Capítulo 10 Momento

87 23 30
                                    


A mulher caminhava agitada pelo corredor extenso de sua propriedade, sua mente estava em ebulição ao pensar no tamanho engano que cometeu ao julgar que o Baile de Máscaras do Marquês traria o brilho a família que havia julgado ter merecido, no entanto, tinha em suas mãos evidências de quão enganada estava. Cruzou a porta abruptamente.

— Não creio que você fez algo tão imprudente! — A voz da mãe reverbera por toda a estufa. — Como pode, preciosa, fazer isso com o nome da família!

A garota conteve um suspiro, não queria demonstrar a sua vulnerabilidade, desde a noite do baile sempre procurava se isolar, não tinha ânimo para socializar, muito menos ficar conversando assuntos triviais. A única pessoa que ainda se esforçava em receber era sua amiga Megan, que nunca deixava de lhe visitar. Todavia, estranhava, pois, estava atrasada, nunca tinha acontecido, porém, a jovem não havia chegado, deixando a manhã mais cinzenta. Tudo que podia fazer nesse momento era manter a calma, se inteirar do que sua progenitora estava vozeando.

— O que exatamente fiz, minha mãe. — Tentava equilibrar a emoção. Sua genitora estava descontrolada. Não obstante, Sophie tinha uma leve ideia do porque a mais velha estava tão desgostosa.

— Não brinque comigo mocinha. — Jogou o periódico de fuxicos no colo da garota. Pegou o folhetim com cautela, leu a coluna social que destacava o Baile de Máscara do Marquês Blackshadow. Era costume muito comum escreverem artigos sobre a nata londrina, não obstante, não utilizavam seus nomes. No entanto, usavam suas iniciais. Assim, a garota leu nervosamente pulando linhas se atendo só aos pontos relevantes, em que apontava um encontro picante entre o misterioso MB e uma beldade proeminente da sociedade SS. Seus dedos tremeram. Suas pernas desfaleceram, se não estivesse sentada teria caído com certeza.

Um rubor subiu por suas bochechas. Sentia que perderia os sentidos, respirou fundo forçando sua mente a focar no que sua mãe falava. Não conseguia compreender como esse assunto havia chegado nos ouvidos dos fabricantes de histórias burlescas e de mal gosto. Sentia um nó em sua garganta a lhe sufocar, nem ao menos sabia como era o rosto do homem, que no primeiro momento a fez reviver sentimentos de menina que só um rapaz foi capaz de despertar. No segundo momento lhe invadiu na sua privacidade sem qualquer aviso, isso a perturbou não beijaria outro que não fosse Benjamin Crowford. O som irritado da voz da mulher a alcançou.

— Sabe muito bem que uma senhorita de respeito não fica com um cavalheiro em uma sala privada. — A mulher se abanava. — Ainda mais com um cavalheiro que não se revelou antes da meia-noite, pois saímos antes, por causa de sua súbita indisposição. Entende minha preciosa como tudo isso foi impróprio. Pode ficar arruinada diante da 'boa' sociedade londrina. — Andava de um lado para o outro. — Só espero que o Duque não leve em conta um jornal de fontes duvidosas.

— Querida o que foi que aconteceu? — Tom entrava na sala com cautela, sua esposa estava a ponto de ter uma crise nervosa. — Qual o problema? Esperava você para o nosso café da manhã.

— O problema, meu amado esposo, é a sua filha! — Enxugou uma lágrima de nervoso. — Está no jornal na coluna de fofocas!

— Qual é o teor do artigo? — O patriarca queria avaliar todos os pormenores da situação. Talvez poderia encontrar alguma vantagem nessa adversidade. Afinal de contas, às vezes aparecerem numa coluna de fofocas sociais contribuía em alguns negócios, pois seus nomes ficavam relevantes. Todavia esse artigo era muito mais pernicioso. Deixava Sophie totalmente exposta a falatórios nocivos. Com o periódico nas mãos caminhava de um lado a outro tentando encontrar uma saída lógica para esse impasse.

— Querido, o que vamos fazer agora? — A voz da mulher estava esganiçada.

— Deixe-me pensar um pouco. — Coçava o queixo com afinco.

Além do Tempo ( Completa)Onde histórias criam vida. Descubra agora