Desejos Ocultos

Capítulo 2

Enquanto a sala dois era toda branca e sem graça, somente com os estofados e poltronas, a sala três era toda decorada com quadros bonitos, mesa de centro e estofados mais modernos e mais confortáveis. A vista da janela era impressionante e acabara de me chamar a atenção devido ao tempo chuvoso, havia começado a chover de novo. Em Seattle chovia o tempo todo, eram raros os dias de sol. 

Quatro pessoas foram selecionadas e estavam nesta sala, três homens e uma mulher, eu, por um momento questionei a descrição da vaga de emprego, se existia alguma cláusula que não li que a vaga era masculina. Mas no mesmo momento descartei tal hipótese, já que tínhamos bastante mulheres na sala dois. 

Os homens tinham sorrisos em seus lábios, me olhavam com superioridade como se eu estivesse ali para fazer número. Eles eram mais velhos e com certeza eram mais experientes, mas eu trabalhei muito para chegar onde cheguei e não ia me deixar intimidar por nenhum deles, nem hoje, nem nunca.

Alguns minutos mais tarde começaram a nos chamar. Estava ficando cada vez mais nervosa. Eu não sabia se a entrevista seria com o Sr. Collins pai ou com o filho. Sabia um pouco da história da Collins Engenharia e Arquitetura. Foi fundada há anos pelo Sr. John Collins, inicialmente era na garagem da casa de seus pais e depois expandiu para todo o país e não duvido que tenha também pelo exterior. Haviam filiais em quase todas as cidades de Washington. 

Todo estudante de engenharia e arquitetura sonhava em trabalhar aqui e aparentemente não só os estudantes, já que esses candidatos tinham na faixa dos trinta anos. Eu não era boa com previsão de idade. Hoje as pessoas eram cada vez mais jovens graças a todos os procedimentos estéticos disponíveis. Atualmente o filho mais velho do Sr. John, o Edward Collins era o vice-presidente e estava à frente dos negócios. Eu não havia me aprofundado nas buscas por informações a respeito dos donos. Eu queria mesmo saber o que essa empresa traria de benefícios a minha vida profissional e gostei muito sobre tudo que li a respeito.

Estava tão perdida em pensamentos que não percebi que restava somente eu na bela sala três. Por um momento fiquei pensando se iríamos para a sala quatro, abri um pequeno sorriso nos lábios sobre os meus devaneios, seria quase uma espécie de jogo, a cada fase somente os melhores iam ficando e avançando. Eu estava tão entretida pensando, que não percebi que agora estava sorrindo abertamente até que uma voz masculina falasse próximo a mim.

- Se sentindo confortável, senhorita Bianco?

Dei um pequeno grito de susto, colocando uma mão sobre a boca e a outra sobre o meu coração acelerado me virando rápido demais. Ali parado a poucos metros estava o jovem de antes. Seu olhar não era mais arrogante agora e sim divertido, claro que ele iria rir de mim. Quem em sã consciência ficaria viajando em pensamentos na sala de espera para uma grande entrevista. Pigarreando para encontrar minha voz, respondo.

- Sim. Muito. - dirijo a ele um sorriso cortês.

- Me acompanhe, senhorita Bianco, O Sr. Collins vai lhe receber agora.

Ele se virou sem esperar por uma resposta e começou a andar para fora da sala em direção a mesa da secretária. Uma grande porta preta com maçanetas douradas estava localizada ao lado esquerdo da mesa. A moça de antes estava ali perfeitamente sentada com sua postura ereta, ela era toda sofisticada. Se isso fosse um requisito para a vaga eu já estava desclassificada. 

O jovem homem se virou para a moça e anunciou meu nome. Era tudo tão formal e espantoso. Era meio esquisito também eu estava achando tudo muito cheio de frescura, era muito blá blá blá para uma empresa de engenharia. 

A jovem secretária pegou o telefone, levou até sua orelha, falou algo em tom de voz baixo, assentiu e se levantou. 

- O Sr. Collins está lhe esperando, por aqui senhorita Bianco.