Memories

Prólogo

Amazing grace how sweet the sound
That saved a wretch like me
I once was lost, but now I'm found
Was blind but now I see.

— Amazing grace.

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— Senhoras e senhores presentes, mas uma vez chamo a sua atenção para o verdadeiro propósito disto. Hoje estamos nos despedindo de uma jovem brilhante, sorridente. Melissa para sempre brilhará em nossos corações, e peço-vos que sempre se lembre dela assim. Sorrindo, e fazendo todos ao seu redor rir. — meu olhar está vidrado no chão, não tenho coragem de olhar o corpo dela dentro daquela caixa engomada.

Não posso aceitar isso.

Um pouco mais de 24 horas atrás eu estava no corredor principal da minha escola, segurando minha irmã, toda ensanguentada. Enquanto eu gritava desesperada por ajuda.
A escola havia sido invadida por dois garotos armados, com o único objetivo: fazer o máximo de vítimas possíveis.

E infelizmente acharam ela.

Eu estava saindo da escola, algumas horas depois dos atiradores terem tirado a própria vida. Estava sendo escoltada por policiais junto com outros estudantes. E foi aí que eu vi o corpo dela no chão, ela estava deitada de bruços, a camisa branca preferida estava toda vermelha. E tinha médicos indo em sua direção. Corri o mais rápido possível até seu corpo, já desfalecido. Implorei pra ela voltar, não queria e nem quero aceitar, ela não pode me deixar, ela prometeu que ficaria pra sempre comigo.

Enquanto eu chorava abraçada ao seu corpo, fui tirada de lá por dois homens. E no exato momento em que eles me carregavam, eu senti o cheiro do sangue dela em mim. E aquilo foi a coisa mais dolorosa da minha vida.

Pra alguém como eu que só tem uma pessoa pra se apoiar, uma pessoa que vale a pena viver, isso... Isso é o fim do mundo.

O que eu vou fazer agora? Ela se foi, eu perdi minha irmã, melhor amiga, e meu porto seguro. Não posso lidar com isso, não agora.

Do lado de fora da escola, vejo alunos abraçando seus pais, e vejo também os meus, abraçados entre si. Não me vêem chegar perto, eles estão chorando. Minha mãe grávida, de um menino, está chorando no ombro do meu pai, que faz carinho no cabelo dela.

— Olá querida. — ele diz assim que se dá conta da minha presença. — Vem cá. — diz me puxando para um abraço.

— Eca... Você está com o sangue dela. — ouço a voz de nojo da minha mãe e a ignoro.

— Ela está bem querida, não se preocupe. — ele sussurrou pra mim. — Ela está em um lugar melhor agora.

— Eu não quero ela em um lugar melhor, eu quero ela aqui, do meu lado. — gritei em meio ao desespero. — Pai, ela não pode me deixar.

— Vai ficar tudo bem meu amor. Isso não é o fim. — beijou minha cabeça e apertou l abraço, me deixei chorar tudo em seu peito. Mas até o mais profunda lágrima não poderia traduzir o desespero que minha alma sentia.

"Não é o fim"... Mas por quê dói como se fosse? Dentro de mim algo está vazio, é uma coisa terrível. Falta algo em mim, algo que só tinha nela.

Ergo o olhar para o caixão, o coral começou a cantar Amazing grace, as vozes e o piano trazem uma pontada de conforto no meio de tudo isso.

Mas isso logo some quando, homens agarram a madeira brilhante, e começam a levá-la para fora da catedral.

— Vamos querida, está na hora de dizer adeus.

Não solto uma lágrima desde que abracei meu pai ontem, mas neste momento não sinto vontade de fazer outra coisa além de chorar. Não quero dizer adeus.
Não posso dizer adeus

Seguimos pelo cemitério, a única coisa ouvida era o choro dos familiares.

Meus pais fizeram um discurso, e quando me deram a palavra eu rejeitei. O nó que se formou na minha garganta ainda não foi embora, não consigo dizer uma palavra sem desabar.

Vi descerem o caixão marrom, vi meus pais jogarem as primeiras rosas, e logo depois fiz o mesmo. Vi meu pai jogar a primeira porção de terra, e foi aí que minha ficha caiu.

Nunca mais vou ver minha irmã, nunca mais vou ouvir ela cantar, ou rir. Nunca mais vou pode-lá abraçar, ou sentir seu cheiro.

Nunca mais vou ter esse pedaço de mim de volta. 

A partir  desse dia, minha alma nunca mais esteve em paz.

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Em cerimônia fúnebres nós eua, é tradição que amazing grace seja tocada.
até o próximo capítulo! ~ Marya