Capítulo 3

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Sabe aquela sensação de arrependimento que fica remoendo sua sanidade por dentro sempre que sua mente está desocupada? França odiava isso. Já era rotina ir para a cama e demorar para adormecer por conta de sua mente acelerada, ainda mais quando alguma coisa que o incomodou acontecia ao longo do dia. Naquela noite, ele não conseguiria dormir tão cedo, chegou até a afundar o rosto no travesseiro numa tentiva de abafar as vozes que insistiam em relembrar suas besteiras.

Repassava o treino do começo ao fim, quase como se fosse um filme, imaginando como teria sido se suas atitudes fossem diferentes. Mas o que o enlouquecia mesmo era lembrar da reação de Croácia depois de ser beijado, por que caralhos foi fingir que tudo foi milimetricamente calculado? Era óbvio que não era, mas aquele cara parecia acreditar em sua desculpa esfarrapada.

Só pode descansar depois de um bom tempo de meditação, direcionando sua atenção as batidas do coração e a respiração. Acabou adormecendo no auge da madrugada e só foi acordar perto do horário do almoço. Lá estava ele, desregulando seu sono com festas e um beijo super contestável, mas que belo cenário.

Com o sonar alto e iritante do celular, França resmungou e se escondeu debaixo das cobertas, seu corpo pedia por mais cinco minutinhos, mesmo que o sol lá fora estivesse brilhando a muito tempo. Sentia que não tinha dormido nem uma hora sequer e seu corpo estava meio dolorido da luta mal feita do treinamento de ontem. E, pior ainda, estava de mal humor. Quem era aquele que cortou suas horas tão preciosas de sono?

Ainda esperou a ligação tocar duas vezes antes de tatear o colchão em busca do aparelho, sem nem abrir os olhos direito. Finalmente deslizou o dedo e aceitou a chamada, escutando a voz francesa do outro lado da linha.

— Bonjour France, mon patron préféré! – Paris soou animada do outro lado da ligação, mas França só respondeu com um "bonjour"  ainda meio rouco do sono. — Ah, não... Não me fale que estava em outra festa ontem!

— Hum.. É, algo parecido com isso. – ele voltou a se esconder de baixo das cobertas. Por que é que sua capital tinha que ligar justo naquele dia que já prometia ser horrível?

— Tenho saudades de quando você frequentava bailes de alto nível que combinavam muito mais com a gente. Não pode ficar enchendo a cara sempre que os países resolverem comemorar alguma coisa!

— Ma Paris, você sabe que esses bailes aconteciam a décadas atrás, se não séculos.

— Ainda assim, você tem muito charme para desperdiçar nessas festas nem um pouco elegantes! Pense um pouco, caso se misture muito com a bagunça que vocês fazem juntos, nunca voltaremos a nossa época de ouro!

– Paris... – o tom foi nunca clara repreensão, mas se ela visse sua situação lastimável, mesmo sem ter ido à uma festa, não levaria o chamado a sério.

—  Ok, ok. Já que não quer ouvir a voz da razão, não vou prolongar mais esse assunto. Bem, te mandei os registros e possíveis medidas referentes as manifestações de primeiro de maio. Você precisa ler o documento e discursar na assembleia de sexta-feira. Sobre o projeto "Zéro Pollution ", ele foi aprovado e agora os estados estão solicitando verba para cobrir todas as despesas. E não se esqueça do pronunciamento que você vai fazer assim que chegar amanhã no encontro com a OCDE. Também tem o...

Ah.

Puta merda.

França parou de escutar porque não fazia nem meia hora que acordou e já recebia uma chuva de informações sobre sua vida política. Sua capital tinha esse péssimo hábito de disparar a falar sobre sua agenda, ou fofocas detalhadas sobre qualquer coisa que não dizia a seu respeito. Naquele momento ele só queria dormir. Eram em vezes como aquela que ele simplesmente desista e esperava a chuva de informações acabar para então ter um pouco de descanso.

Entre treinos e a tentação 🇭🇷 X 🇫🇷Onde histórias criam vida. Descubra agora