𝖧𝖾𝗒, 𝖤𝗆𝗈 𝖡𝗈𝗒! | 𝖡𝗂𝗅𝗅 𝖪𝖺𝗎𝗅𝗂𝗍𝗓

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Mayla Schmidt

ADENTREI MINHA CASA e fui diretamente para minha suíte, estava cansada e só precisava de um banho e uma longa noite de sono.

— Mayla, o papai tá te chamando! – Escutei a voz de Eloise, minha irmã mais nova, na parte de fora do quarto.

— Você sabe o que ele quer? – Estava admirada por minha irmã estar acordada, ela tem 5 anos, não pode estar acordada em plena meia noite e meia.

— Eu não sei, mas ele parecia muito bravo! – Eu já sabia o que iria acontecer. Meu pai definitivamente odeia que eu chegue tarde em casa.

— Fala pra ele que eu vou tomar banho e depois encontro ele na cozinha.

Eloise disse que iria entregar o recado e rapidamente eu fui tomar um banho, demorei 15 minutos só pra tentar fazer ele esquecer o horário.
Qual é? Nós nos mudamos de país por causa do novo emprego dele, tenho o direito de pelo menos explorar Berlim!
Desabafos á parte, sai do banho e coloquei meu pijama da hello kitty com minhas pantufas que faziam conjunto com o pijama. Fiz um coque alto e desci as escadas rumo á cozinha.

— Novamente chegando tarde a casa. – Meu pai aparentava estar meio chateado.

— E novamente você me dando um sermão por chegar tarde em casa.

— Exijo mais respeito da sua parte, Mayla! – Ele bateu o pé no chão.

— Eu sempre te respeitei, e o que você me deu em troca? Sermões e espancamentos! Eu por acaso já disse o quão ridículo você é quando se trata de ser pai? – Peguei um copo de água e coloquei açúcar. Já estava me sentindo alterada, tenho problemas com ansiedade e raiva desde o quarto ano.

— Que mal agradecida, eu sempre fiz de tudo por você e é assim que você me trata depois de 15 anos? – Ele foi andando lentamente até mim.

— Sempre fez de tudo por mim? – Eu ri. — Ata, então me manipular, colocar a família toda contra mim, bater na mamãe na minha frente, humilhar a Eloise e ainda me trancar dentro de casa durante treze anos é fazer tudo por mim?

Percebi que ele estava se aproximando. Desisti de falar com ele e fui até meu quarto enquanto ele me seguia dizendo palavras absurdas contra mim.

— CALA A BOCA, PORRA! – Eu gritei quando me levantei depois de colocar meus All Star.

— OLHA COMO VOCÊ FALA COMIGO, SUA PUTINHA. – Ele tirou o cinto das calças e manteve na sua mão.

— É IMPRESSIONANTE COMO VOCÊ CONSEGUE SER UM FILHO DA PUTA QUE NEM CUIDAR DA FAMÍLIA CONSEGUE. – Vesti um casaco branco e fui em direção á cozinha pegar meu celular.

— Onde você pensa que vai? – Ele abaixou o tom de voz quando passou pela sua cabeça que eu iria embora, porém ele ainda ardia de ódio.

— Quando eu voltar, nem tente me chamar de "filha querida" e muito menos aumentar o tom de voz pra mim. – Fui até o corredor principal e então sai de casa.

Antes de sair pude ouvir o choro agoniante da minha irmã, ela sempre chora esteticamente quando eu e o papai brigamos o que me faz sentir culpada.

Parei pra perceber que novamente discutimos em Russo, eu sempre faço isso e ele faz o mesmo.

Mandei mensagem a Sofie explicando a situação e perguntando se eu podia ficar lá por essa noite. Por sorte, ela disse que seus pais ainda estavam acordados e disseram que queriam aproveitar para me ver novamente, conheço a Sofie faz uns 9 anos e até hoje os pais dela não me viram com muita frequência.
Pude perceber que estava com falta de ar, tremendo e que minhas mãos estavam suando muito.
Sentei na calçada e entretanto meu olhos começaram a soltar lágrimas involuntariamente.
Até que eu ouvi alguém me chamar.