Storytelling Point Of View.
No fundo, Bianca nunca se cansou dos jatinhos particulares, nem mesmo depois de três anos do mandato da mãe.
Não é sempre que ela pode viajar assim, mas, quando pode, é difícil manter a cabeça no lugar. Ela nasceu no interior montanhoso do Texas; sua mãe, filha de mãe solteira, e seu pai, filho de imigrantes mexicanos, todos muito pobres — uma viagem de luxo ainda era um luxo.
Quinze anos antes, quando sua mãe concorreu à presidência pela primeira vez, o jornal de Austin a apelidou de Cometa de Lometa. Ela havia saído de sua cidadezinha na região de Fort Hood, trabalhado noites inteiras em lanchonetes para bancar a faculdade de Direito e, antes dos trinta, estava defendendo casos de discriminação diante do Supremo Tribunal Federal. Ela era a última coisa que alguém esperaria sair do Texas em meio à Guerra do Iraque: uma democrata de cabelo profundamente preto, respostas rápidas, salto alto, um sotaque forte e uma pequena família birracial.
Por isso, ainda é surreal que Bianca esteja cruzando o Atlântico, beliscando pistaches em uma cadeira de couro de encosto alto com os pés para cima. Mariana está debruçada sobre as palavras-cruzadas do New York Times à frente dela, os cabelos castanhos caindo sobre a testa. Ao lado dela, o gigantesco agente Cassius do Serviço Secreto — apelidado de Cash — segura o próprio jornal na mão gigante, correndo para terminar as cruzadinhas primeiro. O arquivo do trabalho de Pensamento Político Romano de Bianca pisca cheio de expectativa na tela do laptop, mas ela não consegue se concentrar enquanto atravessa o Atlântico.
Lina, a agente do Serviço Secreto preferida da sua mãe, uma ex-fuzileira naval que já matou muitos homens, segundo os boatos que correm por DC, está do outro lado do corredor. Ela está tranquilamente bordando flores em um guardanapo, ao lado de uma caixa de materiais de artesanato feita de titânio e à prova de balas. Bianca já a viu perfurar o joelho de uma pessoa com uma agulha de bordado muito parecida com aquela.
Vitoria está ao lado dela, apoiada em um cotovelo com a cara enfiada na edição da People que, sabe-se lá por quê, trouxe com eles. Ela sempre escolhe os materiais de leitura mais bizarros para os voos. Na última vez, era um guia antigo de conversação em cantonês. Antes, A morte vem buscar o arcebispo.
— O que você está lendo aí agora? — Bianca pergunta.
Ela vira a revista para ela ver a matéria de duas páginas intitulada: LOUCURA DO CASAMENTO REAL! Bianca solta um grunhido. É definitivamente pior do que Willa Cather.
— Que foi? — ela diz. — Quero estar preparada para o meu primeiro casamento real.
— Você já foi pra uma festa de formatura. — Bianca diz. — É só imaginar isso, só que no inferno, mas você tem que ser muito gentil o tempo todo.
— Dá para acreditar que gastaram setenta e cinco mil dólares só no bolo?
— Que deprimente.
— E parece que a princesa Rafaella vai sozinha para o casamento e todo mundo está pirando. Diz aqui que ela estava... — ela faz um sotaque britânico cômico. — ..."segundo rumores, saindo com um herdeiro belga no mês passado, mas agora aqueles que acompanham a vida amorosa da princesa estão sem saber o que pensar".
Bianca bufa. É inacreditável como milhares de pessoas acompanham a vida amorosa incrivelmente sem graça dos irmãos da realeza. Ela até entende que as pessoas liguem para onde ela enfia a língua — pelo menos, ela tem personalidade.
— Vai ver, a população masculina da Europa finalmente se deu conta que ela é tão atraente quanto um novelo de lã encharcado? — Bianca sugere.
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vermelho, branco e el(l)a. || rabia
FanfictionO que pode acontecer quando a filha da presidenta dos Estados Unidos se apaixona pela princesa da Inglaterra? ☾ ©: trata-se de uma ADAPTAÇÃO e eu reconheço que NADA do que está escrito aqui é de minha autoria, portanto, todos os créditos e direitos...