Capítulo 2

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Croácia não o esperou. Sabia que França normalmente demorava, mas mesmo depois de tomar uma boa dose de café, um banho e descer até a recepção, ainda assim, avistou o loiro no outro lado da rua, bebericando com toda calma uma xícara de cappuccino. Sentava em uma das mesas do ambiente externo daquele café e com certeza demoraria mais algum tempo para terminar o croissant que o garçom acabava de lhe entregar. Ainda assistiu o momento em que ele jogou os fios dourados para trás e abriu o típico sorriso encantador. Não, ele não tinha pressa alguma.

Fez sua melhor cara de tédio diante da situação, quase revirando os olhos quando passou perto do lugar que ficava em meio ao seu trajeto até a academia. Pelo menos teria tempo para se aquecer e alongar, além de que talvez desse até tempo de fazer alguns exercícios de força.

França fazia o seu melhor para prolongar a refeição e ter tempo de pensar em como encararia o seu parceiro de treino. Desde quando um convite de treino parecia ser tão sujo assim? Ou será que o tom safado foi puramente fruto de sua imaginação? Além disso, não parava de pensar na parte em que o croata falava sobre não o machucar tanto. Está de brincadeira, será que aquele homem tem noção do tamanho dele? Geralmente era bem confiante com suas habilidades, mas agora mal conseguia encarar aqueles olhos verdes. Em uma luta tinha certeza que no mínimo sairia fodido, e sequer era da forma que ele queria.

Repreendeu-se novamente por aquele tipo de pensamento. Será que conseguia encarar ele como seu adversário e não como... seja lá o que ele desejava do Croácia agora? Suspirou frustrado, dando mais uma mordida no croissant de chocolate que pediu, não era tão bom quanto os que comia em casa, mas era o suficiente para distraí-lo.

Foi quando ouviu o leve sonar do sino da porta marcando a presença de um novo cliente. Para sua surpresa, viu Brasil e Argentina entrarem no ambiente. Não pode evitar o sorriso, se tinha uma coisa que podia distrair sua mente agora eram aqueles dois.

Estavam muito mais apresentáveis do que no momento em que foram pegos e, se não fosse observador, não teria notado as leves manchas no pescoço do argentino e os lábios do brasileiro mais avermelhados que o usual. Quem diria que de fato era tudo tesão acumulado, não é mesmo?

Mesmo que ainda não tivessem notado a sua presença, eles agiam estranho demais. Nunca viu Brasil tão calado em sua vida, os dedos que batucavam sobre a coxa denunciava seu nervosismo. Evitavam se olhar, mas as mãos tinham os dorsos encostados e, mesmo que aquilo não fosse dar as mãos, era afeto demais para quem jurava se odiar no dia anterior. O cenário todo apenas deixava França mais curioso.

— Brasil, Argentina! Bonjour, meus amigos queridos! — Chamou os dois com um sorriso iluminado e com uma cara de quem sabe de mais alguma coisa.

As mãos se afastaram imediatamente, Argentina desejava sumir naquele momento, suas bochechas queimavam. Já bastava os dois estarem em um clima estranho, encontrar França com aquele sorrisinho não significava coisa boa. Parecendo relutantes, praticamente se arrastaram e sentaram ao redor da pequena mesa redonda. Sentiam como se caminhassem até o juízo final.

França esperou que os dois fizessem seus pedidos, dividindo o olhar entre um e o outro. Estavam tão quietos que tinha certeza que ou aquela tinha sido a primeira vez deles juntos ou o flagra de Croácia realmente abalou a coragem dos dois. Brasil não parecia diferente de seu rival, na verdade mal podia encarar os países, ocupado demais analisando a fachada do hotel em que estavam hospedados.

Se divertindo com a situação, ainda esperou os pedidos chegarem e teve que se segurar para não rir com a interação atrapalhada daqueles dois, conseguiam se constranger até com mínimos toques ao ajeitar os pires e comer seus lanches.

— Então... — e lá estava ela, sua incapacidade de segurar a língua. Numa pausa dramática, limpou os lábios sujos e os umedeceu antes de encará-los. Mesmo com o sorriso carregado de malícia e uma sobrancelha levemente arqueada,  disse com a naturalidade de quem perguntava sobre o tempo. — Quem comeu quem?

Entre treinos e a tentação 🇭🇷 X 🇫🇷Onde histórias criam vida. Descubra agora