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Dias atuais

Acordo com o som do alarme ao lado da minha cama. O ponteiro marcando 5 horas da manhã. Mais um dia.

Os vivos costumam odiar quando despertador toca e são obrigados a mais um dia exaustivo de trabalho.
Para mim, era um alívio.

Minhas noite de sono eram repletas de pesadelos, que me lembravam da minha culpa, minha dor e meu ódio de mim mesmo. Culpa e arrependimentos noite após noite em quase 400 anos.

Houve um momento em que evitei estes momentos. Passava as noites em claro, sem dormir por medo dos meus pesadelos. Por medo de reviver tudo novamente. Mas não era tão diferente.

Pelo menos enquanto eu dormia eu via a realidade, as memórias de tudo o que ocorreu, de todo sofrimento que causei e todo sofrimento que senti. Quando acordado, eu pensava no que poderia ter feito de diferente. Eu pensava se Ryeon já havia saído de sua injusta punição no inferno e reencarnado em uma nova vida, uma nova família, uma nova pessoa para amar...

Cheguei a ir ao depósito de livros da vida, mas a Imperatriz de Jade deu ordens expressas para que eu nunca pudesse acessar o livro de Ryeon. Eu nunca soube sobre ela. Tudo o que eu sabia, era suposições que eu criava em minhas noites solitárias no meu escritório.

Era inútil. Era torturador.

Eu não tinha para onde fugir. Então escolhi o caminho mais fácil. Ou menos difícil, na verdade. Aceitei que dormir seria a melhor opção.

E quando eu acordava, as 5 da manhã, 364 dias por ano, eu me afundava em trabalhos exaustivos que me ajudassem a esquecer.

E havia um dia. O dia da minha folga. Ceifadores tinham direito a um dia de folga no ano, o dia do aniversário de sua morte. Não era um dia para se comemorar algo. Não era um dia em que eu poderia sair por ai fazer o que eu quisesse como os vivos quando tiram dia de folga. Era o dia em que todas as dores da sua morte eram intensificadas. Era como morrer infinitas vezes no mesmo dia. Então só éramos liberados do trabalho por sermos funcionários inúteis nesse dia.

Mas hoje seria apenas mais um dia normal de muito trabalho e muitas almas para escoltar para o outro lado. O hiperfoco em meu trabalho como ceifador me tornou o melhor ceifador de Jumadeung. E como resultado disso, eu era o chefe da maior e mais complexa Equipe de Jumadeung. A Equipe de Escolta.

Levanto da minha cama e sigo paro um banho quente e longo como de costume. Minutos depois, estou vestido em meus trajes pretos característicos de um ceifador do século 21 na estação de inverno.

Ceifadores tinham mais resistência a dor, frio ou fome. Mas isso não quer dizer que não tinhamos essas sensações. Então acrescento um sobretudo e luvas pretas ao meu traje, sabendo que a temperatura iria chegar abaixo de zero no dia de hoje.

Quando pronto para mais um dia de trabalho, saio de meu apartamento no centro da movimentada Seul e vou para Jumadeung.

Meu gerente de Equipe, Lim Ryung-gu, já está lá quando chego ao departamento e me recebe com um semblante de nervosismo assim que o cumprimento.

- Senhor Park, aconteceu um pequeno problema. - ele diz inquieto.

- O que vocês fizeram de errado?

- Ontem, durante a escolta de uma alma criminosa para o inferno...

- Ele perdeu uma alma. - interrompe Soo-in, a sub-gerente, que chegou de repente.

Ela me entrega um tablet com a foto de um homem de cerca de 30 anos responsável por cometer abusos e assassinatos contra mulheres.

- Você o quê? Como perdeu a alma de um criminoso, Sr. Lim? É um risco para os vivos e os mortos!

- Eu sei, senhor. Cometi um erro. Me perdoe. Esse caso me deixou um pouco distraído. Mas estou formando um grupo para a busca.

Don't Leave Me Again - TomorrowOnde histórias criam vida. Descubra agora