.

Yunho ia negar, mas hesitou. Um pouco antes do palco, dois seguranças giravam em função do trabalho de vigiar e impedir desordens. Usar a mesma tática do distintivo iria obrigá-los a permitir sua passagem, só que não gostaria de chamar muita atenção. Um público alterado e/ou bandidos vendo a casa cair tornava o trabalho um pouco mais... trabalhoso.

Bad BloodOnde histórias criam vida. Descubra agora