Companhia na chuva - cap 3

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Era o último dia na academia de Sumeru, um dia no qual a maioria de seus estudantes saia para comemorar a graduação, seja em bares ou festas calorosas em suas próprias casas. Mas por algum motivo, não era um dia de comemoração para os meninos. Ambos estavam em frente a casa do de cabelos verdes, irritados com suas vozes alteradas, a briga parecia feia apesar de possivelmente ser apenas um mal entendido bobo entre adolescentes. Em algum momento, o baixinho de cabelos brancos gritou por uma última vez, e teve sua resposta do outro, que estava com suas orelhas baixas e olhos em lágrimas, o que fez o menor ter uma reação espantosa e lentamente se afastar de costas até que virou e saiu correndo, deixando o maior sozinho. O dia estava estranhamente ensolarado...

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Finalmente Collei, Tighnari e Cyno chegaram a vila e foram até a casa da senhora entregar as mercadorias que haviam comprado no porto, quando terminaram, Collei foi até sua casa para descansar, afinal o dia já estava começando a terminar. Tighnari convidou Cyno para tomar café em sua casa, que aceitou de muito bom grado.

- Por favor não repare na bagunça que está, não tive muito tempo de arrumar desde hoje cedo - Disse Tigh enquanto organizada os papéis que estavam encima da mesa - Pode se sentar.

- Não se preocupe, minha casa é bem mais bagunçada quando Cadance não vai lá para arrumar, geralmente não tenho tempo também - ele se senta e quando observa a raposa ir de um lado para o outro - não precisa de tanta hospitalidade, não sou uma visita ilustre.

- De modo algum, pode não te incomodar, mas a mim incomoda heh - Ele finalmente começa a preparar um jarro de café para eles - Enfim, não tivemos tanto tempo de conversar no porto, está sem trabalho ultimamente, uh?

- Na realidade sim, a maioria das missões que eu geralmente fazia, o novo viajante passou a fazer, mesmo que tenha recém chegado ao deserto. Fico feliz de não resolver tudo sozinho mas ainda sim é entediante ficar muito tempo sem fazer nada - Cyno apoia seu rosto eu sua mão, que está apoiada na mesa - Então como estou com praticamente uma semana livre, resolvi repor o estoque lá em casa.

- Entendo, heh, o viajante tem pegado algumas das missões dos florestais também, mas veja pelo lado bom, um pouco de folga merecida, não? - diz enquanto começa a coar a água no café -

- Acredito que sim, e você? Como tem estado, realmente? Você não falou nada no porto sobre sua semana - Cyno da um sorrisinho de leve -

- Não acontece nada de interessante no meu dia a dia então acreditei que não teria um porquê de compartilhar - quando terminou de preparar o café, foi até a mesa e serviu eles - café pronto, espero que esteja bom.

- Agradeço - enquanto tomava a caneca em mãos, observava Tighnari se sentando - Olha, seu dia pode não ter "Nari", mas pode comentar até sobre sua "Collei"-ta de cogumelos. Entendeu? Nari? De Nada? De Tighnari?

- Cyno por favor, não comece com os trocadilhos com nomes - ele põe as mãos na testa

- Heh não se preocupe, irei parar. Mas só irei parar se começar a me contar sobre sua vida desde a última vez que nos vimos.

- Por que quer tanto saber sobre minha vida? É realmente uma rotina monótona - Tighnari ri baixinho - Mas tudo bem, posso te contar...

Quando Tighnari começou a relatar sobre sua rotina dos últimos dias desde a última vez que viu o viu, Cyno novamente apoiou seu rosto em sua mão e passou a olhar admirado para Tighnari enquanto ouvia atentamente cada palavra que saia de sua boca. Era quase que relaxante observar Tighnari comentar sobre as coisas com tanta felicidade, conter sobre como ajudou um cogumelo flexível anemo que estava em apuros de alguns gatos da cidade, ou contando sobre como registrou coisas novas sobre um fungo azul que descobriu a tempos atrás. Em meio as conversas, Tighnari comentou que em algumas noites, um sonho frequente vinha o perturbar, ele dizia não saber como era o sonho mas que sempre quando acordava, seu coração estava acelerado com sua respiração ofegante e corpo suado. Cyno, em resposta, pôs sua mão sobre a de Tighnari e disse que, caso tivesse esse sonho está noite, poderia acorda-lo para ajudar. Foi então que Tighnari percebeu que ele se auto-convidou a dormir em sua casa, o que fez com que Tighnari corasse levemente e risse enquanto o agradecia pelo apoio.
Já estava tarde e começando a chover, que aos poucos foi se intensificando e se tornando uma tempestade forte. Enquanto Cyno lavava o rosto para dormir, Tighnari estava organizando o quarto para que eles fossem dormir e emprestou algumas roupas mais leves para ele.

- Agradeço pelas roupas, Tighnari. Sei que não estava nos planos, mas acho que os planos foram por "água baixo", heheh - Cyno se senta no sofá enquanto observa Tighnari arrumar uma cama improvisada no chão - Entendeu? Porque tá chovendo?

- Sim Cyno, eu entendi... As vezes, seria bom você praticar alguns trocadilhos, se não você pode acabar recebendo um prêmio de piores piadas de Teyvat

- Gostaria que você risse de pelo menos uma delas - ele fica levemente emburrado, sem esboçar reação - mas ok...

- No começo era engraçado, mas com o tempo alguns perdem a graça. Mas confio em ti que vai melhorar - Tighnari se levanta e bate as mãos - prontinho, eu fiz o melhor pra ficar confortável pra você aqui.

- Não se preocupe, posso dormir em qualquer canto no deserto então ficarei mais que feliz aqui - Cyno se senta na cama do chão e olha para Tighnari, em sua cama - Sabe, amanhã, antes que eu parta, podemos passar na cidade para comprar uma nova carta de TCG?

- Sim, podemos, então vamos dormir logo para chegar o amanhã e acabar com essa chuva toda

- Sim, então... Boa noite Tighnari - Ele se deita e se cobre com a manta -

- Boa noite Cyno - responde enquanto se enrola na coberta e fica de costas para Cyno -

Poucas horas depois, a madrugada passou a se tornar mais barulhenta pelas trovoadas intensas que estavam tendo pela chuva, que em um momento fez com que Cyno acordasse em um leve pulo e olhasse para fora. Estava completamente escuro, e se não fosse pelos raios não era possível ver o outro lado. Ao olhar para Tighnari, percebeu que ele estava encolhido e com suas orelhas agitadas, as trovoadas estavam altas demais até para Cyno, imagina para as orelhas sensíveis de Tighnari.

O rapaz então se sentou mais próximo a cama de Tighnari e começou a acariciar seus cabelos na tentativa de acalma-lo dos barulhos, o que aparentava estar funcionando. Enquanto isso, ele pôde sentir que o mesmo estava suando, por mais que o tempo esteja frio, então Cyno decidiu tentar acorda-lo o cutucando preocupado, na ideia de que talvez a raposa estivesse com febre ou pior. Tigh começou a resmungar e gemer incomodado, parecia com dor dentro de seu sonho, mas recusou-se a acordar com os gestos de Cyno. Então ele, desistindo da ideia de acordar Tighnari, decide se deitar junto a ele para, mais uma vez, tentar acalma-lo que desta vez era de seus próprios sonhos.
Aos poucos, Cyno foi se enfiando na cama de Tighnari, o fazendo deitar em seu braço e acariciar as costas com a outra mão livre, até que estivesse inteiramente na cama junto ao rapaz. Foi possível notar que Tigh estava se aconchegando nos braços de Cyno como uma verdadeira raposa, com o rosto afundado no peito de Cyno. Aquilo fez com que o menor se sentisse contente com a situação, de estar próximo assim de Tigh mesmo após tanto tempo desde a última vez. Não demorou muito para que Tighnari parasse de gemer de dores e suas orelhas parassem de tremer, e quase foi possível ouvir um "Uffa" de Cyno quando percebeu isso e finalmente se permitiu dormir tranquilo.
E assim eles ficaram, até o amanhecer do dia seguinte, até que a chuva cessasse totalmente. Era confortável para ambos, era quente e carinhoso, mesmo dormindo, eles sentiam a presenta meiga um do outro.

Continua...

Cynonari - Contos de SumeruOnde histórias criam vida. Descubra agora